Procuradora destaca avanços no combate ao crime organizado e na implementação da inteligência artificial no MP

Em conversa com o SCemPauta, após um café promovido ontem (21) pelo Ministério Público a jornalistas convidados, a procuradora-geral de Justiça, Vanessa Cavalazzi, fez um balanço dos 100 primeiros dias de sua gestão, marcados por projetos estratégicos e ações voltadas ao fortalecimento da atuação do órgão. “Foram 100 dias de muito trabalho, como tu disseste, mas não foi só para preparar a casa. Foram também 100 dias dedicados a implementar projetos importantes para tudo aquilo que nós vamos passar a fazer a partir daqui”, afirmou Cavalazzi.
Entre os destaques está a aplicação da inteligência artificial no cotidiano das promotorias. O programa já está em curso e visa oferecer maior eficiência ao trabalho do Ministério Público, liberando os promotores para se dedicarem com mais profundidade aos problemas estruturais das comarcas. “O promotor terá mais tempo para atuar nos problemas de base da sua comarca”, completou.
A implementação da IA ocorre em três frentes: uso de ferramentas já existentes com segurança reforçada; capacitação de membros e servidores — com mais de 1.500 já participando de cursos on-line; e desenvolvimento de soluções customizadas, em consórcio com outros Ministérios Públicos do país. “O que São Paulo já tem, eu não preciso desenvolver. Então, São Paulo vai fornecer para mim, e eu vou desenvolver aquilo que São Paulo e os demais estados não têm”, explicou Cavalazzi.
A procuradora enfatizou que o uso da IA será sempre supervisionado por humanos. “A inteligência artificial não prescinde do elemento humano. O elemento humano é central no controle de tudo que está sendo produzido.”
Combate ao crime
Outro avanço destacado pela procuradora foi a reestruturação da atuação penal voltada ao combate às organizações criminosas. “Agora são cinco promotores de Justiça que atuam perante a Vara Estadual do Crime Organizado. E, além disso, preservamos a atribuição originária de promotores da comarca, se quiserem investigar”, detalhou.
Segundo ela, o novo modelo equilibra concentração e capilaridade, além de permitir articulação com a Polícia Civil e outros Ministérios Públicos, como o do Mato Grosso do Sul, para investigações conjuntas — inclusive no combate à lavagem de dinheiro. “É um novo momento desse tipo de trabalho”, afirmou.
Vanessa também comentou a recente proposta de proteção da identidade de magistrados em casos sensíveis. Para ela, embora não exista previsão legislativa para promotores “sem rosto”, o tema está em discussão interna. “Essa é uma discussão que demanda debate e vai acontecer no tempo adequado”, disse.
Prioridades
A violência contra a mulher é uma das pautas prioritárias da gestão. A procuradora revelou que o Mapa do Feminicídio já está em desenvolvimento e será lançado em novembro. A ferramenta permitirá traçar um panorama regionalizado da violência de gênero. “No Meio-Oeste, temos um fenômeno rural, de mulheres que não conseguem acessar os serviços públicos. Já em Itajaí, o problema é urbano, com mulheres que recorrem aos equipamentos, mas não conseguem romper vínculos. São realidades distintas que precisam de respostas diferentes.”
Sobre a população em situação de rua, Vanessa Cavalazzi destacou que, embora não seja um problema estadual, trata-se de um desafio central para os grandes municípios de Santa Catarina. “É um desafio que envolve segurança pública, direitos humanos, assistência social e saúde pública. Por isso, todos devem estar à mesa: empresários, sociedade civil, poder público, polícia, Judiciário e o Ministério Público”, disse, acrescentando que o MP pretende sediar essa discussão.
A procuradora encerrou reforçando que o Ministério Público vive um novo momento. “Estamos implementando mudanças profundas com responsabilidade, planejamento e foco na eficiência. E vamos continuar avançando para cumprir, com excelência, nossa missão de servir à sociedade catarinense.”
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