Quando as redes sociais não bastam: a urgência da ação coletiva frente às negligências da administração pública
A mudança climática aterrissou com força no planeta. Nos últimos meses, diversas regiões ao redor do mundo foram atingidas por chuvas torrenciais que devastaram cidades inteiras. O primeiro grande impacto foi no Rio Grande do Sul, com mais de 220 municípios afetados e aproximadamente 700 mil pessoas prejudicadas. Recentemente, uma segunda catástrofe ocorreu em Valência, na Espanha. Embora a intensidade do desastre tenha sido menor do que no Rio Grande do Sul, a chuva causou mais de 200 mortes e ainda há desaparecidos.
Na Espanha, rapidamente se espalharam nas redes sociais vídeos de uma manifestação massificada (com mais de 130 mil pessoas) de cidadãos que reclamavam da negligência do governo de Valência, que não alertou as áreas afetadas sobre a chegada das fortes chuvas. As manifestações ocorreram poucos dias após o desastre. Em resposta, o governo não descarta possíveis demissões por causa do descaso, mas ficou evidente o descontentamento da população.
E quanto à reação da população gaúcha ao se dar conta das supostas falhas do governo após as enchentes? Apesar das inúmeras mobilizações solidárias para atuar na linha de frente e ajudar os mais afetados, parece que se esqueceu que a política também é uma ferramenta poderosa e que sua eficácia depende da pressão popular.
Infelizmente, hoje, muitos gaúchos (e brasileiros em geral) adotaram o cômodo hábito de criticar o governo apenas nas redes sociais, onde suas opiniões muitas vezes não passam de barulho e desabafo, sem efeitos práticos. Sentados em casa, os cidadãos opinam sem tomar atitudes que de fato pressionem o governo.
Por outro lado, quando as pessoas se organizam e expressam suas demandas no espaço público, criam uma pressão que, cedo ou tarde, obriga o governo a prestar contas e a tomar decisões mais inclusivas. A eficácia política é beneficiada quando o governo responde a uma cidadania ativa, que aponta falhas e exige melhorias.
Mais uma vez, evidencia-se a falta de consciência sobre o bem comum e a ausência de responsabilidade da população para exigir respostas das administrações públicas, que continuam sem atender as necessidades da população pela falta de reivindicações concretas.
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