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Conversas supostamente comprometedoras, às quais o SCemPauta teve acesso, mostram que as mensagens divulgadas entre o lobista Glauco Piai e o ex-governador e candidato a prefeito de Camboriú, Leonel Pavan (PSD), saíram de um celular roubado, que posteriormente foi vendido.

O aparelho, que estava nas mãos de uma pessoa que não se pode identificar se é o próprio autor do furto ou um receptador, chegou a ser oferecido a Juliana Pavan, que foi ameaçada caso não pagasse uma quantia não revelada para ficar com o aparelho, que seria negociado com outras pessoas. Segundo uma fonte ligada à candidata de Balneário Camboriú, ela não cedeu à extorsão. “A Juliana não sabia do teor, mas tinha certeza de que não havia nada de errado. Por isso, não cedeu à pressão”, relatou a fonte. Na primeira quinzena de setembro, o celular começou a passar por um verdadeiro processo de leilão. A primeira suposta tentativa de venda ocorreu em Camboriú.

Supostamente conhecedora de que havia algo em relação a Pavan, a ex-vereadora Jane Stefen (UB) trocou mensagens com Patrick, motorista de Glauco Piai. O diálogo sugere uma irritação de Jane com a demora na divulgação. Ela ameaça expor “até eles” se não ajudarem e diz que irá até o governador. A ex-vereadora afirma que se trata “de um esquema das duas cidades (Camboriú e Balneário Camboriú)” e que, se Pavan entrar, supostamente se referindo à eleição dele, irá “ferrar com eles e com Camboriú”.

O vídeo que vazou e irritou Patrick seria contra Leonel Pavan. Ele repreende Jana e pede para que um homem chamado Ramon levante R$ 20 mil com urgência para tirar a família dele de Camboriú. Ao ser cobrada, Jana responde que está tentando.

Contato com o vice

Não foi possível saber de que forma, mas o suposto criminoso teria chegado ao vice-prefeito de Camboriú, Júnior Cardoso. No entanto, o SCemPauta teve acesso a um diálogo em que o vice-prefeito chama a pessoa que estava com o celular de “Vaso”. A conversa, printada, mostra Cardoso chamando o suposto criminoso às 15h39. Eles se falam numa primeira ligação via WhatsApp, que durou 58 segundos. Às 16h43, o criminoso escreve: “500K”.

Júnior volta a fazer contato às 17h58, mais uma vez chamando a pessoa de “Vaso”, demonstrando, pelo apelido, tratar-se de alguém conhecido. Ele escreve que “Fabrício” ligou para ele e faz uma ligação que durou 1 minuto. Às 18h04, o homem chamado de Vaso chama o vice-prefeito e diz: “Ele quer ver agora, às 7”. “Manda bala. Corre”, respondeu Cardoso.

O suposto criminoso continua: “O que tu acha?”. E o vice-prefeito responde: “Voa. Não adianta dar de gostoso. Vai lá”.

Imagens enviadas para o SCemPauta mostram o que seria uma suposta conversa do secretário de Segurança de Balneário Camboriú, Antonio Castanheira, com a pessoa que estava de posse do celular. Segundo sugerem os prints, em uma mensagem, Castanheira teria escrito: “400 hoje, e se ganhamos mais 200 e morre isso, e não negociar com mais ninguém?”. Abaixo, mais uma mensagem: “01 mandou te avisar isso!”.

No dia 16 de setembro, o criminoso grava um vídeo às 15h59 em frente ao comitê do candidato a prefeito Peeter Lee Grando (PL). Ele diz que está entregando um dossiê para a “Campanha do Peeter e do Fabrício”. Temendo algo, afirma que, se algo acontecer com ele, os responsáveis serão Peeter e Fabrício.

Logo após, incomodado com a demora da pessoa designada para falar com ele, às 16h02 o suposto criminoso liga para o prefeito Fabrício Oliveira (PL). Ele questiona se a pessoa está chegando, e o prefeito responde que já estaria passando por Itajaí.

Dias depois, acontece a abordagem ao veículo de Glauco Piai. Imagens obtidas mostram o veículo Land Rover sendo monitorado. A pessoa que grava diz: “Olhe, ele tá bem aqui. Ele tá indo pro do Pavan, tá?”. A pessoa passa filmando o veículo parado na abordagem. As informações apuradas indicam que as conversas seriam supostamente com Antonio Castanheira, secretário de Segurança do governo Fabrício.

Às 17h04, a pessoa que acompanhava a Land Rover manda uma mensagem para Castanheira: “Pegou”. O secretário responde: “Será que te passo?”. E, no mesmo minuto, liga para quem estava gravando. A chamada dura 1 minuto. Uma foto com alguns números e algo escrito que não é legível é enviada por Castanheira para a pessoa que filmava.

No dia 1º, a Folha de S.Paulo divulgou uma matéria baseada em mensagens cedidas por quem teve acesso ao celular roubado de Glauco Piai. Um dia depois, a campanha de Peeter Lee Grando convocou uma coletiva para anunciar que entraria com uma denúncia contra a candidata Juliana Pavan (PSD) por causa do conteúdo da matéria. Leonel Pavan e Juliana Pavan se manifestaram. Pavan informou que os valores mencionados nas conversas com Piai são referentes à venda de um imóvel. Por sua vez, Juliana destacou que seu nome não aparece em nenhuma mensagem comprometedora e que não tem nada a temer. “Quem quiser saber dos negócios privados do meu pai, como neste caso, que foi feito tudo dentro da legalidade, e com os impostos recolhidos, é só perguntar para ele. Já sobre a agência, todos os pagamentos estão declarados como tem que ser, e é a mesma agência que atende a Prefeitura”, explicou.

Procurados, Castanheira, Fabrício Oliveira e Peeter Lee Grando não responderam às tentativas de contato. Já o vice-prefeito de Camboriú, Júnior Cardoso, atendeu. Ao ser questionado, disse que estava no velório de seu tio e que, por isso, não conseguiria falar.

Janne confirmou que teve acesso às mensagens antes da Folha de S.Paulo e que cobrou que fossem levadas a público. Segundo ela, foi Patrick, que estava com Glauco no dia em que o celular foi roubado em Itajaí, que a procurou para informar que estava de posse das informações. Como ele teve acesso, ela não soube explicar. Foi tentado contato com Patrick, que não atendeu à chamada. A assessoria do governador Jorginho Mello (PL) também foi procurada, mas até o fechamento da matéria não deu retorno. Vale destacar que não há, nos materiais aos quais tivemos acesso, qualquer menção de participação do governador.

O SCemPauta está aberto a ouvir todos os citados.