João Rodrigues acusa delegado-geral de perseguição política
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O prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), fez duras críticas ao delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel. O motivo foi uma conversa entre o delegado e uma advogada de Chapecó, que atualmente reside nos Estados Unidos, e que possui diferenças ideológicas com o pessedista.
Em uma postagem por meio de um perfil, a advogada escreveu: “Se investigassem o caso das pessoas que foram arrancadas da UTI do Hospital HRO em 2021 para que o slogan ‘Vencemos a COVID’ pudesse ser usado como bandeira de campanha política, certamente chegariam ao assassinato de Marcelino.”
Ao ver a postagem, Ulisses entrou em contato com a advogada e respondeu: “Fiquei interessado pelo caso. Vou ver isso. Valeu.” A dona do perfil respondeu: “Meu post era sobre João Rodrigues, mas, se você se interessa pelo caso Marcelino Chiarello, os documentos devem estar nos arquivos da Polícia Civil, que você certamente pode acessar.”
O breve diálogo foi postado na rede social da advogada, que afirmou: “O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina se interessou pelo caso Chiarello depois do meu post sobre João Rodrigues.”
Marcelino Chiarello foi encontrado morto em sua residência, em Chapecó, no dia 28 de novembro de 2011. Em abril de 2013, o Tribunal de Justiça do Estado divulgou o laudo final do inquérito sobre a morte, com o relatório da Polícia Federal entregue na época ao juiz Jefferson Zanini, atestando que Chiarello havia cometido suicídio. Em agosto do mesmo ano, o Ministério Público solicitou ao Judiciário o arquivamento do caso.
Fontes próximas a Rodrigues classificaram a postagem da advogada como leviana, destacando que não é a primeira vez que ela ataca o prefeito. “É uma militante de esquerda que fez insinuações estranhas e absurdas. Agora, o mais estranho é o delegado-geral fazer esse tipo de interação, ainda mais quando tem sido uma constante as ações contra o PSD. Foi assim em Criciúma, contra o ex-prefeito Clésio Salvaro em plena eleição, onde tínhamos como principal adversário o PL; em Forquilhinha, com o prefeito Neguinho; e também em Bombinhas, tentando prejudicar o prefeito Paulinho (Müller)”, relataram.
Também de acordo com as fontes, não é a primeira vez que Ulisses tenta prejudicar João Rodrigues. “Não sabemos de onde isso tem partido. Se é dele ou de quem tem fomentado essa perseguição. Não é a primeira vez que ele busca algo para prejudicar o João, desde que começou a ser aventada a possibilidade de pré-candidatura do prefeito ao governo,” relataram.
Rodrigues reage
Procurado, João Rodrigues disse estar surpreso com o interesse de Ulisses Gabriel em um caso arquivado, o qual foi investigado pela Polícia Civil e também pela Polícia Federal. Ele destacou que Marcelino era um adversário político como qualquer outro e que é natural na política receber críticas, especialmente da esquerda, da qual sempre foi opositor. “Eu quero que investigue. Quer investigar? Que investigue de novo, que esclareça de uma vez por todas. Todos nós queremos a verdade, pois, na minha opinião, ninguém comete suicídio sem motivo, e essa foi a conclusão das investigações”, afirmou. Ele também acusou o delegado de desrespeitar a família do falecido vereador por razões políticas.
Rodrigues classificou a conversa vazada de Ulisses como criminosa, afirmando que “cheira a perseguição política” a atitude do delegado a partir de uma postagem de uma militante, querendo ligá-lo a um caso em que nunca foi citado. “Eu nunca fui citado, nada. Nunca mexi com isso, em respeito à família, ao contrário do homem de confiança do Jorginho (Mello), que é o delegado-geral. As coisas estão muito estranhas aqui no estado. A perseguição que o presidente Bolsonaro sofre em Brasília se repete aqui em Santa Catarina pelo delegado. Será que a minha pré-candidatura ao Governo do Estado está incomodando tanto o delegado?” questionou o prefeito, destacando que, se Ulisses quisesse realmente investigar, já o teria feito sem expor a situação.
O prefeito foi além, elevando o tom das críticas. Para ele, Ulisses “não passa de um pistoleiro travestido de delegado-geral,” e que, segundo Rodrigues, envergonha a Polícia Civil com atos que definiu como politiqueiros. “Eu respeito a Polícia Civil, que é honrada, qualificada, mas não respeito alguém que se utiliza de um cargo para perseguir adversários políticos, que se mostra despreparado e desqualificado, nomeado pelo governador para a função”, afirmou, destacando que não teme as ações do delegado.
Ligação para o governador
João Rodrigues revelou que ligou para o governador Jorginho Mello (PL) para informar que o delegado-geral Ulisses Gabriel está perseguindo adversários políticos do governo. Questionado, não revelou qual foi a resposta do governador.
Contraponto
O delegado-geral Ulisses Gabriel foi procurado e enviou a seguinte nota:
Na verdade, recebi postagens de jornalistas e de pessoas sobre o caso Chiarello, inclusive postagens dessa pessoa sobre o caso. Quando estive em Chapecó, em novembro, também recebi demandas sobre o caso. Então indaguei a pessoa se ela tinha informações sobre o caso Chiarello. A minha manifestação foi bem clara. Então ela disse que teria postado sobre o prefeito de Chapecó. Mas a minha manifestação não foi em cima da suposta manifestação do prefeito de Chapecó. Mas sobre o caso. Quando ela citou o prefeito, não fiz manifestação alguma. Diante disse, solicitei a cópia do inquérito policial para que especialistas estudassem o caso. Todavia, o inquérito policial sumiu (e já mandei apurar o sumiço). Ainda bem que na época o Juiz do Caso mandou digitalizar no fórum. Foi feita uma análise do caso e há diversas questões contraditórios, especialmente nos laudos, fatos que farão com que a PC solicite a reabertura do caso.
Sobre supostas perseguições, a PCSC fez 8 operações de combate à corrupção em 2022. Com a estruturação das Decor, aumentamos para 24 em 2023 e 39 em 2024.
Dessa 39 abrangemos diversos municípios e cumprimos ordens judiciais em 60 municípios, em cinco estados: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Além da Capital do estado, foram apurados fatos criminosos em grandes centros como Joinville, Blumenau, São José, Tubarão, Curitiba e Porto Alegre.
Foram realizadas operações em municípios como Praia Grande, Forquilhinha, Tubarão, Sangão, Garopaba, Morro da Fumaça, Blumenau, Santo Amaro, Timbó, Gaspar, Chapecó, Bombinhas, Quilombo, Águas de Chapecó, Rio Negrinho, Tijucas, Urussanga, Florianópolis, dentre outras, que inclusive envolveram agentes públicos que atuam no governo estadual.
Não sei de quais partidos sejam os prefeitos de todas essas cidades, mas creio que sejam de todos os partidos.
A PCSC tem autonomia para agir, de forma técnicas e imparcial.
Respeitosamente.
Ulisses Gabriel
Delegado-Geral da Polícia Civil
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