Estudo inédito revela como os moradores de Florianópolis se informam e o que esperam do jornalismo local

Como os moradores de Florianópolis consomem notícias? Quais temas mais interessam à população? Que tipo de relação as pessoas têm com os veículos jornalísticos da cidade? Essas e outras perguntas são respondidas no estudo “O que conecta os públicos ao jornalismo local: hábitos, interesses, sustentabilidade, engajamento e participação em Florianópolis”, elaborado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A pesquisa está sendo lançada nesta quarta (23), e evento com entrada gratuita no Plenarinho da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O estudo foi realizado pelo Laboratório de Práticas para o Jornalismo Local a Serviço dos Públicos (LocalJor), vinculado ao grupo de pesquisa TransformaJor, com apoio da Fapesc e registro no CNPq. A pesquisa foi liderada pela pós-doutoranda Andressa Kikuti e pelos professores Jacques Mick e Samuel Pantoja Lima, do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC.
Foram entrevistadas 604 pessoas de diversas regiões de Florianópolis, em uma amostra que reflete a diversidade da população quanto à idade, gênero, raça/cor, escolaridade, renda e localização. As entrevistas foram feitas entre maio e junho de 2024, em ruas, terminais de ônibus, pontos de comércio e residências.
Retrato da cobertura local e os novos hábitos de consumo
O relatório traça um panorama das transformações no jornalismo local nas últimas décadas, marcadas pela ascensão das redes sociais, a redução da cobertura jornalística tradicional e a disseminação da desinformação.
O estudo também identifica os principais temas que fazem falta na cobertura jornalística, além de revelar que a maioria do público ainda confia nos jornalistas e valoriza conteúdos com profundidade, clareza e diversidade de pontos de vista.
Os dados revelam que as redes sociais se consolidaram como a principal porta de entrada para as notícias locais, especialmente o Instagram. Perfis populares nas redes ganham relevância por adotar uma linguagem mais direta e próxima do cotidiano, o que mostra a necessidade de formatos que conversem com os hábitos e contextos da audiência local.
Outro destaque do relatório é a resistência da população à ideia de pagar por notícias, seja por meio de assinaturas ou da criação de uma taxa pública. Apesar disso, parte dos entrevistados demonstrou abertura para discutir alternativas de financiamento com a comunidade, o que indica que ainda há espaço para o debate sobre modelos sustentáveis.
A pesquisa propõe caminhos para fortalecer o jornalismo local e incentivar a participação da população, como a criação de modelos colaborativos de produção, financiamento público ou via fundações, taxação de plataformas digitais e o uso de tecnologias como a inteligência artificial.
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