Como Vilson Kleinubing se tornou prefeito de Blumenau (X)

A importância da informação bem aproveitada

Os engenhosos programas eleitorais tiveram grande repercussão porque, naquele momento, a propaganda na TV atingia altos níveis de audiência. As bem-sucedidas estratégias resultaram, em grande parte, de um recurso trabalhoso: logo após o horário eleitoral, fazíamos uma pesquisa meticulosa, por telefone. Perguntávamos a um grande número de eleitores o que eles haviam achado de cada programa, do que tinham gostado na apresentação de cada candidato. E também o que os havia desagradado. Logo que recebíamos os resultados, já tarde da noite, reunia-se o grupo de coordenação do qual eu fazia parte, juntamente com Luiz Mário Villar, Carlos Wachholz, Mércio Felski, entre outros, mais o marqueteiro HiramPessoa de Mello.
Fazíamos então a avaliação do nosso programa à luz daquelas informações. E com base nessa análise projetávamos o programa seguinte já com a rota eventualmente corrigida, sabendo o que mais havia agradado e o que eventualmente desagradara os telespectadores. E também onde se localizava o calcanhar de Aquiles de cada adversário. Não tinha erro.
Música e impressos de alta qualidade
As trilhas sonoras e as imagens criadas especialmente para a campanha de Vilson eram lindas. Uma ou duas delas grudaram na memória das pessoas. Era comum ouvir crianças cantando elas pela cidade. O material impresso, bem-produzido, era impactante, e com propostas claras e que tocavam os pontos mais sensíveis das preocupações dos blumenauenses.



O novo e grave enfrentamento à eleição de Kleinubing: a tese do trampolim

A vitória de Kleinubing parecia irreversível. No entanto, pouco tempo antes do dia D, surgiu uma nova e perigosa ameaça. Na verdade, tratava-se do ressurgimento, requentado e ampliado, de um ataque que já tinha sido vocalizado anteriormente: a versão de que Blumenau seria apenas um lugar de trânsito. Vilson Kleinubing usaria Blumenau como uma plataforma da qual saltaria para uma candidatura a governador. Se eleito para a Prefeitura, ficaria pouco mais de um ano no cargo, renunciando para se candidatar ao Governo na eleição de dois anos depois.
Embora a vitória de Kleinubing, a esta altura, já estivesse consolidada, qualquer movimentação pouco acima do normal já parecia um terremoto para alguns dos assessores e conselheiros da campanha. E, de súbito, quase que surgindo do nada, reapareceu aquela conversa ameaçadora: a história de que nosso candidato poderia ficar pouco tempo na Prefeitura em razão de uma eventual disputado pelo Governo do Estado.
Até mesmo nós, os que coordenavam a campanha, acreditávamos que isso poderia mesmo acontecer. A política, independentemente da vontade de seus protagonistas, cria fatos, produz alternativas que acabam sendo incontornáveis. Mas, o pensamento da grande maioria do grupo é que os eleitores já não deixariam de votar em Vilson em razão de alguma dúvida a respeito dessa possibilidade.
Vilson, porém, preferiu não correr o risco e, baseado na empolgação que o cargo de prefeito lhe provocava, resolveu dizer ao povo que ficaria.

Foi impressionante. Com absoluta convicção, ele falou, em close, na TV, mais ou menos isto: “Meus amigos e amigas de Blumenau. Olhem nos meus olhos, leiam os meus lábios, prestem atenção ao que vou dizer: se vocês me elegerem prefeito, eu ficarei no cargo até o último dia de meu mandato. Eu não vou sair. Não vou renunciar”.
Foi a pá de cal no assunto. E a consolidação final do triunfo.
Próximo capítulo:
As últimas tentativas dos concorrentes pela reversão de uma tendência já irreversível.
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