Cortina de fumaça: o que se tenta omitir por trás do pneu furado do carro da prefeita de Lages

Dois quilômetros de rua asfaltada e um pneu furado para desviar o foco. Esse é o modus operandi da imprensa feiticeira de Lages, a serviço exclusivo da prefeitura. O ingrediente principal desse feitiço midiático é o vice-prefeito. Os temperos escolhidos: o pneu, o prego, o furo e o carro oficial da prefeita.

De um lado, Jair Júnior (sem partido), indiciado por possivelmente ter furado o pneu do carro oficial da prefeita Carmen Zanotto. Do outro, dois quilômetros de estrada pavimentada com recursos públicos dentro da chácara da irmã da prefeita. Um escândalo que muitos tentam empurrar para debaixo do tapete.

O vice-prefeito deve responder pelos seus atos na Justiça. Não há justificativa inteligível e compreensível que atenue sua conduta diante de tudo que está sendo exposto.
Por outro lado, o erro de um não pode servir para ocultar o erro de outro.
O caso de violência doméstica que envolve o vice-prefeito não pode servir de bode expiatório para ocultar a grave situação da saúde, que se deteriora a cada dia.

O caso do pneu furado não pode servir de distração para que, no dia seguinte, a prefeita realize uma coletiva de imprensa e passe batida com dados duvidosos sobre a Festa do Pinhão.

Prefeita de Lages chamou coletiva de imprensa nesta terça (Divulgação)

Está claro que os abutres no alto do prédio da prefeitura estão à espreita, aguardando algo que cheire mal vindo do vice-prefeito, para estraçalhá-lo ainda vivo, numa tentativa de evitar, a todo custo, o desgaste da imagem da prefeita.

A imprensa noticia o espetáculo do “Jair jogado à arena”, para os leões e para a distração do povo, enquanto Carmen Zanotto segue intocável em seu mundo de dados à margem da realidade, como se já não tivesse contas graves a prestar ao povo e à Justiça.

ACSs denunciam suposto desvio e acúmulo de função: “tinha até escala”

Agentes comunitárias de saúde foram até a Câmara de Vereadores para protestar contra a falta de profissionais no setor administrativo dos postos de saúde. Segundo relataram, há uma escala interna determinando que as ACSs realizem o atendimento dentro das unidades, o que tem prejudicado as visitas domiciliares, especialmente a pacientes que estão impossibilitados de se locomover até os postos.

Vereadores da oposição fizeram uma cobrança dura ao governo municipal, exigindo a contratação de pessoal devidamente treinado para realizarem atendimentos e a triagens.

Algumas agentes relataram estar tomando medicação para ansiedade e síndrome do pânico, em razão da pressão constante de pacientes e superiores para dar conta de funções que vão além de sua atribuição legal.

O desvio de um agente de saúde da função legal impacta diretamente nos indicadores da saúde pública, uma vez que compromete o acompanhamento territorial das famílias — a principal atribuição das agentes

A questão ainda pressupõe desdobramentos mais graves, caso alguma profissional decida formalizar denúncia junto ao Ministério Público, um processo de investigação por desvio e acúmulo de função pode ser iniciado.