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Algumas frases ditas por aí chegam a ressoar muitas vezes com um tom de banalidade. “Bandido bom é bandido morto”, por exemplo. Tenho a convicção de que aqueles que o afirmam chegam a fazê-lo com veracidade, com o desejo de que se cumpra a profecia que sai de suas bocas. Até se pode compreender o senso de justiça daqueles que o afirmam, pois ninguém gosta de violência. Ninguém gosta de ser roubado ou até mesmo morto.
Depois de ouvi-la, voltei à seguinte pergunta filosófica: o ser humano é bom ou mau por natureza? Bandido é mau por natureza? E nós? Somos puramente bons?
A tradição bíblica oferece uma primeira resposta. Na passagem do Gênesis, o ser humano é criado “à imagem e semelhança de Deus” e, portanto, bom em sua origem. Mas é com Adão e Eva que surge a queda: a desobediência rompe a relação com o Criador e inaugura a condição humana marcada pelo pecado. Nesse sentido, a Bíblia afirma que a nossa espécie é uma criatura ambígua: está marcada pelo divino, mas inclinada ao mal.
Mais adiante, a filosofia moderna retomou essa questão. Thomas Hobbes, em meio às guerras civis na Inglaterra, interpretou o ser humano como o “lobo do próprio homem”, isto é, naturalmente egoísta e violento. Para ele, sem leis nem governo, viveríamos em uma guerra de todos contra todos. Rousseau, ao contrário, acreditava que todos somos bons por natureza: é a sociedade injusta que nos corrompe, criando desigualdade e rivalidade.
Essas diferentes visões nos ajudam a entender que frases como “bandido bom é bandido morto” são simplificações perigosas. Elas partem da ideia de que há pessoas essencialmente boas e outras essencialmente más, como se a criminalidade fosse apenas uma questão de escolha individual. Mas tanto a tradição bíblica quanto a filosófica mostram que a condição humana é mais complexa: estamos marcados por circunstâncias sociais que moldam as nossas decisões.
Se acreditamos que existem homens maus por natureza, talvez o perigo maior seja esquecer que todos carregamos em nós a possibilidade do mal, inclusive quando desejamos a morte do outro em nome da justiça.
