O fenômeno Adriano Silva em 2020
As pesquisas eleitorais são um dos principais – senão o mais importante – efeito de convencimento do eleitor nas vésperas da eleição. A maioria não gosta de votar em pré-derrotados. Nesta eleição para prefeito em Joinville, as pesquisas coincidem com vitória do prefeito Adriano Silva (NOVO) no primeiro turno e com expressiva votação. Na eleição anterior, contudo, o principal instituto de pesquisa no Sul do país não identificou na sua última pesquisa o “fenômeno” Adriano Silva, que foi para o segundo turno com 22,98%, enquanto o último levantamento da Paraná Pesquisa indicava um segundo turno entre Darci de Matos (PSD) e Fernando Krelling (DB), previsão quase unânime há uma semana antes da eleição de 15 de novembro de 2020. Contudo, a pesquisa constatou em seu radar a subida de Adriano Silva em menos de um mês: na pesquisa de 20 de outubro ele tinha 6,6% e na de 12 de novembro ele subiu para 13,1%.
Erro e acertos
Se o levantamento da Paraná Pesquisas errou na previsão de Adriano Silva (recebeu 22,98%) no primeiro turno, acertou as votações de Darci de Matos e Fernando Krelling, dentro da margem de erro: Darci teve 23,1% na pesquisa de três dias antes da eleição e recebeu 25,3% dos votos. Já Fernando Krelling também superou o percentual da pesquisa (16,1%) ao conquistar 18,5% dos votos. No segundo turno, Adriano Silva venceu Darci de Matos com quase 10% de vantagem (55,43% contra 44,5%).
Rejeições
As pesquisas do Instituto Paraná detectaram o elevado percentual de rejeição nos candidatos Darci de Matos e Fernando Krelling, enquanto Adriano Silva (certamente por se candidatar pela primeira vez) apresentou uma rejeição insignificante. Em eleições, o percentual de rejeição é mais fatal para um candidato porque é muito difícil convencer aquele eleitor a mudar de ideia pela mídia.
Adversários e aliados
Quatro anos depois, o PSD de Darci de Matos está na coligação liderada pelo partido NOVO. Esta decisão foi acertada entre as cúpulas partidárias em Florianópolis, tanto que o diretório municipal do PSD de Joinville não foi consultado e destituído. O vereador Diego Machado (ex-PSDB) assumiu a presidência após se filiar ao partido. Darci de Matos não apareceu na campanha e muito menos nos programas da TV. Uma fonte me garantiu que a ordem partiu do próprio Adriano Silva , da direção da campanha e do partido NOVO.
O exemplo de Jaraguá do Sul
A classe empresarial de Jaraguá do Sul é um exemplo para o Brasil. Todas as empresas nasceram na região e continuam com seus poderes de decisão na própria cidade. Por isso, a preocupação do setor produtivo com a saúde, segurança, mobilidade e manutenção do município. É lá onde residem seus presidentes, diretores, familiares e funcionários. Um exemplo é os mais de 20 herdeiros/bilionários da WEG, cuja maioria reside (e seus familiares) na cidade e acompanham de perto o seu desenvolvimento. Aliás, um dos fundadores da WEG Geraldo Werninghaus já foi prefeito (1997-2000). O atual Jair Franzner (MDB) é diretor e herdeiro da empresa Urbano Alimentos, uma das maiores do país. Em Joinville, indústrias como Nidec (ex-Embraco), Whirlpool, Tupy e Busscar ônibus contam com seus poderes de decisão no centro do país. A Whirlpool, por exemplo, não consta nas estatísticas como empresa catarinense porque seu CNPJ está em São Paulo.
Compromissos com Jaraguá do Sul
Todos os candidatos a prefeito foram recebidos individualmente no Centro Empresarial e receberam do setor produtivo um documento de reivindicações e compromissos sobre gestão pública, saúde, educação, segurança pública, urbanismo e infraestrutura. A Federação das Associações Empresariais entregou também a cartilha “Voz única”, iniciativa que acontece há 16 anos antes das eleições. Participaram dos encontros com os candidatos representantes da diretoria da ACIJS, CDL, Fiesc, Facisc e Sebrae. “Temos caminhado sempre na construção de uma cidade cada vez melhor, uma parceria que todos ganham”, comentou Caroline Cani, presidente da Associação Comercial de Industrial de Jaraguá do Sul (ACIJS).
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