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Apesar da propaganda do governo Jorginho Mello (PL), que anuncia ter feito 1 milhão de cirurgias em dois anos, os dados oficiais mostram que a realidade é bem diferente. Segundo o Relatório Técnico sobre as Contas Prestadas pelo Governo do Estado relativas ao exercício de 2024, elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado, o total efetivo foi de 284,8 mil procedimentos no período. A informação foi trazida a público pelo deputado estadual Fabiano da Luz (PT), líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa.

Para que o número de 1 milhão fosse real, seria necessário que Santa Catarina tivesse realizado, em média, 1,4 mil cirurgias por dia — inclusive aos finais de semana. Na prática, a média foi de 390 cirurgias diárias, segundo o TCE. “Este é só mais um episódio que mostra a falta de transparência do Estado. Gasta-se com propaganda para divulgar um número sem qualquer explicação e que não condiz com os dados do Tribunal de Contas. Isso é falta de responsabilidade”, criticou Fabiano.

De acordo com o relatório, a Secretaria de Estado da Saúde justificou a discrepância citando uma defasagem entre a aprovação do procedimento no Sistema Nacional de Regulação (SISREG) e a contabilização no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS). As unidades hospitalares têm até três meses para apresentar a conta, o que poderia gerar divergências.

Além disso, a SES, por meio da assessoria, afirmou que o número divulgado é público e pode ser acessado no Datasus. No entanto, não apresentou a tabela utilizada como base para chegar ao número de “1 milhão” exibido nas peças publicitárias.

A coluna consultou o Datasus e confirmou que o Estado superou a marca de 1 milhão de cirurgias, mas a maioria corresponde a procedimentos de urgência, como os realizados em casos de acidentes — que os hospitais são obrigados a atender. Ou seja, a propaganda incluiu também as cirurgias de emergência, e não apenas as eletivas feitas com investimento direto do governo, mas utiliza esses números como forma de prestação de contas, já que “zerar as filas de cirurgia eletiva” foi um dos principais motes de campanha de Jorginho Mello.

“Seria uma forma de encantar a população criando a falsa impressão de que os números alcançados são mérito do governo e que a promessa de campanha está sendo cumprida”, relatou uma fonte ligada ao setor da saúde, que falou sob condição de anonimato.

Gastos e fila de espera

O TCE detalhou que, entre 2020 e 2024, o programa de cirurgias eletivas consumiu mais de R$ 564 milhões em recursos públicos, com forte aumento nos dois últimos anos, na gestão de Jorginho. Mesmo assim, o número de procedimentos aprovados no SISREG no período foi de 485.756 cirurgias — menos da metade do que o governo afirma ter realizado desde 2023. Outro ponto de atenção é a fila de espera. Em 2024, havia 84.762 pacientes aguardando cirurgia eletiva em Santa Catarina, com tempo médio de espera variando de 175 a 628 dias, conforme a macrorregião. Se fosse considerado o número de 1 milhão de procedimentos e o valor gasto nos últimos quatro anos, cada cirurgia teria custado pouco mais de R$ 560, algo irreal diante dos valores históricos registrados pelo próprio Estado.

Governo responde

Questionada, a Secretaria de Estado da Saúde informou que “os números divulgados são públicos e estão disponíveis no site do Ministério da Saúde (DATASUS), nas divulgações do Governo Federal sobre execução de cirurgias, onde Santa Catarina vem sendo destaque desde 2023”. Na manifestação, a secretaria afirma que o ano de 2024 marcou o maior investimento da história e que a prioridade na área da saúde continuará com a recuperação das estruturas dos hospitais, com a Tabela Catarinense de Procedimentos, o Programa de Valorização dos Hospitais e outras estratégias em execução desde 2023. “Também destacamos que o secretário de Estado da Saúde presta contas na ALESC em audiência pública a cada quatro meses e, este mês, estará disponível para esclarecer estes números ou qualquer outro”, informou a assessoria.

SCemPauta no AR

Análises, bastidores e denúncias você acompanha no SCemPauta no Ar. De segunda a sexta-feira, a partir das 10h, o programa é apresentado pela jornalista Adriane Werlang, com os meus comentários. Assista aqui no site ou nos perfis do SCemPauta no YouTube, Instagram, X e Facebook.

Impraticável?

O Governo do Estado realizou ontem um pregão eletrônico para serviço de pintura de todas as escolas da rede estadual. Chamou a atenção que um dos lotes, dentre outros tantos que tiveram descontos agressivos, em Araranguá, chegou a 60% do edital. Na Grande Florianópolis, o desconto da proposta vencedora teria chegado a 55%. Uma fonte levantou a preocupação sobre a qualidade de serviços realizados quando se tem um desconto muito grande. Considerando uma carga tributária de cerca de 20% que é praticada no ramo, sobra 20% do valor do edital para as empresas pagarem a sua mão de obra, material e ainda terem lucro. Estamos apurando as informações e mais detalhes serão divulgados pela coluna nos próximos dias. O valor total orçado de todos os lotes deste pregão ficou em cerca de R$ 500 milhões.

Quer ser vice

A executiva estadual do PSD se reuniu ontem à noite em Florianópolis. Dissidente no partido, o prefeito da capital, Topázio Neto, compareceu ao encontro. Isolado, apenas observou os assuntos da pauta. Nos bastidores, Topázio estaria dizendo que, para ser vice do governador Jorginho Mello (PL), aceita se filiar ao Republicanos. As falas são vistas como um sinal de que o prefeito entendeu que não tem força no PSD. A questão é: se Topázio for o vice na chapa de Jorginho, como ficará o MDB, já que na chapa ao Senado não terá espaço?

