Flávio de Almeida Coelho e sua mirabolante aventura americana

(Foto Governo SC)

O craque catarinense do turismo nacional

Flavio e eu, com o Ministro do Turismo Rafael Greca e (atrás) o Vice-Governador Paulo Bauer. (Foto oficial Governo do Estado)

Flávio Coelho foi um competente empreendedor na área da imprensa e do turismo. Personagem cosmopolita, espirituoso e divertido, de conversa fina, foi amigo de muita gente e, entre tantos, um de quem foi bastante próximo: Vilson Kleinubing. No Governo de Fernando Henrique Cardoso ocupou o cargo mais importantes do turismo brasileiro: Presidente da EMBRATUR. Na época eu era Deputado e muitas vezes, lá em Brasília, contei com sua solidariedade para obter apoio a municípios que eu representava. 

Mais tarde, Flávio e eu acabamos trabalhando juntos no Governo do Estado, ele como presidente da Santa Catarina Turismo S.A, eu como secretário do Desenvolvimento Econômico, nós dois como membros do Conselho Estadual de Turismo. Na época a SANTUR era vinculada à SDE. Pouco antes de iniciar esse meu novo trabalho (para o qual tive de me licenciar do mandato de Deputado Federal) o governador Esperidião Amin perguntou se eu tinha alguma indicação para a Presidência da empresa estadual de turismo. Tinha sim e meu indicado era Flávio, então já ex-presidente da EMBRATUR. Amin concordou de imediato e partimos nós, Flávio e eu, para cuidar do turismo catarinense. Baita parceiro e amigo.

A carga preciosa de Santa Catarina para a Flórida

Flávio foi também protagonista de diversas histórias muito engraçadas que ouvi contadas por ele mesmo. Para mim, a mais interessante de todas foi o caso da farinha de mandioca levada para uns conhecidos na Flórida, bem antes de sua projeção como Presidente das empresas nacional e estadual de turismo. 

Naquele tempo pregresso, Flávio era dono de uma agência de turismo em Blumenau que tinha uma espécie de sucursal em Miami. Por conta dessa situação, ele fazia com frequência o trajeto de ida e volta entre Santa Catarina e a Flórida. Generoso e prestativo como era, de vez em quando atendia o pedido de algum brasileiro que morava nos Estados Unidos e sentia saudade de produtos que só existiam no nosso país. 

Em uma dessas ocasiões ele levava consigo, dentro de sua mochila, uma encomenda fora do comum: um vasto pacote de farinha de mandioca de Santa Catarina, daquela bem fininha, que só se encontra no Sul do nosso Estado, e um quilo de “frescal” de São Joaquim, uma espécie de carne de sol que, em vez de ser curada à luz solar, passa por tratamento semelhante, ao ar livre, porém na sombra. Carregando esse fardo inusitado, Flávio desembarcou no aeroporto de Miami e lá se foi caminhando, em direção à área de desembarque. 

Por trapaças da sorte, ocorreu que, naquele momento, forças policiais do Estado americano faziam uma blitz contra o tráfico de drogas. E se faziam acompanhar dos seus competentes cães farejadores.

O ataque dos cães e as constrangedoras consequências

Quando nosso protagonista se deu conta, corriam na sua direção dois daqueles parrudos animais que, sem cerimônia, saltaram em cima dele, derrubando-o no chão do aeroporto e espalhando suas encomendas. Os cachorros, por certo, estavam interessados no frescal cheiroso transportado na mochila. Mas, o que chamou a atenção dos policiais, igualmente de grande porte, que vinham logo atrás, foi a farinha esparramada pelo chão. Branquinha e fininha como é, foi automaticamente confundida com cocaína. Resultado: Flávio de Almeida Coelho, respeitado empresário brasileiro, foi algemado e carregado feito bandido, para alguma delegacia nas imediações do aeroporto. Lá foi interrogado e detido até que se completasse a investigação policial sobre o suposto tráfico internacional de cocaína. E de um tipo exótico de carne salgada.  

Flávio só escapou de um perrengue ainda maior porque lhe foi concedido o direito de dar um telefonema. Ele conseguiu falar com o sócio na filial americana de sua agência, que mobilizou um bom advogado. Tão logo foi concluída a análise da farinha de mandioca, com resultado negativo para existência de droga de qualquer natureza, Flávio foi liberado pelo aparato policial americano. 

 Próxima coluna

Encerrada a narrativa de episódios avulsos, escolhidos pela sua singularidade e seu lado humorístico, retomarei, no próximo capítulo, a história política de Santa Catarina. O ponto de reinício será aquele em que, tendo decidido me mudar para Blumenau, após seis anos exercendo cargos públicos na Capital do Estado, me vi envolvido no projeto que acabou se transformando na campanha de Vilson Kleinubing para Prefeito de Blumenau.