O desafio da esquerda em SC; disputa acirrada no PL de Joinville; julgamento das pedaladas fica para fevereiro – e outros destaques
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A esquerda catarinense passa por um dos momentos mais desafiadores de sua história, pressionada pela falta de um maior entendimento interno e pela necessidade de redefinir sua estratégia para as eleições do próximo ano. Esse cenário aponta para setores mais ideológicos que rechaçam qualquer aproximação com nomes oriundos do centro ou da centro-direita, ao mesmo tempo em que cresce, entre algumas das principais lideranças de esquerda no estado, a avaliação de que, sem ampliar alianças e calibrar o discurso, o campo progressista seguirá isolado em um estado que se coloca como majoritariamente conservador e com forte rejeição ao PT.
Vale destacar que o desafio é duplo. Lideranças entendem que é preciso consolidar um palanque estadual e fortalecer o federal em defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outro ponto que merece destaque é a necessidade de diálogo com o eleitorado de centro, que rejeita candidaturas mais identificadas com a direita, a exemplo do governador Jorginho Mello (PL) e do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), ambos pré-candidatos ao Governo do Estado, mas que igualmente demonstram resistência em votar em um candidato petista à Agronômica.
Nesse contexto, ganhou força nos bastidores a construção de um projeto mais amplo de centro-esquerda, que teria como possível candidato ao governo o ex-senador Paulo Bauer, historicamente ligado ao PSDB. A articulação, porém, tem provocado reações internas, especialmente em setores do PT, do PSOL e do próprio PSB, que veem no passado tucano de Bauer — incluindo seu posicionamento durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff — um obstáculo político e simbólico difícil de superar.
As tensões vieram à tona nos últimos dias com manifestações públicas e rupturas partidárias. Lideranças históricas do PSB no estado, como Homero Gomes e Gelson Albuquerque, anunciaram a saída do partido, alegando divergências ideológicas e discordância com os rumos adotados pela direção estadual, comandada por Nikolas Bottós. Gomes afirmou que o partido passou por um processo de intervenção nas eleições municipais e criticou a aproximação com o centro político. Albuquerque, por sua vez, disse estar decepcionado com o projeto.
O debate, no entanto, vai além de nomes e siglas. Para essas lideranças dissidentes, a dificuldade da esquerda não está apenas no número da legenda ou na rejeição ao PT, mas no programa que vem sendo apresentado à população. Segundo eles, essa percepção já havia sido identificada na eleição passada, quando o PSB apresentou como alternativa o nome de Dário Berger ao Governo do Estado.
Apesar das resistências, lideranças que hoje conduzem os principais partidos de esquerda em Santa Catarina defendem a construção de uma frente mais ampla. Nomes como Fabiano da Luz, Pedro Uczai e Décio Lima, no PT, e Afrânio Boppré, no PSOL, avaliam que é possível viabilizar um projeto de centro-esquerda com o PSB, tendo Paulo Bauer como cabeça de chapa, enquanto os demais partidos ocupariam espaços estratégicos, como a disputa ao Senado, onde o nome de Décio Lima é tratado como prioridade.
Ao justificar a estratégia, essas lideranças recorrem a um exemplo nacional: o do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ex-tucano histórico que hoje é um dos principais pilares do governo Lula. O argumento é de que a origem partidária não impede a construção de um projeto comum. “O Alckmin também era do PSDB e hoje é um vice leal e fundamental para o governo. O mesmo pode acontecer com o Paulo Bauer e a esquerda catarinense”, resume um interlocutor do grupo.
Complexidade
No fundo, o que está em jogo para a esquerda é uma escolha política complexa: manter um discurso ideológico mais fechado, que preserva a coerência interna, mas amplia o risco de isolamento eleitoral, ou apostar em uma construção mais pragmática, com uma roupagem de centro-esquerda capaz de dialogar com um eleitorado que busca uma alternativa à direita, sem se identificar plenamente com a esquerda tradicional. Pelos movimentos observados até agora, cresce a percepção de que, para buscar ser um pouco mais competitiva em Santa Catarina, a esquerda terá de superar antigas divergências e aceitar concessões — sob pena de seguir, por mais algumas eleições, assistindo a disputas pelo governo entre nomes da direita.
Pedaladas

