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Souza afirma que Topázio não gosta do assunto “pessoas em situação de rua” – Imagem: Rede Social

Após ver uma postagem em que o ex-secretário de Assistência Social, Bruno Souza, cobra publicamente do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), uma posição sobre os alertas feitos a respeito da Passarela da Cidadania, a coluna procurou Souza, que, após muita conversa, aceitou falar. O ex-secretário rompeu o silêncio e fez denúncias graves sobre a gestão da assistência social na capital, apontando falhas estruturais, omissão de liderança e uso inadequado de recursos públicos. “Se ninguém falar, nada muda. E o dinheiro público continua sendo jogado fora”, afirmou Bruno, explicando que tentou se manter em silêncio após deixar o cargo, mas que seria desonesto calar diante do que presenciou nos seis meses em que esteve à frente da pasta.

Ele não poupou críticas à gestão municipal. Disse que o prefeito Topázio é educado e sabe dialogar, mas evita enfrentar a realidade das ruas. Segundo o ex-secretário, houve apenas quatro reuniões em meio ano, e nenhuma condução efetiva sobre o tema. “Topázio não gosta do tema das pessoas em situação de rua. Ele vê como uma notícia ruim, então não enfrenta. Florianópolis é uma das poucas cidades de Santa Catarina que não tem campanha contra esmola”, destacou.

Para Bruno, essa omissão alimenta o agravamento da situação. Ele afirma que a prefeitura subestima os números: enquanto a gestão municipal fala em 600 pessoas em situação de rua, ele e sua equipe abordaram mais de 1.300 em apenas dois meses. “É uma inverdade. Estão escondendo o problema”, criticou.

Souza também aponta que, foi o único secretário a apresentar um planejamento concreto para lidar com a situação. Acusou a prefeitura de ter um pensamento ultrapassado e ideologizado. “Eles têm ideias antigas e muito de esquerda. Eu mesmo passei anos distribuindo comida na rua até entender que isso não resolve. Mudei minha opinião com base na vivência. E hoje lá dentro ninguém tem a menor ideia do que fazer”, afirmou.

Focos da denúncia

Os principais focos das denúncias são o Restaurante Popular e a Passarela da Cidadania, locais destinados ao atendimento da população mais vulnerável. Bruno relatou que, ao assumir a secretaria, ouviu de servidores concursados que havia problemas sérios nos dois serviços. No caso do restaurante, ele convenceu o prefeito a romper o contrato com a entidade gestora devido à falta de controle e graves falhas no funcionamento. “Era um problema constante. Se reabrirem, vai continuar sendo. O local se tornou exclusivo para pessoas em situação de rua, com brigas, surtos, gente passando mal, puxando faca. As famílias se afastaram”, relatou.

Na Passarela da Cidadania, gerida pelo Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas (Nurrevi), Bruno Souza promoveu cortes de gastos, chegando a reduzir em até 20% os custos. Defende que o espaço funcione como uma casa de passagem, com tempo limitado de permanência, diferente da realidade atual. “Tem pessoas morando lá há cinco anos. Isso não é ajuda, é abandono”, afirmou.

Bruno e sua equipe elaboraram um novo termo de referência para a licitação do serviço, prevendo controle de entrada e saída, crachás, catracas e equipe dimensionada conforme a necessidade. No entanto, segundo ele, a licitação ignorou o documento técnico, apresentando uma proposta inflada, com cargos e salários não solicitados e sem os mecanismos de controle exigidos.

A surpresa maior veio com o resultado da licitação: a entidade vencedora, segundo Bruno, tem ligação com Leandro Lima, ex-secretário da mesma pasta. “Ele era quem assinava contratos com problemas no passado, e agora volta como responsável por uma nova entidade vencedora. Isso me deixou muito incomodado”, afirmou. Bruno se recusou a assinar o contrato. “Não encontrei ilegalidades, mas era um modelo exagerado, sem justificativa. Dinheiro público sendo gasto à toa”, afirma.

Ele também apontou problemas em outro contrato da Nurrevi, com o projeto Centro Dia, solicitando redução dos valores pagos. Informou pessoalmente o prefeito, tanto por mensagem quanto por ofício, que havia equipe superdimensionada e salários fora do padrão na Passarela da Cidadania. Na mesma semana em que finalizou um novo modelo de licitação, foi exonerado do cargo.

Sem controle

Outro ponto sensível diz respeito à Aminc, entidade que administrava o Restaurante Popular. Segundo Bruno, a prefeitura optou por não aplicar glosas, descontos por erros em prestação de contas. Em vez disso, o pagamento foi feito integralmente, e a entidade devolveu parte do valor de forma parcelada. Inicialmente, a estimativa de devolução era de R$ 2 milhões, mas caiu para apenas R$ 100 mil. “Não sei o que aconteceu depois disso”, disse.

Bruno também comentou a exoneração do então controlador-geral do município, Rodrigo de Bona, que, segundo ele, era um dos poucos que defendiam o cumprimento correto dos pagamentos. A saída de Bona, na visão de Souza, enfraqueceu o controle interno da prefeitura.

Sobre o projeto de reabertura do Restaurante Popular, Bruno alertou para o alto custo: apenas a reforma pode chegar a R$ 2 milhões, e o custo previsto por refeição é de R$ 21. “Tem restaurante no Centro onde se come por R$ 15. Não faz sentido gastar tanto, ainda mais sem controle. Antes, a prefeitura simplesmente pagava sem saber quantas refeições eram servidas”, criticou.

Bruno Souza finaliza dizendo que prefere arcar com as consequências de falar do que se omitir. “Se a população não fiscalizar de perto, nada vai mudar. Melhor trazer tudo à luz para ver se alguma coisa melhora”, concluiu.