Enquanto os partidos políticos estão com dificuldades para preencher as candidaturas femininas para vereador – em qualidade e não em quantidade – o PT de Joinville inicia a corrida eleitoral com pelo menos três candidatas em condições de vitória. Por coincidência, todas professoras: Vanessa da Rosa, Ana Lúcia Martins e Jane Becker. As duas primeiras já disputaram eleições com destaque. Vanessa é a primeira suplente do PT na Assembleia Legislativa e Ana Lúcia é a única vereadora do partido em Joinville. Jane é presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais ao vencer na primeira eleição um adversário que era favorito. É lícito supor que a votação das três petistas irá igualar ou até mesmo superar o número de votos de todas as outras candidatas na próxima eleição.

1ª suplente da bancada

Foto: Bruno Collaço/Agência AL

Professora com mestrado em educação na UFSC e especialização na Universidade de Brasília, Vanessa entrou para a história da Assembleia Legislativa de Santa Catarina por marcar o retorno (durante um mês) de uma mulher negra ao parlamento 89 anos depois de Antonieta de Barros, que em 1924 foi a primeira mulher negra a assumir mandato no Brasil. Casada com o ex-prefeito Carlito Merss, a futura candidata a vereadora recebeu 11.188 votos só em Joinville para deputada estadual, sendo a segunda mulher mais votada.

Primeira vereadora negra

Foto: Mauro Schlieck/CVJ

Ana Lúcia Martins é professora aposentada da rede municipal e na última eleição foi a primeira mulher negra a ser eleita na Câmara de Vereadores com 3.126 votos, a 9ª votação entre os 19; e a segunda mulher mais votada. É graduada em pedagogia e educação física. Neste seu primeiro mandato tem priorizado a educação e a diversidade. No início do mandato recebeu ameaças com conteúdos racistas que viralizaram nas redes sociais do país.

Líder sindical

Foto: Reprodução/Vídeo

Jane Becker disputará sua primeira eleição após assumir a presidência do Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville. Nestes últimos anos, tem sido a principal líder das greves da categoria por melhores condições e reajuste de salário. A base de sua campanha será em propostas aos servidores públicos municipais, que hoje são mais de 12 mil, a maioria não sindicalizada.

Exemplo de 2020

Desde que a legislação eleitoral impôs a cota de candidatas mulheres, os partidos têm encontrado dificuldade para cumpri-la. Nesta eleição, as dificuldades devem ser menores porque o limite de mulheres é apenas quatro por sigla. Em 2020, por exemplo, dois vereadores perderam seus mandatos porque a Justiça Eleitoral (um dos casos chegou ao TSE) reconheceu que seus partidos fraudaram a “cota de gênero” ao utilizarem “candidatas laranja”. Uma delas, por exemplo, era funcionária do gabinete de um candidato à reeleição e pedia votos para seu “chefe” na página dela do Facebook. Osmar Vicente (PSC) com 2.744 votos e Sidney Sabel (DEM) com 2.514 votos não cometeram nenhuma irregularidade em suas campanhas e perderam seus mandatos. Os presidentes dos partidos, verdadeiros responsáveis pelas fraudes, nada sofreram. Um deles é pré-candidato a vereador.