Demora judicial e omissão da família Guidi revoltam familiares de vítimas de desabamento
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O desabamento de uma residência no bairro Maria Céu, em Criciúma, ocorrido na madrugada de 6 de maio de 2015, continua a gerar revolta, especialmente pela lentidão no processo judicial. O trágico acidente resultou na morte de três pessoas da mesma família: Adriano Bento de Souza, sua esposa, Daiane Eleotério Osório, e sua mãe, Valdete Bento de Souza. A casa, construída sob a supervisão do arquiteto Altair Guidi e do construtor Eduardo Cesário, desmoronou pouco tempo após sua conclusão, destruindo também todos os bens materiais da família, incluindo um automóvel Honda Civic.
Elio Monteiro de Souza, patriarca da família, sobreviveu ao desabamento junto com seu neto, Lucas Osório da Silva, que foi resgatado durante a madrugada por pura sorte. Além da devastadora perda de seus familiares, Elio viu sua casa e todos os seus pertences reduzidos a escombros.
O laudo pericial apontou que o desabamento foi causado por falhas estruturais graves, decorrentes de suposta negligência e imperícia tanto do arquiteto Altair Guidi quanto do construtor Eduardo Cesário. A casa desmoronou completamente, soterrando os três membros da família Souza. O laudo cadavérico revelou que Adriano, de 41 anos, Daiane, de 32, e Valdete, de 65, sofreram traumas múltiplos, resultando em mortes instantâneas.
Demora e omissão
O falecimento de Altair Guidi durante o processo judicial exigiu a inclusão de seus herdeiros – Ricardo Guidi, Sandra Zanatta Guidi e Andrea Zanatta Guidi – no polo passivo da ação. No entanto, desde 2020, a citação de Ricardo e Sandra Guidi tem sido marcada por constantes frustrações. Andrea foi citada em dezembro de 2019, mas as tentativas de citação dos outros dois herdeiros enfrentaram inúmeros obstáculos.
Ricardo Guidi (PL), que atualmente é candidato à Prefeitura de Criciúma, não foi localizado em várias ocasiões e, em uma delas, foi confirmado que ele residia no endereço informado, mas houve recusa no recebimento da notificação. Mesmo após ser nomeado Secretário de Estado do Meio Ambiente e da Economia Verde, sua citação só foi concretizada em agosto de 2023, mais de três anos após as primeiras tentativas. Já a citação de Sandra Zanatta Guidi ainda não foi realizada, apesar de múltiplas tentativas, levando a família das vítimas a acreditar em omissão deliberada para dificultar o andamento do processo.
Recentemente, Elio Monteiro de Souza, autor da ação e pai de uma das vítimas, solicitou que a citação fosse feita por edital, uma vez que as tentativas anteriores falharam. O pedido ainda aguarda decisão judicial, enquanto o processo continua a se arrastar.
Processo judicial sem fim
O processo, que tramita desde 2016, tem enfrentado atrasos consideráveis, tanto pela dificuldade de citação dos herdeiros de Altair Guidi quanto por outras complicações legais. Os interrogatórios de Altair e Eduardo Cesário foram realizados em 2015, mas até hoje a justiça não foi feita, prolongando o sofrimento da família Souza.
Para Elio Monteiro de Souza, a demora e a omissão da família Guidi são desrespeitosas com a dor que ele carrega desde a perda de seus entes queridos. A expectativa da família é que, com a conclusão das citações e o andamento do processo, a justiça finalmente seja feita, trazendo algum alívio após anos de espera. A postura da família Guidi, especialmente de Ricardo, que busca agora a Prefeitura de Criciúma, é vista como um descaso com a gravidade da tragédia e com a dor da família Souza.
Dor é constante
O aposentado Elio Monteiro de Souza, de 80 anos, segue sentindo a dor da perda dos familiares. Ele relata que, desde a tragédia, não consegue dormir direito e que a situação causou problemas de saúde, principalmente no coração. Após o desastre, ele foi morar na casa de um sobrinho e passou dois anos com graves sequelas psicológicas. Durante esse período, foi vítima de um golpe cometido por um familiar, que contraiu um empréstimo em seu nome.
Elio estava em casa no dia do desmoronamento. Segundo ele, a casa do filho ficava em cima da sua. Ele só se salvou porque, no momento do desmoronamento, havia ido ao banheiro, escapando por pouco. Sua esposa, o filho e a nora morreram na hora. A nora deixou um filho pequeno. Até o momento, a única compensação recebida por Elio foi um valor do seguro do filho, que trabalhava na mina. Uma parte do dinheiro ficou com o enteado.
Sobre a situação do imóvel, Elio informou que a casa já apresentava rachaduras e que os responsáveis pela construção foram avisados. “Disseram que era para esperar alguns anos, para depois arrumar”, destacou.
Enquanto não há julgamento da justiça, Elio segue sua vida ao lado da esposa atual. Ele afirma que nunca foi procurado pela família Guidi para qualquer tipo de ajuda e lamenta o fato de os herdeiros de Altair Guidi terem colocado dificuldades para serem notificados. “Nada, nem ajuda de ninguém. Nem uma camiseta eu ganhei”, disse. Procurada, a assessoria de Ricardo Guidi ainda não se manifestou.
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