Bastidores da segurança: vaquinha para papel higiênico e insatisfação na polícia; TCE quer solução para o preço da passagem de ônibus; possíveis irregularidades em Jaraguá – e outros destaques
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Santa Catarina costuma aparecer há anos nos rankings como um dos estados mais seguros do país. Mas quem vive os bastidores da segurança pública sabe que, por trás das estatísticas positivas, existe uma realidade dura — que a população não vê e que o Governo do Estado prefere não mostrar.
A segurança catarinense, em muitas regiões, funciona no improviso. Falta efetivo, falta estrutura e sobra boa vontade de quem está na linha de frente. Delegacias sem delegado presencial à noite, investigações de furtos que nem começam, viaturas mantidas por doações e até vaquinhas entre policiais para comprar itens básicos.
Em muitas cidades do interior, por exemplo, após as 18h — ou em finais de semana e feriados — não há delegado de plantão. Se acontece um flagrante, a equipe precisa ligar para o delegado e esperar que ele se desloque até a delegacia. “O crime acontece, a vítima registra boletim de ocorrência e… nada mais”, relata uma fonte, que completa: “Investigar, nesses casos, virou exceção. Na maioria das vezes, o inquérito nem é aberto. E, quando é, raramente vai adiante. Não há transparência sobre o número de casos solucionados, nem sobre a quantidade de investigações efetivas”, relata. Em suma, sem gente e sem recursos, não há investigação que avance.
Na Polícia Civil, a gestão do delegado-geral Ulisses Gabriel é marcada por forte presença nas redes sociais e discursos com propaganda do governo Jorginho Mello (PL). Mas, na prática, as ações de gestão, embora haja também relatos de alguns avanços para a categoria, são alvo de críticas de grande parte das fontes ouvidas. A principal queixa é a postura de Ulisses, que tem atuado fortemente como pré-candidato a deputado estadual. Um exemplo são as redes sociais, que são alvo de críticas constantes por causa de um posicionamento agressivo com quem ousa criticar o governo e sua gestão, passando até pela criação de um slogan, a exemplo de “aqui o bambu ronca”, mostrando uma exposição política que vai além da atividade de delegado-geral.
Ontem, Ulisses chegou a ser alvo de uma reprimenda pública da Associação dos Delegados da Polícia Civil do Maranhão, após ter respondido a uma postagem nas redes sociais, mandando um crítico ir para o estado do Nordeste. “Não é minimamente razoável que uma autoridade de seu porte se preste a esse tipo de bate-boca nas redes sociais, sobretudo ofendendo, mesmo que de forma velada, outros estados da federação”, diz o texto, completando: “Lembrando que não cabe às instituições de Estado — nem aos seus dirigentes — trazerem para o debate público questões ideológicas, sejam de esquerda ou de direita. O papel das polícias civis é servir à sociedade com imparcialidade, responsabilidade e compromisso com a legalidade.”
Problemas na caserna
Na Polícia Militar, a troca recente no comando também foi sintomática. Saiu o coronel Aurélio Pelozato, entrou o coronel Emerson Fernandes. E, segundo fontes da própria corporação, a mudança veio para tentar corrigir distorções que fizeram a PM regredir dez anos. Entre os exemplos citados por policiais está a burocratização exagerada da rotina da tropa. Sob o comando de Pelozato, a obrigatoriedade do coque para policiais femininas voltou a ser imposta, anulando uma medida anterior que liberava tranças ou rabo de cavalo — uma questão simples, mas que impacta o dia a dia de quem está nas ruas. Emerson Fernandes revogou essa exigência, e o governador Jorginho Mello (PL) tentou transformar a reversão de um erro em ação de governo. Outro episódio curioso: Pelozato determinou a retirada dos armamentos apontados para cima nas embarcações da PM, contrariando protocolos de segurança reconhecidos mundialmente. A medida também foi revertida por Emerson.
Falta o básico


Boa parte dos equipamentos usados atualmente pelas forças de segurança — viaturas, armamentos — não foi adquirida pelo Governo do Estado. Vieram de emendas parlamentares, doações de empresários ou repasses do Governo Federal, Judiciário e Ministério Público. Em algumas regiões, até a manutenção das viaturas depende da boa vontade de terceiros. Os policiais temem ser alvos de tiros devido ao fato de vários coletes à prova de balas estarem vencidos.
A escassez chega ao ponto de batalhões da PM ficarem dois meses sem papel higiênico. Policiais relatam que é comum fazer vaquinha entre os colegas para comprar itens básicos de higiene, limpeza — e até café. Em muitas unidades, o café que mantém o plantão acordado também sai do bolso da tropa. A insatisfação aumenta quando os policiais lembram que, no Centro Administrativo, a Casa Militar dispõe de máquina de café expresso.