Detalhe

A relação entre o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, e o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, não é das melhores, com direito a troca de farpas. Porém, ontem não teve nenhuma situação de constrangimento, o que foi considerado um comportamento de alto nível de ambos. Segundo as fontes, Rodrigues estava mais focado em discutir o seu projeto ao Governo do Estado e avaliar o impacto do apoio do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Reação no Sul

Fontes do Sul do estado informam que a pré-candidatura do delegado-geral Ulisses Gabriel a deputado estadual está gerando reclamações do deputado Jessé Lopes (PL) e da deputada federal Júlia Zanatta (PL). Os parlamentares entendem que uma eventual candidatura de Ulisses irá congestionar Criciúma de nomes do PL. Lopes vai disputar a reeleição a estadual, enquanto Júlia, que tentará se reeleger a federal, já lançou o seu esposo, Guilherme Colombo, para disputar o pleito à Assembleia Legislativa. O assunto “Ulisses” já teria chegado aos ouvidos do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e o governador Jorginho Mello (PL) poderá ter problema caso dê a bênção para uma candidatura do delegado pelo seu partido.

Alternativa

O que fontes relatam é que o deputado estadual Jessé Lopes (PL) teria algumas ressalvas em relação ao delegado-geral Ulisses Gabriel. Já a deputada federal Júlia Zanatta (PL) teria se sentido enganada por Ulisses, que, ao pedir o apoio de lideranças liberais para assumir o cargo de delegado-geral, teria afirmado que não tinha nenhuma pretensão política. Resta saber se o governador Jorginho Mello (PL) vai bater de frente com os dois parlamentares e bancar uma candidatura de Ulisses, ou se encaminhará o delegado para o Republicanos, partido que se tornou um apêndice do PL.

Campanha antecipada

Entre alguns deputados estaduais do PL, até mesmo fora da região de Criciúma, há um mal-estar em relação à atuação do delegado-geral Ulisses Gabriel nas redes sociais. A ideia é que Ulisses estaria exagerando no que chamam de autopromoção e que não há como negar que está sendo feita uma “campanha antecipada”. Além disso, Ulisses também estaria enfrentando um desgaste com os policiais civis que se encontram no Gaeco. Membros do Ministério Público bancaram a permanência dos policiais, contrariando a vontade do delegado, que tentou tirá-los após a ação do MP contra a lei que daria alguns benefícios previdenciários à categoria. Antes, o governador Jorginho Mello (PL) já havia desautorizado a retirada dos policiais.

Entrega em Blumenau

O governador Jorginho Mello (PL) fará às 14h30, a entrega oficial do complexo do Sesi à Prefeitura de Blumenau. A cerimônia integra a programação dos 175 anos do município e acontecerá no Centro Esportivo Bernardo Werner (SESI). Após o ato, Jorginho participará das festividades e prestigiará a partida amistosa entre Amigos do BEC e Amigos do Metrô, também em homenagem ao aniversário da cidade.

Pré-candidato

O empresário de Navegantes, Joãozinho Matos, foi anunciado como pré-candidato do MDB a deputado estadual. O anúncio partiu do presidente estadual da sigla, Carlos Chiodini, durante um encontro realizado no município, que reuniu mais de 700 pessoas, entre prefeitos, vereadores e lideranças regionais. Matos ganhou projeção ao assumir o diretório municipal e, em 40 dias, filiou mais de 500 pessoas, incluindo lideranças locais e nomes históricos do partido, como o ex-prefeito Deba Cabral e o ex-deputado João Matos. Empresário do setor educacional, sua principal bandeira política é a defesa da educação pública de qualidade, com foco em tecnologia e valorização dos professores.

Reação contra Botelho

Fábio Botelho, chefe de gabinete do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), virou alvo desde que foi anunciada a sua pré-candidatura a deputado estadual. Botelho, que disputará o pleito pelo Podemos, tem sido constantemente acusado de fazer uso da estrutura do município para campanha antecipada. Ontem, o vereador Afrânio Boppré (PSOL) falou do uso da Federação dos Municípios, presidida por Topázio, em favor do chefe de gabinete, e, na votação na Câmara de um pedido de autorização para empréstimo ao município, a vereadora Manu Vieira (PL) pediu a exoneração do chefe de gabinete. “É o mínimo que a gente pode fazer com essa cidade, para respeitar. Se é para ser competitivo, se quiser uma candidatura, por favor, saia da máquina pública e pare de usar recursos públicos para fazer campanha”, afirmou a liberal.

Visibilidade

A tentativa do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), de dar visibilidade ao seu chefe de gabinete, Fábio Botelho, tem desagradado lideranças da capital e também alguns prefeitos de outros municípios. Acontece que a palestra que Botelho fará hoje, em Balneário Camboriú, no Comac, tem recebido críticas nos bastidores por estar sendo vista como uso da entidade para promoção. Até servidores de Florianópolis teriam sido liberados para acompanhá-lo. A fala da vereadora Manu Vieira foi uma primeira grande manifestação pública, pois, internamente, no PL, uma candidatura de Botelho não é bem-vista.

Segurança

O presidente do Conselho de Segurança Municipal (CONSEM), de Chapecó, o advogado Márcio Bueno, ministrou ontem à noite uma palestra na ACIC, com foco na segurança pública e no combate ao crime organizado. Durante a apresentação, foram destacados os dados do 1º Anuário da Segurança Pública de Chapecó, elaborado pelo promotor Simão Baran Júnior, que apontam o município entre as cidades mais seguras do Brasil na faixa de 250 a 300 mil habitantes. Com população estimada em 276 mil habitantes pelo IBGE, Chapecó se consolidou como referência regional em saúde e educação, e mantém baixos índices de criminalidade em áreas residenciais. Bueno ressaltou que a integração das forças de segurança no município, trabalho capitaneado por ele, tem sido fundamental para os resultados alcançados.