Como Vilson Kleinubing se tornou Prefeito de Blumenau (IV)

Rememorando os fatos até aqui

Nos capítulos anteriores contei como surgiu a ideia, de um grupo de empresários blumenauenses de procurar um candidato suficientemente competitivo (e de preferência um empresário) para interromper a série de duas décadas de administrações contínuas do MDB/PMDB na Prefeitura. Durante a fase das sondagens para detectar quem poderia encarnar esse papel, surgiu, nas pesquisas espontâneas de intenção de voto, o nome de Vilson Kleinubing. Colocado no questionário induzido, entre os nomes dos demais concorrentes, as manifestações de preferência em seu favor deixaram claro que ele tinha potencial para obter uma grande votação.
Ele aceitou a missão, alertando que era necessário ainda convencer Jorge Bornhausen e Esperidião Amin. O primeiro, embora com advertências quanto às dificuldades da empreitada, concordou. O segundo se mostrou cético, mas disse que, se apesar de sua descrença, Vilson fosse mesmo candidato, não faria nada para atrapalhar sua eleição.
Mangas arregaçadas, pé na estrada e o método VK de vencer eleições

Kleinubing transferiu seu título eleitoral para a cidade, mudou-se com a família, matriculou João Paulo e seus irmãos na escola, e foi conversar com o povo. A largada se deu especialmente através do rádio, comandando um programa próprio na Rádio Clube que, à época, pertencia ao seu amigo Mário Binder. Também ali e em todas as outras emissoras da cidade, passou a fazer uma infinidade de entrevistas.
Tudo isso e mais as jornadas diárias, do início do dia até a noite, pelos bairros de Blumenau. Para este tipo de tarefa Vilson era incansável. Em certa ocasião, já bem tarde, exausto, me disse que um dos principais segredos de uma candidatura vitoriosa é o tipo de esforço que ele estava ali fazendo. Ninguém, segundo seu ponto de vista, consegue se eleger se não praticar o seguinte método: apertar a mão do maior número possível de eleitores, sempre pedindo o voto, desde a madrugada, seguindo o dia inteiro, entrando noite à dentro. E quando achar que fez tudo que devia ter feito, que conseguiu até mais do que havia se proposto a fazer naquele dia, então, fisicamente exausto, deve procurar ainda mais uma pessoa, talvez no caminho de volta para casa, ou no seu próprio prédio. Apertar-lhe a mão e pedir seu voto.
Dois anos antes: a percepção do futuro

Escrevi, em 1986, no antigo Jornal de Santa Catarina, artigo prevendo que o predomínio emedebista em Blumenau estava em risco devido a dois fatores: 1) a vitória inesperada de Vilson Kleinubing dentro de Blumenau, naquele ano, quando da eleição para governador, embora o vencedor no total do Estado tenha sido Pedro Ivo Campos, do PMDB, partido até então dominante em Blumenau; 2) as crescentes divisões internas do PMDB blumenauense.
Dois anos mais tarde estes dois fatores associados e somados a diversos outros que a política e a administração municipal foram acrescentando, determinariam o resultado do pleito municipal: a estupenda vitória de Vilson que interrompeu o ciclo de poder do PMDB no município.
Um elo imprevisto, mas sólido. O caso Kleinubing
No final de 1997, quando, internamente, começou a ser levada a sério a possibilidade de Vilson Kleinubing se candidatar a prefeito de Blumenau, a ligação do político com essa cidade, já estava consolidada devido àquele resultado eleitoral anterior. Criou-se, a partir daí uma intensa afinidade entre Vilson e a cidade. Ainda não se percebia isso a olho nu. Mas, em breve a conexão ficaria clara.
Falha de percepção de um fenômeno
O vínculo de Vilson Kleinubing com os blumenauenses havia iniciado, portanto, dois anos antes quando ele concorreu, como um azarão, a governador do Estado e, embora tendo sido derrotado em praticamente todas as maiores cidades, venceu em Blumenau. E venceu bem. Conquistou a simpatia desse povo. Essa cumplicidade, que viria a ser decisiva no resultado da eleição, não foi compreendida por seus adversários. Embora largassem na frente, no início da campanha, a incapacidade deles próprios, ou de seus assessores, de entenderem o elo vivo de Kleinubing com a cidade, sacramentou, em novembro de 1988, a vitória daquele a quem chamavam de “forasteiro”.

Parte de notícia publicada, no início da campanha, pelo antigo Jornal de Santa Catarina
Próximo capítulo
A definição do candidato a vice-prefeito e as negociações para integrá-lo à chapa.