As pesquisas e a situação do governador – Coluna do Paulo Gouvêa
A mais recente pesquisa para governador, feita pelo IPEC (antigo Ibope), embora não tão nova mostra uma informação importante. Como é a segunda já realizada pelo mesmo instituto em SC, revelou quem está crescendo nas intenções de voto dos eleitores. É sabido que um levantamento isolado não vale muito porque mostra apenas o retrato do momento clicado, e por apenas um instituto. E a vontade manifesta da intenção de votar, como já comentei aqui, é um dado fluido, efêmero, revelador de uma situação passada. Relevante é olhar uma série feita com o mesmo método, ainda que de apenas duas pesquisas, porque a sequência é que pode projetar o futuro. Segundo 100% dos analistas desse tipo de prospecção, quem está crescendo, desde que com números expressivos, tem mais chance de vencer. A evolução das preferências do eleitor mostra uma tendência daquilo que mais provavelmente acontecerá no dia do voto. Neste quesito quem está melhor na corrida é Gean Loureiro que teve o maior avanço. Jorginho Mello e Décio Lima também mostraram algum crescimento, porém mais modesto. Esperidião Amin estacionou e Carlos Moisés caiu.
É sintomático o fato de que o atual governador não está sendo beneficiado pela circunstância de que já é o ocupante do cargo. Quase todo o candidato à reeleição, de prefeito a presidente, costuma levar grande vantagem por usufruir dos poderes da caneta e do cofre. Mas, Moisés, de acordo com as pesquisas, em vez de subir, desceu na preferência dos eleitores. E assim acontece porque tem amarrado ali no seu pé, o peso de uma forte rejeição. Vale neste caso outra lei dos marqueteiros: quem está na disputa do cargo que já exerce, e tem índices altos de rejeição, dificilmente consegue o segundo mandato. É isso que pode transformar Carlos Moisés, que largou na frente com ares de grande favorito, em um cavalo paraguaio.
A vantagem e a dificuldade de Jorginho
Outro que não consegue aproveitar um forte benefício é Jorginho. Ele usa o mesmo número de Bolsonaro que tem mais de 50% da preferência dos catarinenses. E parou nos vinte e poucos. Tem chance de ir para o segundo turno, possivelmente com Gean, mas não com a vantagem que teria obtido se dispusesse de algum brilho próprio. Desprovido de carisma, depende apenas da ligação com aquele algarismo. Provavelmente não será o bastante, e sua situação ficará ainda pior se acontecer de Lula virar presidente no primeiro turno.
Abundância de dinheiro e escassez em SC
Impressionante a quantidade de candidato a deputado e senador que afirma ter sido a pessoa que mais dinheiro trouxe de Brasília para Santa Catarina. Todo santo dia vejo um deles na TV jurando de pé junto que jamais alguém carreou tantos recursos para nosso Estado como ele. Este é um fato intrigante: como é possível que tanta gente possa ser o único a beneficiar mais o nosso Estado? E há também os que garantem que foi seu amigo presidente ou ex-presidente, companheirão de partido ou de crenças, quem mais ajudou Santa Catarina. Segundo esses candidatos e/ou apoiadores, ele próprio e/ou seu ídolo, praticamente resolveram todas as encrencas catarinenses. Pois é, o mais impressionante nessa prosa é que com o aporte de tão vasto numerário ainda tenhamos tantos problemas a resolver. Com tamanha quantidade de pecúnia que esse pessoal afirma ter transportado para cá, tudo que estava errado aqui já deveria ter sido consertado. E com grande sobra de recursos. É um mistério.
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