Antigo JSC. Arquivo Histórico de Blumenau

Prioridade número 2

No começo da sua administração na Prefeitura de Blumenau, em 1989, Vilson Kleinubing intimou sua equipe a fazer um exercício imprescindível: definir os graus de prioridade para o enfrentamento dos muitos problemas que atormentavam a população.

O sofrimento que mais exigia ações urgentes era, como comentei na coluna anterior, a falta de água em grande parte da cidade. Muito das energias da Prefeitura foram, então, direcionadas para o trabalho duro que Carlos Wachholz estava realizando, com acompanhamento onipresente do Prefeito. As soluções já estavam, portanto, sendo encaminhadas.

Estava claro também que, no segundo lugar da ordem de premências, vinha a crise urbana provocada pela inexistência de um Plano Diretor e de normas específicas de ocupação do solo, compatíveis com a realidade posterior às enchentes de 1983 e 1984.

Esta era uma tarefa que me cabia tocar. E seria necessário se armar com todos os instrumentos possíveis.

O papel e a tarefa do Planejamento

Entrevista para a imprensa sobre a definição de prioridades do Planejamento. Arquivo Histórico de Blumenau

Devido à compactação da estrutura administrativa promovida pelo novo prefeito, a Secretaria de Planejamento abrangia diversas áreas, como a elaboração do projeto de orçamento, organização do sistema viário, trânsito urbano, engenharia de tráfego, fiscalização de obras e programas habitacionais.

Nossa atenção imediata precisava se concentrar, especialmente, no planejamento urbano. A aprovação de novas construções em Blumenau estava imobilizada por falta de um parâmetro legal, e lógico, para autorizar ou não que alguma obra fosse feita. Evidentemente existia uma legislação, mas, esta, era aquela pré-diluviana, anterior às enchentes de cinco e seis anos antes. Ela ainda vigorava porque não tinha sido revogada. Mas, para todos os efeitos práticos, não estava mais em vigência desde que as cheias a tornaram impraticável.

As raízes da bagunça urbana

Foto Blumenau em Cadernos. Acervo: Biblioteca Pública SC – Hemeroteca Digital Catarinense
Reprodução Youtube

Com aquelas duas impressionantes enchentes os critérios usados para orientar edificações na cidade se tornaram obsoletos. Por exemplo: na região da Alameda Rio Branco, já na época uma das mais valorizadas de Blumenau, a água do rio Itajaí tinha alcançado todo o primeiro andar das casas e dos pequenos prédios ali existentes e transformado os estacionamentos, localizados no térreo e nos subsolos, em grandes piscinas. Não poderia persistir, portanto, a vedação, até então existente, para construir mais do que dois andares.

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Era necessário produzir, com máxima urgência, um novo projeto de Plano Diretor.