As sete favelas de Joinville e seus moradores

Números do IBGE do último censo (2022) indicam que Joinville conta com sete pontos de favelas onde residem 3.103 pessoas, entre elas 941 entre 0 a 14 anos. No levantamento por idade e cor, nestas sete comunidades urbanas separadas em várias regiões da cidade, a maioria delas surgidas em áreas invadidas, habitam 1.630 de cor branca, 1.198 pardas, 258 negras e 16 indígenas. Apenas um se declarou de cor amarela. Identificamos as sete áreas com o número de seus habitantes e de unidades habitacionais.
Coroa de espinhos
Durante seu terceiro mandato como prefeito, Luiz Henrique da Silveira costumava dizer que Joinville era semelhante a coroa de espinhos colocada na cabeça de Jesus Cristo.”Os bairros são os espinhos da coroa”. Comparando a situação de 20 anos, os espinhos diminuíram consideravelmente. Hoje são apenas sete deles.
Favelas
As sete áreas já haviam sido identificadas antes do censo de 2022 e por isso receberam planilhas especiais. Uma comunidade habitacional é classificada pelo IBGE de favela quando possui mais de 50 “unidades acumuladas”, ausência ou oferta de insuficiência de serviço público, como esgoto, energia elétrica, abastecimento de água, além de habitações não legalizadas. Nos anos 70 e 80, Joinville teve um crescimento econômico significativo, obrigando as empresas emergentes a buscarem funcionários em outras cidades ou estados. A Tupy, por exemplo, pagava anúncios em rádios do norte do Paraná na tentativa de preencher as vagas na produção.
Invasões

Em 30 anos, a cidade enfrentou uma série de invasões em áreas públicas ou privadas por parte de migrantes que não tinham condições de comprar terrenos ou alugar residências. A Prefeitura chegou a ter equipes de fiscais rodando a cidade de motocicleta para identificar o início de invasões (de uma barracada surgiam dezenas em poucos dias). Uma das áreas apontadas pelo IBGE como favela (Rua Itajubá) nasceu de uma invasão em uma área onde estava o Paiol da Prefeitura. Nos anos 80, a Celesc conseguiu acabar com os rabichos e levar energia elétrica para boa parte do local.

Vila Paranaense
Certamente foi a maior favela de Joinville. A Vila Paranaense integra o Bairro Comasa e já teve suas casas classificadas de “parafitas”. Por estar em cima do mangue, a ligação entre as parafitas durante a maré alta era feita de pequenas pontes de madeira. Graças a um projeto liderado pelo prefeito Wittich Freitag, por seu secretário de planejamento José Carlos Vieira e pelo engenheiro sanitarista Marco Tebaldi, a área foi reurbanizada, os lotes legalizados e um canal foi aberto para evitar mais invasões.
As sete favelas de Joinville
José Loureiro – 1.007 habitantes – 337 domicílios
Jardim Edilene – 800 habitantes – 261 domicílios
Comunidade Machado 377 habitantes – 106 domicílios
Rua Itajubá – 251 habitantes – 94 domicílios
Urbanização Horstmann – 250 habitantes – 81 domicílios
Novo Rio Velho – 241 habitantes – 82 domicílios
Nova Esperança -177 habitantes – 51 domicílios
Moradores por cor ou raça
Nas setes regiões consideradas favelas e comunidades urbanas, a maioria localizadas na Zona Sul do município, residiam em 2022 (hoje o número deve ter aumentando) 3.103 pessoas, entre elas 941 na faixa de 0 a 14 anos. Crianças de 0 a 4 anos foram identificadas pelo Censo como sendo 183 da cor branca, 20 pretas, 104 pardas e 3 indígenas. As duas maiores populações são de cor branca (1.630) e pardas (1.198), seguidas de pretas 258, amarela 1, indígena 16. Em relação aos indígenas, as mulheres são maioria (12 a 4).
Recursos do PAC
A secretaria da habitação da Prefeitura de Joinville informou à coluna que, das sete áreas mapeadas pelo IBGE, duas já estão em processo de regularização fundiária (Novo Rio velho e Jardim Edilene). “Além disso, a Prefeitura vem buscando junto ao Governo federal recursos para urbanização das áreas (mencionadas) através da inclusão de Joinville para receber recursos do PAC”, acrescentou o jornalista Thiago Boeing, secretário de comunicação da Prefeitura de Joinville.
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