Buenos Aires – Começou a votação que elegerá o próximo presidente da Argentina. O clima aqui em Buenos Aires é de tranquilidade nas ruas, apesar da tensão causada pela incerteza da eleição.

Com o fim da campanha na quinta-feira, não se vê nas ruas nenhuma abordagem eleitoral e tampouco manifestações, seja pela continuidade ou pela mudança, como chegou a ser publicado nas redes sociais no Brasil. Sobre os candidatos, Sérgio Massa é considerado uma opção de menor risco em comparação a Javier Milei, que gera temor devido às suas ideias radicais sobre economia e questões sociais. Em um país com alta taxa de pobreza, falar em retirar benefícios sociais é contraditório para quem promete mudanças para melhorar a vida da população. Além disso, Milei promete dolarizar a economia. O problema é que não há reservas para tal.

O alinhamento político é outro motivo para apreensão. O libertário que já admitiu publicamente pedir conselhos ao seu falecido cachorro promete afastar o país da China e do Brasil, importantes parceiros para a Argentina. Vale lembrar que o Brasil concedeu financiamento para que os argentinos continuem importando produtos do nosso país. Já Pequim renovou e ampliou a troca cambial com a Argentina, até o equivalente a US$ 10 bilhões. Acordo que permitiu aos hermanos o pagamento de uma dívida de US$ 1 bilhão com o FMI.

Por outro lado, tem Massa. Ser o atual ministro da Economia em um governo que sacramentou a crise que paira, não somente sobre o país, mas também sobre o Peronismo, o coloca numa condição de ser a continuidade e isso provoca temor em uma população cansada de sucessivas crises. Mas ao contrário do que vi em agosto quando estive aqui, o peronismo demonstra a sua força e traz Massa para uma condição de igualdade com Milei, ao ponto de termos uma eleição imprevisível. Agora, o mais impressionante é ver os jovens sem esperança se negando a votar, por acreditarem que não haverá mudança, independentemente do resultado da eleição.