Talvez eu tenha sido o jornalista que mais criticou o primeiro ano do governo de Jorginho Mello (PL). Por isso mesmo, me sinto muito à vontade para escrever que não há o que reclamar da nomeação de Filipe Mello para o comando da Casa Civil.

Não é possível reclamar, primeiro, porque não há qualquer ilegalidade no ato. Não existe nepotismo para esses tipos de caso. Portanto, as críticas não passam de manifestações da oposição ao atual governador, pois a legalidade não pode ser contestada. Além disso, é preciso olhar essa situação com pragmatismo. Filipe sempre teve muito poder no atual governo, tendo, inclusive, aprovado e desaprovado candidatos a ocupar secretarias de Estado. A diferença agora é que ele deixa de ser a eminência parda para se tornar o chefe da Casa Civil com todos os poderes legais.

A verdade é que, enquanto alguns entendem como um benefício do governador a um filho, o fato é que Jorginho faz uma jogada arriscada ao nomear Filipe para o comando da secretaria mais importante para a articulação política de seu governo. Conforme escrevi ainda no ano passado, o governador não poderá exonerar o próprio filho, e tampouco, não cumprir qualquer acordo que será firmado por Filipe com os deputados estaduais e os partidos.

É por isso que boa parte dos parlamentares enxergam como uma oportunidade a nomeação de Filipe Mello, pelo fato de ser um chefe da Casa Civil empoderado, que poderá melhorar a relação do governo com a Assembleia Legislativa, que encerrou o ano passado com um bom número de deputados insatisfeitos com o tratamento recebido. Entre os deputados entusiastas, está Ivan Naatz (PL), que desde a metade de 2023 tem feito campanha em favor de Filipe.

O fato é que o filho de Jorginho assume um desafio ao qual não poderá falhar. Tem preparo e traquejo político para dar certo e fortalecer o governo na articulação. Acontece que sempre tem o ônus. E esse, a depender do desempenho, poderá ser pesado demais, ao ponto de tornar a Casa Civil um verdadeiro alvo a atingir o coração do governador.

Troca na Comunicação 1

Há tempos se ouviam rumores de mudanças na Secretaria de Estado da Comunicação. Havia uma insatisfação com o trabalho de João Debiasi. Além de apresentar muito mais teoria do que prática, falta a Debiasi uma visão mais inteligente sobre comunicação. Apegado a um antigo modelo, se fechou ao diálogo e somente manteve contato com quem lhe interessava. Além disso, vendeu a ilusão de que, ao criar uma agência de notícias, as pessoas passariam a ler as informações sobre o governo apenas no portal estatal, desconsiderando os demais veículos online. Sai do governo e não deixará saudade. Deve aprender com a lição deixada por São Josemaria Escrivá: “Não queiras ser como aquele catavento dourado do grande edifício; por muito que brilhe e por mais alto que esteja, não conta para a solidez da obra”.

Troca na Comunicação 2

A entrada de João Paulo Gomes Vieira tem tudo para tornar o trabalho da comunicação do Governo do Estado muito mais eficaz. Publicitário com trabalho reconhecido em todo o país, Vieira é o responsável por grandes projetos de sucesso para a TV e online. Se derem carta branca, fará um trabalho inovador.

Demais mudanças

Outras mudanças ainda devem ocorrer no decorrer do primeiro trimestre. O governador Jorginho Mello (PL) ainda não trocou o comando da Secretaria de Estado da Agricultura, porque tem a ideia de oferecer o cargo ao MDB. O mais provável é que a mudança só ocorra a partir de fevereiro. Na Secretaria de Estado da Saúde, Diogo Demarchi Silva, atual adjunto de Carmen Zanotto, assumirá o comando do setor. A escolha por Silva atende a um pedido da própria Carmen.

Antecipamos

A coluna segue antecipando informações em primeira mão. Assim como aconteceu no início do governo de Jorginho Mello (PL), dos secretários nomeados agora, você soube pelo SCemPauta que Filipe Mello assumiria a Casa Civil. Vânio Boing a Secretaria de Administração, Renato Marques de Lacerda a SC Par, coronel Fabiano de Souza a Defesa Civil, e Sargento Lima a Segurança Pública. Também antecipamos a mudança na Ciasc, só não informamos o nome.

Prioridades da Segurança

Ontem conversei com o novo secretário de Estado da Segurança Pública, Sargento Lima. Ele me disse que o clima é de harmonia no setor e que não haverá troca de comando, com exceção dos Bombeiros, já que o agora ex-comandante assumiu a Defesa Civil. Uma das maiores preocupações de Lima é com as pessoas em situação de rua. Ele entende que é preciso realizar ações para inibir o aumento de pessoas nas ruas das cidades catarinenses, destacando que trabalhará para que Santa Catarina não passe pelo grave problema enfrentado pelo estado de São Paulo com a Cracolândia.

Acordo entre estados

De acordo com o secretário de Estado da Segurança, Sargento Lima, um problema que foi identificado é o da migração de pessoas que são enviadas de municípios menores para grandes cidades catarinenses. “Colocam numa van, pagam passagem e os transferem para cidades maiores”, relatou. Ele entende que é preciso responsabilizar os prefeitos. Lima vai propor um acordo aos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, para que se crie uma ação em conjunto para evitar que pessoas em situação de rua fiquem circulando pelos estados sem qualquer perspectiva de melhora na situação de vida. “O governador pediu empatia com o cidadão”, afirmou.