O desconforto cresce ainda mais quando o assunto é valorização profissional. O último reajuste salarial concedido pelo governo desagradou a categoria. Para muitos, ficou a sensação de que falta respeito — não só nos números, mas no dia a dia de quem trabalha na rua.
Delegados sobrecarregados
Nos finais de semana e feriados, a conta não fecha. Há apenas um delegado cobrindo toda a região de Florianópolis, e outro na Grande Florianópolis. Se o plantonista está em Palhoça e um flagrante acontece em Antônio Carlos, ele precisa ir até São José para formalizar o procedimento — e, com isso, várias cidades ficam sem atendimento por horas. Em Governador Celso Ramos, por exemplo, o aumento no tráfico de drogas e até registros de homicídios mostram que a ausência do Estado tem custo. Sem policiamento contínuo e com efetivo exausto, a resposta das forças de segurança chega tarde — quando chega.
Propaganda em alta
Nos últimos meses, o Governo do Estado tem promovido encontros entre os comandantes da PM e dos Bombeiros com suas tropas, passando por cidades como Florianópolis e Blumenau. A iniciativa, que poderia ser uma boa prática de escuta, acabou virando palco de exaltação. “A cada dez palavras, nove exaltam o nome do governador”, relatou um policial. A informação também foi confirmada por membros dos Bombeiros.
Territórios dominados
Em algumas áreas da Grande Florianópolis, como a comunidade Frei Damião, em Palhoça, a situação é ainda mais delicada. A criminalidade é tão presente que uma viatura sozinha não entra. O mesmo ocorre em morros da Capital. Nessas regiões, a entrada só acontece com reforço de tropas especializadas, como PPT, Choque ou Bope. Sem presença efetiva do Estado, o crime organizado avança. Falta de planejamento, de presença e de investimento. E quem paga a conta é a população que vive nesses locais.
Comparação
Entre os profissionais da área, há um consenso: nem Carlos Moisés da Silva, nem Jorginho Mello entregaram um sistema funcional de segurança. Mas, comparando diretamente, Moisés é lembrado por ter feito mais entregas — especialmente de viaturas e armamentos. “Parte do que a gestão atual exibe foi herdado da anterior. O restante veio por meio de parcerias e emendas. Ou seja: entregou, mas pouco comprou”, afirma um policial. Enquanto o marketing institucional avança, o que se vê nas ruas é uma realidade marcada pelo sucateamento e pela dedicação extrema dos profissionais da segurança. Santa Catarina continua entre os estados mais seguros do Brasil — não por mérito do governo, mas graças ao esforço de quem veste farda e arrisca a vida todos os dias, mesmo sem o apoio que deveria ter. A coluna procurou a Secretaria de Estado da Segurança Pública, que ficou de se manifestar.

Tarifaço

O presidente da Fiesc, Mário de Aguiar, participou ontem, em Brasília, da reunião da Confederação Nacional da Indústria. Ele me disse que o sentimento do setor é de pessimismo, devido à confirmação de que as tarifas de 50% passarão a vigorar a partir da próxima sexta-feira (01). O entendimento dos empresários é que o Brasil não deve retaliar os Estados Unidos e que a diplomacia deve imperar neste momento de crise. A Fiesc poderá participar, nos próximos dias ou semanas, de uma missão para falar com os setores afetados. “É importante que o governo trabalhe. Nós somos o elo fraco dessa relação. Os EUA são muito mais importantes para nós do que nós para eles”, afirmou, destacando que as manifestações devem ser feitas sem o que chamou de “bravatas”.
Acordos setoriais
Possíveis acordos setoriais são a esperança das indústrias para evitar um prejuízo maior para as empresas brasileiras por conta do tarifaço anunciado pelo presidente americano, Donald Trump. O presidente da Fiesc, Mário de Aguiar, entende que bloco de motores e cabeçotes, por exemplo, farão falta para o mercado americano, pois não conseguirão, a curto prazo, fornecedores para substituir o produto brasileiro. Ele entende que, dessa forma, é possível fazer alguns acordos. Porém, Aguiar se mostra preocupado com a situação dos setores moveleiro e madeireiro. “Algumas empresas já deram férias coletivas, mas, certamente, vindo a tarifa, alguns desses setores vão demitir”, alertou.
Componente político
Quanto às questões políticas envolvendo o tarifaço, o presidente da Fiesc, Mário de Aguiar, faz duras críticas ao Governo Federal. Para ele, a ideia do presidente Lula (PT), de uma moeda para o Brics teria impulsionado a reação do governo americano contra o Brasil. Aguiar também lembrou do posicionamento de Lula na eleição americana a favor de Kamala Harris. Críticas também foram feitas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), que, na opinião de Aguiar, não tem autorização para negociar nada em nome do Brasil. “Ele não tem poder e nem toda essa força que dizem ter”, afirmou. “Jamais poderia uma pessoa, sem discutir internamente, fazer valer o seu pensamento pessoal lá. Isso é tão sério, pois afeta o país inteiro. Ele não pode se julgar o representante do país. Não pode e não tem essa prerrogativa”, afirmou o presidente da Fiesc.
