Mutirões de manutenção: fogo de palha ou uma ação permanente de governo?

A promessa de campanha
Na propaganda eleitoral, a promessa era uma Lages sem buracos nas ruas: “Vamos tapar os milhares de buracos…”, dizia a então candidata. Em seu primeiro programa eleitoral, Carmen Zanotto declarou: “Tínhamos orgulho da nossa cidade. Hoje, temos vergonha.”
Durante debate transmitido pela NSC, a candidata reforçou a urgência da situação: “Os problemas de Lages saltam aos olhos”; afirmou isso ao rebater críticas sobre a ausência de propostas estruturadas no seu plano de governo. Porém, em partes, Carmen estava certa: após receber Lages parecendo uma cidade cenográfica do dilúvio, uma ação emergencial de revitalização deveria ser a primeira medida adotada pela nova gestão.
Ação emergencial
Um grande chamamento à sociedade pela organização, limpeza e manutenção de ruas contagiou a cidade. Sob o comando da nossa prefeita-operária, influencers digitais, evangélicos e pessoas da comunidade aderiram ao apelo e se irmanaram num espírito comunitário.
No desespero de mostrar serviço, o emergencial/paliativo foi realizado para disfarçar a falta de planejamento. Os mutirões de limpeza concentraram-se quase que exclusivamente no centro da cidade e em ruas asfaltadas. O bairro da Penha, cujo vereador Nixon foi entusiasta da ação, foi um dos poucos que recebeu o mutirão. Também houve mutirões de limpeza em alguns colégios, mas os mais efetivos e longevos foram os da equipe de manutenção da Secretaria da Saúde, que trabalhava inclusive aos finais de semana.
A operação tapa-buraco maquiou algumas ruas, mas as chuvas recentes revelaram novos buracos e destaparam os antigos.
Nos bairros, o mato continua tomando conta das calçadas… tanto os que sobraram da gestão do Ceron quanto os que já celebraram seis meses de vida desde que a prefeita tomou posse.
Proporcionalmente… o que vimos nestes seis meses foi o menos do mesmo. O que parecia uma ação permanente de governo arrefeceu. As redes sociais da prefeitura, da prefeita e do vice eram uma verdadeira espetacularização do capim. Hoje, ninguém toca mais no assunto “mutirão de limpeza”.
Há quatro meses já não vemos a prefeitura anunciá-lo. Voltamos à normalidade institucionalizada do descaso e da omissão, e alguns indicadores pioraram no governo das expectativas.
O fato é que vassoura nova varreu muito bem por pouco mais de dois meses. Depois disso, quebrou o cabo e escarrapachou as cerdas.
A expectativa apaixonada do cidadão por aquilo que a prefeita Carmen poderia fazer por Lages está se reduzindo ao sonho de uma noite de verão. A paixão está acabando, e ainda restam mais três anos e meio de casamento.