Em novembro de 2023, Pedro Cardoso, o famoso “Agostinho” da série A Grande Família, participou de uma entrevista no programa The Noite, com Danilo Gentilli. Durante a conversa, ele expressou algumas reflexões sobre as diferenças fundamentais entre a Europa e o Brasil. Disse: “A gente tá aqui e a vida no Brasil é muito difícil. Aí a gente viaja para a Europa e encontra uma vida mais fácil”. E continuou: “É porque na Europa há certas conquistas de bem-comum que já foram obtidas há muito tempo. Então, no Brasil, não adianta ter um bom carro se você tem uma estrada ruim”.

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As falas de Pedro Cardoso na entrevista trouxeram à tona um princípio ético-político que, ao longo dos anos, foi se deteriorando no Brasil: o bem-comum. Mas o que é exatamente isso? Você já ouviu falar desse conceito?

Esse conceito surgiu na Grécia Antiga, aproximadamente 2.300 anos atrás. Ele descreve a ideia de que uma sociedade democrática saudável depende de pessoas que se preocupem não apenas com as necessidades de suas próprias vidas, mas também com o bem-estar coletivo. Colocar esse princípio em prática traz inúmeros benefícios não apenas para os mais privilegiados, mas para toda a sociedade. Com isso, o bem-estar de todos os cidadãos contribui para uma sociedade mais feliz e próspera.

Longe dessa atitude, o Brasil enfrenta uma tendência preocupante que se espalhou nos últimos anos, contrária à ideia de bem-comum: o individualismo crescente. Esse comportamento leva os cidadãos a se preocuparem exclusivamente com questões particulares e a se desinteressarem pelo bem coletivo.

Uma das manifestações mais claras desse individualismo está nas práticas de sonegação de impostos. Muitos justificam a evasão alegando ineficiência política na distribuição de recursos, mas, em muitos casos, a verdadeira motivação é a ignorância ou o total desinteresse pelo bem-comum. Alguns indivíduos, já altamente privilegiados em termos econômicos, parecem não se sentir responsáveis pelo bem-estar coletivo.

No entanto, esses mesmos indivíduos se esquecem de que, embora possuam uma Ferrari, não conseguem usufruir plenamente de uma boa estrada. A omissão na contribuição de impostos acaba por refletir sua própria falta de consideração, não apenas com os outros, mas consigo mesmos.