Os grandes desafios da administração de Blumenau

Os derrotados saem de cena, os vencedores tomam posse



Vilson Pedro Kleinubing (PFL) e Victor Fernando Sasse (PL) tomaram posse como prefeito e vice-prefeito de Blumenau, na sexta-feira, dia 1º de janeiro de 1989. O ato oficial aconteceu na Câmara de Vereadores onde, para alívio dos presentes, o ar-condicionado funcionava à perfeição. Lá fora, aquele feriado nacional era um dia tórrido, daqueles com que a nossa cidade costumava ridicularizar o costume das investiduras no primeiro dia do ano, com o estranho hábito das autoridades
usarem paletó e gravata.
E foi no lado externo da Prefeitura que montaram o momento mais festivo: a transmissão de cargo, aquele em que o investido recebe, metaforicamente, as chaves do lugar em que deverá exercer suas tarefas. Com o final do mandato de Dalto dos Reis, estava encerrado o ciclo de 20 anos do MDB/PMDB na Prefeitura. A dificuldade da sua administração em reorganizar o município na era pós-enchentes, a crise de abastecimento de água em vários bairros, agravadas pelas inevitáveis críticas no decurso da campanha, fizeram com que ele terminasse seu período em baixa na avaliação popular.
Particularmente naquele lugar e naquele momento, em que se reunia uma multidão de torcedores de Vilson Kleinubing, ele era uma figura pouco grata. Mas, não fugiu ao dever: compareceu abaixo de vaias, e passou o cargo. Kleinubing foi gentil com seu antecessor. Recebeu-o no palanque, tratou-o com dignidade e, quando saiu, conduziu-o pessoalmente até seu carro, evitando
qualquer contratempo.
O time que entrava em campo

Sasse começou sua experiência na Prefeitura, na qual permaneceria por quatro anos, acumulando as funções de vice-prefeito com o cargo de secretário das Finanças. Essa era uma promessa que Vilson fez na campanha: “entregar a chave do cofre” a alguém notoriamente honesto. Mais tarde, o vice preferiu ficar apenas nas suas tarefas originais. E a maior parte do quatriênio, como se saberia mais
tarde, acabou ficando na cadeira de prefeito.

Dentre aqueles que estiveram mais de perto envolvidos na coordenação da campanha de Kleinubing, Mércio Feslski foi nomeado procurador-geral do Município; Carlos Wachholz, presidente do Samae; Luiz Mário Villar, presidente do Seterb; o jornalista Oscar Jenichen, secretário de Imprensa; Mário Binder, assessor de Comunicação. E eu fui escalado como secretário do Planejamento.




O prefeito trabalhou, já de início, com uma equipe notável da qual participaram,alé m dos já citados, o vereador Ademar Lingner (chefe de Gabinete), o brilhante médico Newton Motta (secretário da Saúde), a professora Dinorá Krieger Gonçalves (secretária da Saúde), o Coronel Antônio Bascherotto Barreto (secretário da Defesa Civil e Meio-Ambiente); o engenheiro Luiz Carlos Klitzke (secretário de Obras); os empresários Caetano Deeke Figueiredo (secretário da Administração) e Manfredo Bubeck (secretário do Turismo); Marcelo Mello Rego (secretário de Comunicação), e o primeiro intendente eleito da Vila Itoupava, Hellmuth Danker.
O vereador Hasso Muller foi eleito presidente da Câmara de Vereadores com a bênção do prefeito. E o vereador Milton Pompeu da Costa Ribeiro foi designado líder do Governo na Câmara.
A equipe interna
De minha parte, procurei montar, no Planejamento, o melhor time possível. Tinha muita gente boa, de carreira, já lá dentro. E ainda consegui acrescentar, nos cargos em comissão, o empresário Leandro Vitor Bona; a arquiteta, urbanista e professora da Furb Claudia Siebert; o especialista em Engenharia de Trânsito Alexandre Gevaerd; mais o professor Mauro Ângelo Lenzi que tinha sido meu assessor nas Secretarias da Educação e da Administração do Estado.
As prioridades 1, 2 e 3
O que o prefeito recém-empossado desejava, acima de todo o mais – tudo muito importante – era cumprir, de imediato, os principais compromissos com a cidade que assumira durante a campanha. O primeiro era pôr água na torneira dos blumenauenses. O segundo, reorganizar o conjunto das normas relativas ao planejamento urbano da cidade, revogadas, “de fato”, alegadamente devido às enchentes de 1983 e 1984.
A terceira era restabelecer a confiança e a cumplicidade da população com os gestores do município, abalados por diversas circunstâncias do passado político recente. Com tanto para fazer, ficava muito difícil dizer o que era mais importante. O mais urgente, porém, estava claro: era a falta de água nas residências.
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Um “padeiro” forneceu a água que faltava. O segundo grande obstáculo a ser transposto: a desorganização urbana, resultante das enchentes de 1983 e 1984.
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