O relato de Alexandre Garcia sobre o debate Collor x Lula em 1989.
Acesse o nosso Canal no WhatsApp!
Criamos um canal oficial no WhatsApp — e você já pode fazer parte!

Mais agilidade, mais bastidores, mais DENÚNCIAS direto no seu celular.
Sem grupos, sem conversas, só informação exclusiva, com a credibilidade do SCemPauta.
Acesse e siga agora:
https://whatsapp.com/channel/0029Vb6oYQTEgGfKVzALc53t
E NÃO ESQUEÇA DE ATIVAR O SININHO PARA RECEBER TUDO EM TEMPO REAL!

Três dias antes da eleição presidencial disputada, em segundo turno, por Fernando Collor e Lula da Silva, aconteceu o histórico debate pela televisão entre os dois candidatos. O embate foi transmitido dos estúdios da TV Bandeirantes pelas quatro maiores emissoras da época, em cadeia: Globo, SBT e Manchete e a anfitriã.
No dia seguinte, o mediador do evento, o então comentarista político da Globo, Alexandre Garcia, referiu-se, no Jornal Nacional, à gigantesca audiência alcançada pela transmissão, como equivalente a de “uma Copa do Mundo com o Brasil na final”.
O mesmo Alexandre, amigo e conterrâneo, prestou, recentemente, ao autor desta coluna, um depoimento de viva voz, sobre fatos curiosos que aconteceram durante o debate, e sobre a polêmica cobertura do evento pelo Jornal Nacional.
Lula de mangas muito compridas, e muito aperreado pelas revelações a respeito de suas aventuras amorosas.


Alexandre contou que Lula tinha chegado aos estúdios da Bandeirantes sem paletó. Esse era o traje previsto para a apresentação, mas ele estava chegando direto de eventos de sua campanha e não teve oportunidade de pegar um casaco. Foi salvo por um empréstimo de alguém que estava no local, mas a peça era muito grande para ele. “Sobravam mangas”, conta Alexandre, “Lula parecia o Dunga dos 7 anões”.
Outro fato lembrado agora pelo mediador do debate, teve efeitos decisivos no mau desempenho do candidato do PT: a expectativa de que Collor exibisse, durante uma de suas falas, documentos constrangedores sobre o relacionamento que Lula mantinha com a enfermeira Miriam Cordeiro.
Uma das versões que corriam nos bastidores da transmissão é que Collor possuía as notas fiscais de um eletrodoméstico conhecido na época como “3 em 1 Telefunken” com que Lula tinha presenteado a namorada. Outra história sussurrava que Collor abordaria a entrevista que a moça, já em brigas com o amado, tinha dado ao programa eleitoral do PRN (partido de Collor) na TV, narrando que estava grávida. E a reação chocante de Lula ante essa revelação.
A esposa na plateia.

De qualquer forma pairava a ameaça, anunciada publicamente por Collor, de que “bateria duro” no adversário.
Para piorar ainda mais os temores do candidato, “Dona Marisa, sua esposa, estava na primeira fila do debate e Collor batia sobre alguns papéis na mesa. Era proibido apresentar documentos, mas ele batia e sussurrava “3 em 1”, coisa assim. Lula estava morrendo de medo de dona Marisa ficar sabendo do assunto e aí se atrapalhou todo”. Ele estava totalmente desconcertado e desconcentrado.
Lula e sua “inseparável” Constituição.
“Lá pelas tantas do debate”, prosseguiu Alexandre Garcia, “Lula mostrou uma Constituição de bolso, que era a minha” (dele, Alexandre!) e o petista falava “esse livrinho que me acompanha 24 horas por dia”, exibindo a Constituição que ele viu no bolso do paletó de Alexandre e pediu emprestado.
Maracujá, o predecessor das jabuticabas.

Por fim Lula estava tão atrapalhado que, na sua última e decisiva oportunidade de falar no debate, afirmou que Collor “havia sido um caçador de marajás e tinha se transformado em um caçador de maracujás”. Desceu sobre a cena um silêncio constrangido.
Todo mundo pensou que Lula, na sua derradeira intervenção, daria algum golpe poderoso em Collor. No entanto, pelo contrário, seu fecho foi pífio.
Próxima coluna.
Alexandre Garcia descreve como foi o puxão de orelhas de Roberto Marinho na equipe de jornalismo da Globo e a consequente, e lendária, edição do debate no Jornal Nacional.