Transporte coletivo
O Tribunal de Contas do Estado classificou como não atendidas as determinações de março de 2022, para que fosse revisado o contrato de transporte coletivo da Prefeitura de Florianópolis, que gerou renda extra de R$ 13,4 milhões ao Consórcio Fênix até 2018. “A ausência de efetiva fiscalização e acompanhamento do contrato por parte da Prefeitura de Florianópolis tem contribuído para que o preço da passagem do transporte coletivo urbano seja elevado demasiadamente ao longo deste período contratual”, resumem os auditores no relatório final que foi usado como base na decisão publicada em maio de 2023.
Mais prazo
Na mais recente decisão sobre os valores do transporte coletivo, o pleno do Tribunal de Contas do Estado dá mais 90 dias para a Prefeitura de Florianópolis, para que sejam cumpridas as determinações e, em especial, a que mostra vantagem para as empresas do setor: “2.1. promova o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, considerando os pontos destacados nos Relatórios DLC/COSE/Div.3/CAJU/Div.5 n. 173/2019 e DLC/COSE/Div.3 n. 316/2020, notadamente na seção “avaliação tarifária e considerações finais”, com destaque para o apontado excedente de R$ 13,4 milhões no Valor Presente Líquido (VPL), observado até o exercício de 2018. A medida deve ser apresentada a este Tribunal para avaliação no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da publicação desta deliberação no Diário Oficial Eletrônico desta Corte de Contas (DOTC-e)”, diz o documento. A assessoria da prefeitura foi procurada, mas não respondeu.
Custos com acidentes
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que, no ano passado, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou R$ 21,573 milhões aqui no estado com internações de vítimas de acidentes de trânsito. De acordo com o Datasus, em todo o país o valor ficou em R$ 449 milhões. Santa Catarina é o sétimo estado da lista que mais gerou custo ao SUS por causa dos acidentes.
Leilão em Mafra
Um leilão judicial envolvendo imóveis avaliados em mais de R$ 20 milhões deve marcar o encerramento de uma das mais antigas e complexas falências do setor madeireiro de Santa Catarina. Os ativos pertencem à Rauen Industrial Madeireira. A primeira etapa do leilão está marcada para o próximo dia 8 de agosto e será realizada de forma totalmente digital, por meio da plataforma Positivo Leilões. O principal objetivo é arrecadar recursos para a quitação de um passivo superior a R$ 37 milhões, com prioridade para o pagamento de ex-funcionários que aguardam há anos pela regularização de seus direitos trabalhistas.
Imóveis no leilão
Ao todo, serão leiloados quatro lotes, divididos entre dois imóveis urbanos e dois rurais pertencentes à Rauen Industrial Madeireira. Entre os destaques está uma área de mais de 207 mil metros quadrados, com lance inicial de R$ 15,6 milhões, além de um terreno urbano de 10 mil metros quadrados, avaliado em R$ 1,5 milhão. Ambos estão localizados no bairro Jardim América, próximo à Rodovia Régis Bittencourt, e são considerados estratégicos para projetos de incorporação imobiliária. No segmento rural, será leiloada uma propriedade voltada à produção agrícola com quase 25 hectares, situada nas imediações do km 153 da Rodovia Governador Luiz Henrique da Silveira. O imóvel tem lance inicial de R$ 2 milhões. Também será disponibilizada uma área de mais de 31 hectares destinada à preservação ambiental, avaliada em R$ 972 mil.
Em Jaraguá
O Tribunal de Contas identificou possíveis irregularidades no edital da Concorrência Pública lançado pelo Samae de Jaraguá do Sul, que prevê uma concessão patrocinada dos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, com valor estimado de R$ 143,3 milhões e prazo de 35 anos. A representação foi feita pela Aegea Saneamento, que apontou falhas no edital, como prazos exíguos, exigências técnicas excessivas, insegurança jurídica sobre o início dos serviços, ausência de justificativas para critérios de julgamento e cobrança indevida de taxa de fiscalização. A área técnica do TCE também questionou a exigência de aproveitamento energético dos resíduos sem estudo prévio e a previsão de inadimplência com impacto direto nas propostas.
Suspensão
Apesar de a empresa denunciante ter solicitado a suspensão imediata do certame em Jaraguá do Sul, o próprio Samae já havia interrompido o processo. O relator, conselheiro Wilson Rogério Wan-Dall, determinou a oitiva do prefeito Jair Franzner (MDB) e do diretor do Samae, Onésimo José Sell, que terão cinco dias para apresentar esclarecimentos. Até nova decisão, a licitação segue suspensa.
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