A pedido do conselheiro relator do caso das Pedaladas de Arrecadação do Governo do Estado, conselheiro Adircélio de Moraes, a continuidade do julgamento no Tribunal de Contas do Estado ficou para o dia 11 de fevereiro. Segundo informações, a solicitação de novo adiamento se deu pelo fato de a equipe técnica do TCE seguir estudando as alegações da Secretaria de Estado da Fazenda e da Procuradoria-Geral do Estado sobre possíveis impactos na arrecadação. Os servidores analisam se procede a preocupação. “Em janeiro, a equipe continuará trabalhando para apresentar um parecer seguro sobre as consequências do julgamento”, relatou uma fonte.
Disputa em Joinville
Lideranças do PL estão preocupadas com uma possível disputa fratricida que deve ocorrer no partido em Joinville. Acontece que há pelo menos três pré-candidatos a deputado federal: Zé Trovão, que vai tentar a reeleição; a vice-governadora Marilisa Boehm; e o deputado estadual Sargento Lima. A preocupação entre os liberais de Joinville é com a possibilidade de dois nomes do partido ficarem pelo caminho.
Caos na saúde
Desde setembro, a Secretaria Estadual de Saúde investiga “supostas ilegalidades” no cumprimento de carga horária por parte de servidores lotados na Central de Regulação Médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em Blumenau. Ainda não é possível afirmar uma relação direta com os casos, mas, como revelou com exclusividade o SCemPauta, o TCE apontou falhas graves nos serviços de regulação das UTIs, o que tem aumentado a chance de mortes de pacientes. O atraso no atendimento de urgência é igualmente perigoso e deveria ser apurado com profundidade, assim como fez a Corte de Contas, e não apenas por meio de uma sindicância interna da pasta.
Aprovação
Acreditar que o governo Jorginho Mello (PL) tem uma aprovação de 70% ou mais é desconsiderar a matemática. Onde está cerca de 20% da população catarinense que se identifica como centro-esquerda e esquerda? E o percentual de pessoas de centro e de direita que são críticas ao governo, onde está? O Centro Administrativo erra na estratégia ao tentar convencer a população de que números artificiais são reais. Afinal, basta saber fazer conta para entender que esses números não se confirmam.
Análise ao vivo
Assista ao SCemPauta no Ar, de segunda à sexta, às 10h. Os assuntos da coluna em destaque no programa apresentado pela jornalista Adriane Werlang, com os meus comentários. Bastidores, análises e denúncias no SCemPauta no Ar, que você acompanha aqui no site ou em nossos perfis oficiais no Instagram, YouTube, Facebook e X.
Secretário se manifesta

O secretário de Estado da Defesa Civil, Mário Hildebrandt, afirmou à coluna que a suspensão da licitação para a construção da Barragem de Botuverá, determinada pelo Tribunal de Contas, está relacionada ao uso de um modelo licitatório inédito em obras desse porte no Estado. Segundo ele, trata-se de uma contratação integrada, na qual a empresa vencedora assume integralmente os riscos do projeto, sem possibilidade de aditivos, o que justificaria a adoção da chamada taxa de risco. Hildebrandt explicou que, diferentemente de processos anteriores, a empresa contratada será responsável por atualizar o projeto executivo e executar a obra da Barragem de Botuverá dentro de um valor-teto previamente estabelecido. “A responsabilidade por eventuais falhas no planejamento recai sobre a empresa”, destacou.
Tranquilidade
O secretário de Estado da Defesa Civil, Mário Hildebrandt, afirmou ainda que a equipe técnica da Defesa Civil está tranquila quanto à possibilidade de detalhar a memória de cálculo da taxa questionada, que chegou ao percentual máximo de 15%, e garantiu que eventuais ajustes solicitados pelo Tribunal serão feitos “com total responsabilidade”. Ao comentar os apontamentos do TCE sobre divergências nos custos de administração local e alterações nos percentuais de BDI e lucro, Hildebrandt atribuiu os valores à complexidade logística da obra. De acordo com ele, não é possível comparar a atual licitação com processos anteriores, pois houve uma atualização orçamentária completa, realizada com apoio técnico de especialistas da universidade federal.
Área isolada

O secretário de Estado da Defesa Civil, Mário Hildebrandt, ressaltou que a Barragem de Botuverá será construída em uma área isolada e de difícil acesso, o que eleva significativamente os custos operacionais. “Não estamos falando de uma obra urbana ou de rodovia. É uma intervenção em local remoto, com dificuldades para transporte de insumos como areia, brita e cimento”, explicou. Hildebrandt lembrou ainda que Santa Catarina não executa uma barragem com finalidade de proteção e defesa civil desde 1992, o que aumenta o grau de complexidade técnica do empreendimento.
Esgotamento do Mercosul

O presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, avalia que decisões recentes tomadas de forma isolada por países do Mercosul evidenciam o esgotamento do modelo atual do bloco. Para ele, o ingresso do Uruguai na Parceria Transpacífica e o acordo comercial firmado entre Argentina e Estados Unidos, fora da lógica conjunta, mostram que a estrutura engessada já não acompanha a realidade do comércio internacional. Seleme cita como exemplo o caso argentino, que incluiu cerca de 350 produtos em um programa de isenção tarifária com os EUA, sem estender o benefício aos demais parceiros. Na avaliação do dirigente industrial, são movimentos que, na prática, fragilizam a Tarifa Externa Comum e expõem a necessidade de atualização do Mercosul.
Modernização
Na análise do presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, a discussão não passa pelo enfraquecimento do Mercosul, mas por sua modernização. Ele lembra que o bloco segue sendo estratégico para o Brasil e para Santa Catarina, que exportou US$ 1,4 bilhão aos países do Mercosul em 2024, com destaque para alimentos, máquinas e produtos industriais. Segundo Seleme, o entrave está no modelo decisório por consenso, que dificulta avanços e trava acordos relevantes, como o tratado com a União Europeia, negociado há mais de 20 anos. Para o dirigente, permitir maior flexibilidade, inclusive com acordos bilaterais entre países-membros, é fundamental para destravar oportunidades e manter a competitividade diante de um comércio global cada vez mais dinâmico.
Ampliação de hospital
O governador Jorginho Mello (PL) assina hoje, às 17h30, um protocolo de intenções que prevê a aquisição de um imóvel para a ampliação da Maternidade Darcy de Vargas e do Hospital Municipal São José, em Joinville. O objetivo do governo é ampliar a capacidade de atendimento das duas unidades.
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