Foto: Divulgação/ Moção de repúdio na Câmara de Vereadores

Não foi unânime, mas o espetáculo mereceu críticas por parte do segmento mais conservador de Joinville –  não apenas aqueles que estavam presentes no último domingo (27) no Centreventos Cau Hansen. Acompanho à distância o Festival de Dança desde seu nascimento na Sociedade Harmonia Lyra em 1983 e não me recordo – provavelmente esteja certo – de ter testemunhado críticas tão contundentes em toda sua história. Sem entrar no mérito, é claro, pois dança nunca foi meu forte. Cultura para mim é livro, história, museu e música.

Moção de repúdio

Horas antes da apresentação, durante entrevista para um programa da emissora de maior audiência (89 FM) em Joinville, o presidente do Instituto Festival de Dança Ely Diniz já tinha alertado: “certas pessoas têm receio da dança contemporânea”. Menos de 24 horas mais tarde, a polêmica Noite de Gala repercutiu negativamente na Câmara de Vereadores na sessão de segunda-feira: 13 vereadores presentes aprovaram por unanimidade uma moção de repúdio ao espetáculo. O autor Brandel Júnior (PL) defendeu que recurso público não poderia estar relacionado com “manifestações que possam ferir os valores familiares e espirituais”. Também no plenário, Pastor Ascendino (PSD) chamou a apresentação de “show das trevas”.

Foto: Divulgação/Líder do Governo

Réquiem

O termo originário do Latim é um tipo de missa especial celebrada pelas Igrejas Cristãs em homenagem aos mortos. Só o título “Réquiem SP” já seria motivo de curiosidade. O receio antecipado por Ely Diniz se confirmou: o líder do governo na Assembleia Legislativa foi um dos mais críticos: “Destoou completamente dos valores de nossa cidade, com cruzes invertidas, estética sombria, e ausência total de música, tudo diante de famílias e crianças”, escreveu o deputado Maurício Peixer (PL) em sua rede social. “Joinville é uma cidade cristã, de família, de valores”, acrescentou.

Verba pública

Um dos quatro patrocinadores do festival é a Fundação Catarinense de Cultura, órgão do governo que ele lidera no Legislativo estadual. Os três patrocinadores restantes são da iniciativa privada (ArcelorMittal, O Boticário e Grupo Koch).

Reação

O leitor Carlos Almeida escreveu à coluna: “muita gente saiu no meio, como minha esposa e minha filha”. Já a professora aposentada Catarina Gonçalves, de Vacaria, escreveu que assistiu uma “apresentação digna de um teatro amador em uma universidade federal”. Também pelo WhatsApp, a estudante Norma Lima da Silva elogiou o espetáculo e o classificou como “inovador”.

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