Acesse o nosso Canal no WhatsApp!

Criamos um canal oficial no WhatsApp — e você já pode fazer parte!

Mais agilidade, mais bastidores, mais DENÚNCIAS direto no seu celular.

Sem grupos, sem conversas, só informação exclusiva, com a credibilidade do SCemPauta.

Acesse e siga agora:

https://whatsapp.com/channel/0029Vb6oYQTEgGfKVzALc53t

E NÃO ESQUEÇA DE ATIVAR O SININHO PARA RECEBER TUDO EM TEMPO REAL!

Novas definições de palavras precisam ser trazidas à mesa para compreender a complexidade da realidade em que vivemos atualmente. Uma delas é a palavra “posverdade”, que ganhou protagonismo no dicionário britânico da Oxford no início deste século, traduzida do inglês post-truth. O termo faz referência a uma época concreta da história em que a opinião das pessoas se constrói a partir do consumo de determinados conteúdos — difundidos nas redes sociais e em outros canais digitais — que incidem diretamente sobre suas emoções. Essa circunstância torna os indivíduos muito mais fáceis de serem convencidos e manipulados.

A posverdade, nesse sentido, designa a condição em que as opiniões se fundamentam muito mais na emoção do que na razão ou na verdade factual. O critério não é a veracidade, mas o impacto emocional que uma mensagem provoca ao ponto de influenciar decisões pessoais ou políticas. Assim, a racionalidade e a autonomia são enfraquecidas, e os indivíduos acabam sendo conduzidos a pensar de forma dirigida.

Um exemplo emblemático foi a pandemia da COVID-19, em 2020. Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) notificou sobre o colapso dos sistemas hospitalares (um dado fático e inegável, sustentado por estatísticas e evidências científicas) e quando, posteriormente, aprovou vacinas de forma emergencial para conter os efeitos de um vírus ainda pouco conhecido, difundiram-se massivamente informações sem qualquer respaldo científico. Entre elas, rumores de que as vacinas da Rússia e da China conteriam microchips. Este é um retrato da era da posverdade: a circulação de conteúdos sensacionalistas e conspiratórios que deturpam a opinião pública e apenas contribuem para gerar caos.

Esse episódio mostra que a posverdade não é apenas uma questão de desinformação, mas um fenômeno que fragiliza a confiança coletiva. Quando a ciência e as instituições perdem credibilidade diante de rumores digitais, abre-se espaço para a polarização social, o crescimento do populismo e a manipulação política. A consequência é um cenário em que cada grupo vive confinado em sua própria bolha de “verdade”, o que dificulta o diálogo democrático.

No Brasil, esse fenômeno ganhou ainda mais força pela influência de setores religiosos. Muitos líderes espirituais, com amplo alcance nas redes sociais e nos púlpitos, reforçaram desinformações sobre a pandemia e as vacinas. Para boa parte da população, a palavra de um pastor ou padre de confiança teve mais peso que as recomendações da ciência, mostrando como a fé pode ser mobilizada no terreno da posverdade.

O desafio, portanto, não está apenas em combater as notícias falsas, mas em recuperar a importância da razão, do pensamento crítico e do diálogo baseado em fatos. Em tempos de posverdade, é necessário reaprender a perguntar, duvidar e buscar a realidade para além das narrativas que mais nos emocionam.