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Um cidadão esteve na Câmara de Vereadores de Joinville há algumas semanas e protestou na ouvidoria sobre as identificações que encontrou em duas garrafas térmicas colocadas à disposição. (…) “encontrei uma situação me fez refletir sobre letramento antirracista”. O que incomodou o cidadão foi a identificação do café: uma garrafa tem a identificação preto amargo e a outra preto doce. Ao levar as duas garrafas ao plenário, o presidente Diego Machado explicou que o doce era café com açúcar e a outra com café sem açúcar. “Isso me deixou incomodado”, disse ele. Já o vereador Cleiton Profeta (PL) ironizou a situação, também em plenário, ao lembrar que pensou tratar-se de uma “piada”. Não foi.

Mudança

Diego Machado considerou a manifestação como vitimismo e lembrou que tem três assessores negros que também são seus amigos. Contudo, na última sexta-feira, os rótulos foram mudados e a palavra preto foi excluída, ficando apenas “doce e amargo”.

No futebol

Há duas semanas, no Estádio Ernesto Schlemm Sobrinho, de propriedade do Caxias FC, um torcedor na arquibancada chamou um jogador do time mandante de “macaco”. Por coincidência, o árbitro também é afro-joinvilense e interrompeu a partida e solicitou à diretoria do Caxias chamar a Polícia Militar. Uma viatura com dois policiais chegou 15 minutos depois, a partida foi reiniciada e o torcedor não foi detido.

Racismo e a raiz europeia

Joinville já presenciou vários casos de racismo, incluindo integrantes da imprensa. Nos anos 60, o jovem Aires Zacarias da Rosa filho preencheu uma ficha para vendedor de uma loja de tintas, sem perguntar a cor da pele do candidato. Ao ser chamado para a entrevista, o proprietário de origem germânica perguntou se ele sabia falar alemão. A resposta obviamente foi “não”. A justificativa para não o contratar foi de que o futuro funcionário deveria falar o idioma de Mozart porque o estabelecimento tinha muitos clientes que não sabiam falar o português. Até hoje ele acredita que não conseguiu o emprego por ser negro.

Foto: Reprodução/Academia Joinvilense de Letras

Aurino Soares

A convivência entre descendentes de imigrantes europeus de cabelos e olhos claros sempre e os afro-joinvilenses sempre foi  – historicamente – considerada pacífica. Dois exemplos de profissionais negros que venceram em Joinville na imprensa. Aurino Soares, nascido em Palmas (PR) , chegou a Joinville em 1921 aos 26 anos. Em 24 de fevereiro de 1923 fundou o semanário A Notícia, que em 2023 completou 100 anos. Sempre com ternos impecáveis, Aurino era o principal vendedor de publicidade para uma maioria de clientes “alemães”. E o jornal prosperou até ser vendido ao Grupo Editorial de Florianópolis ligado ao PSD.

Foto/ Arquivo da família

Ildo Campelo

Natural de Recife e com indefectível sotaque nordestino que o acompanhou até sua morte em 2001, Ildo Campelo chegou a Joinville no em 1960 dizendo ser primo do então famoso goleiro Manga. Ele conseguiu fazer um “teste” no Caxias FC e teria desistido da carreira após levar uma bolada de Norberto Hope. Acabou trabalhando como repórter na Rádio Cultura e mais tarde seu diretor-artístico (coordenador) e apresentador da emissora de maior audiência antes do advento das FMs. Nos anos 70, foi a voz mais influente do rádio joinvilense. Venceu na comunicação sendo negro e com acentuado sotaque e nordestino. Convivi com Campelo na Câmara de Vereadores de Joinville de 1979 a 2001 e nunca ouvi ele reclamar de racismo.

Foto/ Divulgação

Lyra e Kênia Clube

A Sociedade Harmonia Lyra não tinha nenhuma restrição sobre sócios afrodescendentes, mas esta comunidade não frequentava o local. O mesmo em relação do Kênia Clube, uma sociedade fundada por negros na Zona Sul e cujo estatuto não obrigava seus sócios serem negros, mas nos anos 60 e 70 era difícil encontrar um branco em seus bailes (hoje a situação mudou).

Legado

Ildo Campelo foi jornalista e poeta. Um de seus textos afirmou: em Joinville só há preconceito contra aqueles que são vadios, não respeitam as leis e chamam os nossos alemães de “nazistas”.

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