Resumo do capítulo anterior

Pesquisas diversas mostraram que Vilson Kleinubing, embora não residisse na cidade e nem fosse eleitor ali, poderia ser um candidato altamente viável. Resolvemos colocá-lo no páreo. Procurei-o em Florianópolis e a conversa foi breve e decisiva: ele, de cara, disse que topava o desafio. Mas, advertiu que, para o prosseguimento do projeto, era indispensável a concordância e adesão de dois personagens muito importantes: Jorge Bornhausen e Esperidião Amin.  

O “sim” com ressalvas de JKB

Foto do Arquivo Público do Estado de SC

“Doutor Jorge” era presidente do partido de Kleinubing e nada aconteceria sem a bênção dele. Essa conversa começou tão difícil como se poderia imaginar. Devido ao aspecto inusitado do projeto, a afirmação inicial de Jorge, logo após ouvir qual era o assunto, foi mais ou menos essa: “jamais!”. Ele lembrou as características de Blumenau, que conhecia muito bem por já ter morado lá, exercendo a advocacia durante alguns anos. Disse que era impossível os blumenauenses votarem, para prefeito da sua cidade, em alguém que não tivesse com ela uma ligação muito forte, criada em razão de vínculos familiares, de trabalho, de residência prolongada na cidade, coisas assim.

Talvez Jorge estivesse testando nossa convicção. Conforme relato do muito bem-informado jornalista e escritor Moacir Pereira, no seu livro “Kleinubing, uma trajetória de coerência”, Bornhausen teria dito o mesmo para o próprio Vilson em conversa anterior, deixando, porém, uma porta aberta para a aprovação da candidatura.

De qualquer forma, argumentamos que Kleinubing já conquistara, por outros meios, os laços a que Jorge se referia. E a inegável certidão comprobatória estava ali: as pesquisas de opinião. O povo de Blumenau estava disposto a eleger prefeito alguém “de fora” – desde que este alguém fosse Vilson Pedro Kleinubing que, politicamente, já tinha sido adotado pela cidade.

Uma das características de Jorge é a racionalidade. Outra, bem próxima da anterior, é a crença em bons levantamentos estatísticos, feitos por institutos de prestígio. Diante da lógica indiscutível dos números que estavam ali à sua frente, garantiu que, de sua parte e do partido, teríamos apoio e solidariedade. Ele percebia os riscos da empreitada, mas, também enxergava o fato de que, se desse certo, o PFL teria, no futuro próximo, o prefeito de uma das três maiores cidades do Estado, e, mais tarde, um candidato a governador muito forte.

O “não” amigável de Amin

Foto do arquivo pessoal de Paulo Gouvêa, autor desconhecido

     Conversa bem mais complicada aconteceu com Esperidião Amin. Embora amigo pessoal de Vilson (certamente mais do que Jorge), e talvez também por isso, o então ex-governador não concordou, não admitiu e deixou bem claro que não acreditava naquelas pesquisas e, portanto, não apoiava a ideia de colocar Kleinubing como candidato em Blumenau.

Na época houve quem insinuasse um raciocínio diferente: que Amin já vislumbrava um eventual sucesso do seu amigo e que este, na condição de prefeito, poderia se credenciar à disputa do governo nas eleições seguintes – posição esta que Esperidião preferiria reservar para si próprio. Ainda assim, e com todas suas veementes objeções, Amin afirmou que, se apesar de tudo, Vilson fosse candidato a prefeito, não se oporia a ele.

Próximo capítulo:

Como isso aconteceu, como o vice foi escolhido, quais foram as estratégias, como se desenrolou a campanha, eu pretendo contar nas próximas colunas.