Em 2008, a ALESC aprovou a Lei Estadual n. 14.363, na qual ficou estabelecido que é proibido o uso de telefone celular nas salas de aula das escolas públicas e privadas. Pelo texto legal, depreende-se que o celular pode ser utilizado fora dos espaços físicos onde são ministradas as aulas, durante os intervalos. Porém, é preciso que o legislador catarinense amplie a proibição, para enfrentar o flagelo escolar decorrente do uso excessivo de celulares no ambiente escolar.

A partir da publicação daquele diploma legal, os smartphones causaram profundas transformações humanas. A vida de adolescentes, que antes era marcada pelo relacionamento social real, foi transferida para as redes sociais e os jogos eletrônicos, e isso tem colapsado a saúde de pessoas dessa faixa etária. Uma parcela considerável deles sofre pelo aumento de casos de ansiedade, falta de sono, depressão, automutilação e suicídios. As evidências científicas já indicam que uma das causas é a utilização excessiva dos smartphones.

Segundo estudos recentes, o uso excessivo de celular pode provocar uma série de prejuízos aos adolescentes, principalmente a privação social. Ao preferir o ambiente virtual ao real, eles perdem os vínculos sociais, os quais são muito importantes para o desenvolvimento cognitivo-comportamental. Os relacionamentos sociais reais colaboram no desenvolvimento emocional dessa faixa etária da população.

Para apurar isso, basta visitar, nos dias atuais, uma sala de aula antes do professor adentrá-la. A maioria dos alunos ficam sentados em completo silêncio, totalmente concentrados nos smartphones. Eles não conversam. Não querem falar nem serem ouvidos. Ficam conectados no aparelho celular. Isso provoca isolamento, enfraquece a confiança e a identidade dos estudantes.

O uso excessivo do celular leva o adolescente a outro prejuízo: atenção fragmentada. As notificações de aplicativos, como Snap, TikTok e Instagram durante as aulas, os alertas de sites, a necessidade de verificar constantemente as redes sociais, tudo isso está provocando sérios danos cerebrais àquele público. Essa enorme quantidade diária de estímulos sensoriais os leva a ficar sempre preocupados com eventos no metaverso social. Esse fluxo de interrupções causa um impacto negativo em suas vidas, que é a atenção fragmentada. O resultado é o atraso na aprendizagem escolar, falta de controle de impulso, a dificuldade na tomada de decisões.

A lei estadual precisa ser aperfeiçoada para proibir o uso do celular nas escolas. Ou seja, deve ser previsto que, durante todo o período de aula, em escolas públicas e privadas, desde o ensino fundamental até o médio, os alunos devem deixar trancados os celulares e outros dispositivos pessoais que possam enviar ou receber mensagens. Esse é o caminho para a que possamos recuperar as mentes de nossos estudantes. A atenção deve ser plena nos colegas e nos professores, e não em smartphones que provocam cada vez mais isolamento social e vícios.