Nos últimos dois meses, o Brasil foi dominado por grandes labaredas de fogo que sacrificaram gigantescas áreas dos biomas da Amazônia e do Pantanal. A fumaça produzida se espraiou por diversos estados brasileiros, causando sérios problemas de saúde pública, inclusive com interrupções de atividades econômicas e sociais. Essa situação ambiental traumática demonstrou o quanto o País vive submetido a um vazio de governança no combate às queimadas. Nessa área, a improvisação e a inoperância ficaram escancaradas nas manifestações públicas feitas pelo presidente Lula.

Essa crise climática provocada pelas queimadas – a maioria criminosa – já estava prevista há bastante tempo, uma vez que os estudiosos do clima apontavam que o País seria submetido a uma seca severa, o que seria um cenário perfeito para esse tipo de desastre ambiental. Além disso, os incêndios, nesse período, como já são sabidos, são intensificados por criminosos que queimam a floresta e as vegetações para fazer pasto para a pecuária e/ou lavoura. Porém, o governo federal não se organizou para atuar de forma preventiva e imediata visando a redução de danos ambientais.

Enquanto os biomas brasileiros queimavam, causando estrago na imagem do País ao redor do mundo e prejudicando a saúde dos brasileiros, o Lula utilizava-se, mais uma vez, de sua conhecida retórica vazia para tentar manipular a opinião pública, justificando que criará a figura da Autoridade Climática – ideia que lhe foi apresentada pela ministra Marina Silva nas eleições de 2022 – e exigirá mais recursos financeiros de países desenvolvidos para utilizá-los na proteção e na conservação dos biomas brasileiros.

A inércia do governo federal no combate aos incêndios atingiu níveis tão desastrosos e insuportáveis que o STF, infelizmente, teve que assumir o protagonismo, fazendo às vezes do Poder Executivo federal. O ministro Flavio Dino, em decisão monocrática, determinou ao Ministério da Justiça a execução de medidas executivas imediatas: a convocação de bombeiros militares de outros Estados da Federação e autorização para a utilização de R$ 514 milhões em crédito extraordinário para combate às queimadas.

O governo brasileiro mais uma vez demonstra completo amadorismo no enfrentamento da questão ambiental e climática. Porém, essa agenda não combina com negacionismo, procrastinação e retórica manipuladora. São necessárias ações planejadas e consistentes para o enfrentamento desse problema que já assola o País. A continuidade desse modelo de reação, marcado pela lentidão e inoperância, nos levará a destruição de nossas estruturas econômicas e sociais: crise no agronegócio, falta de água para o consumo, qualidade de ar insuportável e perda irreparável da fauna e da flora.

O governo federal e a frente parlamentar da agropecuária, que é formada por 250 deputados e 50 senadores, precisam se unir por uma pauta comum em defesa da causa ambiental. Para aqueles que provocam incêndios dolosamente em florestas e vegetações, deve ser consenso a adoção de medidas enérgicas e consistentes, como: a) o endurecimento penal, mediante a fixação de pena de 20 a 30 anos de reclusão e pesadíssima multa; b) a proibição de concessão de crédito (financiamento rural) pelo sistema financeiro, pelo prazo de 15 anos; c) alteração do art. 243 da Constituição Federal para autorizar a expropriação sem qualquer indenização ao proprietário; e, d) adoção de técnicas de rastreabilidade da produção agropecuária brasileira, para limpá-lo do crime ambiental, inviabilizando, assim, a comercialização de produtos originários de áreas desmatadas.

Portanto, é fundamental que haja um consenso civilizatório entre agentes públicos e privados para salvarmos os biomas brasileiros. Nessa matéria, a sociedade civil e a classe política devem formar uma forte conexão. Precisamos cessar esses discursos vazios feitos pelo presidente brasileiro em fóruns internacionais. A reputação do Brasil na comunidade internacional deverá ser edificada em ações concretas, e não em falsos moralismos. A crise ambiental e climática exige ações imediatas. Não há tempo para esperar. A inação, o improviso e a inoperância na área ambiental nos levarão a desastres sem fim. Por isso, uni-vos pela defesa da causa ambiental e pelo combate implacável aos criminosos que destroem o patrimônio da humanidade para auferir lucros fáceis.