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Encontro com o Papa Francisco em setembro de 2017

Apesar de não ser católico, nutro um profundo respeito e carinho pelo cristianismo, que é uma das bases da minha religião. Mas, em especial, o papado e o Vaticano sempre me atraíram através de sua rica história, às vezes controversa, mas também de muita contribuição ao mundo.

Como jornalista da editoria de política, me sinto ainda mais atraído pela forte história política que envolve o Vaticano, que, mesmo sendo o menor país do mundo, está localizado no coração de Roma, tanto que, para acessá-lo, é preciso entrar por duas vias romanas: a Via della Conciliazione ou a Viale Vaticano. Pois é esse pequeno país-estado que tem uma grande força política no cenário mundial. Tudo isso me levou a ler diversas publicações que abordam os bastidores da Santa Sé e, acredite, é muito mais interessante do que se imagina.

Em viagens particulares, tive a oportunidade de, algumas vezes, acompanhar o Angelus na Praça de São Pedro, olhando para a janela do Palácio Apostólico no Vaticano. Porém, como jornalista, tive duas oportunidades marcantes. Na primeira viagem oficial do então novo papa, Francisco veio ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, que ocorreu no Rio de Janeiro, em 2013. Tive a oportunidade de cobrir para a Rede de Notícias Acaert, com os boletins tendo sido aproveitados por emissoras de rádio de todo o estado e também para o jornal Diário do Iguaçu, de Chapecó.

A segunda oportunidade foi quando cobri para o SCemPauta e Rádio Condá FM o encontro da equipe da Chapecoense com o Papa Francisco, em 2017, um ano após a tragédia aérea que ceifou a vida de quase toda a delegação que viajou a Medellín, na Colômbia. Nesse encontro, no Vaticano, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o Papa.

Em todas as oportunidades que tive de acompanhá-lo, sendo em viagens com a família ou a trabalho, sempre tive a mesma impressão: o quanto aquele homem, ungido para um cargo tão especial, gerava de emoção nas pessoas por causa de sua fala simples e direta, levando às pessoas não somente palavras de salvação eterna, mas de conforto e esperança em vida. Era tudo o que elas esperavam: se sentirem acolhidas em suas perspectivas de vida por um líder que se expressava, seja em atitudes ou palavras, da forma simples como Cristo pregou. E isso faz de Francisco, sem sombra de dúvida, um dos maiores papas da história.

Papa Francisco foi além de seus antecessores. Humanizou a Igreja, fortaleceu o sentimento de misericórdia para com quem sofre, seja por guerras ou pela fome, e se mostrou irredutível na defesa do que a Igreja deveria sempre propor como interlocutora das palavras de Cristo. Foi um papa acolhedor, não excludente. E, por causa disso, enfrentou a fúria dos que esperam uma Igreja punitiva, baseada no ódio e na guerra contra as diferenças. A esses, também se expressou com amor e misericórdia, mas não lhes negando a dureza necessária através de sábias palavras. Em suma, Papa Francisco sabia como se comunicar como ninguém. Fazia isso com a sabedoria e a consciência de quem sabia a importância de seu papel para uma humanidade que precisa se reconciliar com o amor e o respeito ao próximo.

Em suma, hoje parou o coração que sempre foi aberto a todos e que entendeu que a salvação é para todos, não para os que se acham mais merecedores por serem ligados a dogmas e pregações que mais os afastam dos princípios de Deus do que os aproximam. Afinal, Deus não tem preferência por pessoas: a Sua salvação é para todos que n’Ele creem, conforme afirmam as Escrituras: “Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2, 4). Não somos salvos por merecimento, mas sim por graça.

Papa e Comunismo

É preciso acabar com a ignorância de intitular o Papa Francisco como comunista. Ele dizia que, quando o Papa fala, é para todos, “pois a Igreja é para todos”, e completou: “Mas não pode subtrair-se à centralidade dos pobres no Evangelho. E isto não é comunismo, é puro Evangelho! Não é o Papa, mas Jesus, que os coloca no centro, nesse lugar. É uma questão da nossa fé e não pode ser negociada. Se não aceitardes isto, não sois cristãos”, afirmou.

Para entender a mensagem de Francisco, é preciso estar com o coração aberto para as palavras reais de fé e o cérebro alimentado de sabedoria, não emburrecido pelo fanatismo político e alimentado pela ignorância. Os que o acusam de ser comunista, primeiro, não entendem nada de comunismo e, segundo, tampouco da Igreja Católica. Seriam esses os mesmos que xingariam e agrediriam a Jesus Cristo se Ele aparecesse hoje, trazendo as mesmas mensagens de outrora, pois seus corações estão cegos pelo ódio.

Vale lembrar que há decretos contra o comunismo na Igreja, sendo o primeiro documento publicado pelo Santo Ofício no dia 1º de julho de 1949, durante o pontificado do Papa Pio XII. Na publicação, é determinada a excomunhão automática “ipso facto” de todos os católicos que aderirem ao comunismo e às doutrinas marxistas. Nas décadas de 40 e 50, outros decretos foram assinados.

O fato é que o que o Papa Francisco pregava eram palavras de vida e misericórdia que qualquer ser humano realmente fiel a Deus deveria ter. Não tem nada de comunismo. É o puro Evangelho. Será que, sabendo disso, alguns ditos cristãos virarão as costas aos Evangelhos?

Quanto à confusão maldosa que fazem, ao ponto de chamá-lo de comunista, o Papa falava de forma inteligente, quase como uma crítica ao próprio comunismo, ao mesmo tempo em que acolhia os adeptos, pois Jesus Cristo ensinou a acolher, não a destilar o ódio. “Eu só posso dizer que os comunistas têm roubado a nossa bandeira. A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho, os pobres estão no centro do Evangelho”, afirmou, destacando o capítulo 25 do Evangelho de Mateus. “Os comunistas dizem que tudo isso é comunismo. Sim, como não: vinte séculos depois!”, ironizou Francisco, deixando a entender que os comunistas é que têm adotado as pautas cristãs, não o contrário.

Papa Francisco nos deixa, e mais: deixa uma Igreja com as portas abertas para mais inclusão e palavras de fé real, não a que se limita a práticas e tentativas de demonstração de religiosidade. Isso, para Deus, nada vale, pois fé sem ação é uma fé morta. E a verdadeira ação de um fiel, seja de qual religião for, é a da misericórdia, da bondade, em suma, da prática no cotidiano dos ensinamentos de Deus.

Obrigado, Papa Francisco. Que Deus o tenha!