Um emaranhado de orientações e decisões produziu a lógica do bom jornalismo.
Acesse o nosso Canal no WhatsApp!
Criamos um canal oficial no WhatsApp — e você já pode fazer parte!

Mais agilidade, mais bastidores, mais DENÚNCIAS direto no seu celular.
Sem grupos, sem conversas, só informação exclusiva, com a credibilidade do SCemPauta.
Acesse e siga agora:
https://whatsapp.com/channel/0029Vb6oYQTEgGfKVzALc53t
E NÃO ESQUEÇA DE ATIVAR O SININHO PARA RECEBER TUDO EM TEMPO REAL!

Rememorando. O Jornal Nacional do dia seguinte ao histórico debate entre Collor e Lula, no final do segundo turno da eleição presidencial de 1989, exibiu um resumo do confronto. Como o compacto mostrava que o desempenho de Collor tinha sido bem superior ao de Lula, e faltavam apenas dois dias para a eleição, entrou em erupção uma grande polêmica: teria a Globo favorecido a eleição de Collor? Dentro da emissora não havia consenso quanto a essa crucial questão. E o resultado dessa prosódia é que a banda desafinou. Ocorreu, internamente, uma desavença de alto nível.
A briga instalada no cerne da emissora da família Marinho ocorreu, justo entre os dois principais chefes do Departamento de Jornalismo da TV: Armando Nogueira, o número 1, e Alberico Souza Cruz, o número 2.
Duas histórias bem desafinadas.


Quando o caso virou polêmica interna e externa, Armando despejou a culpa, por aquilo que ele julgava ter sido uma cobertura errada e tendenciosa, no colo de quem estava um patamar abaixo.
Alberico, porém, de pronto, rebateu a acusação.
Ele afirmou que, naquele dia, imediatamente posterior ao debate, havia recebido recado de Roberto e João Roberto Marinho dizendo que a cobertura do Jornal Hoje (que vai ao ar no início da tarde) mostrou um equilíbrio que não existiu no debate, favorecendo, portanto, Lula, que tinha se saído bem pior que Collor. O recado orientava Alberico a fazer, no Jornal Nacional, daquela noite, algo absolutamente fiel aos fatos, sem nada que insinuasse alguma preferência por este ou aquele.
Diz Alberico que, naquele momento, por estar assoberbado com outras responsabilidades jornalísticas, em São Paulo e não no Rio onde o Jornal Nacional era produzido, não fez nada a respeito do assunto e confiou no taco do Editor de Política Ronald de Carvalho, a quem passou a bola quadrada. E seguiu, em companhia de Alexandre Garcia, para o Rio, onde chegou em horário no qual tudo que dizia ao JN era fato consumado. Nada mais poderia ser feito ou alterado.
Afinando o toque da banda.

Ronald, lá no Rio, sentou-se na ilha de edição, substituindo o técnico que normalmente faz esse trabalho. Ele tinha receio de que, caso a encrenca se agravasse, o rapaz acabasse pagando o pato. Então, botou a mão na massa, produziu um novo compacto do debate e assumiu integralmente a responsabilidade pelo feito, defendendo a ideia de que aquela era a real descrição do que havia acontecido no debate.
E Collor, de fato, foi o vencedor. Do debate e da eleição.



Próxima coluna.
Uma testemunha ocular dos fatos: o depoimento (atual) do jornalista Alexandre Garcia.



