O SCemPauta tem detonado, com razão, uma grande confusão política que está acontecendo em nosso Estado: a oposição que o Governador vem fazendo ao Governo Federal. É sabido que ele tem lá suas motivações, mas, nem por isso, deixa de ser uma atitude bem distante da lógica da administração pública. Se o PL de Jorginho vota contra projetos de Lula que contrariam o ideário do partido e senta o porrete nas coisas erradas que o Presidente tem dito e tem feito, está correto. Sem reparos. É ali no ringue da política e, especialmente, no Parlamento, que se faz oposição. É isso que os eleitores devem exigir de seus representantes na Câmara e no Senado. Mas, os que foram escolhidos para ocupar cargos administrativos – prefeitos e governadores – não têm nada que brigar com a outra esfera administrativa, mesmo que ela esteja sendo comandada por seus adversários.

O Governador de São Paulo assumiu a postura certa. Criou meios de entendimento com o Presidente e os ministros dele. E conversando com eles, modificou alguns pontos da Reforma Tributária que prejudicariam seu Estado. É assim que deve ser. Mas, a turma do PL que foi sua aliada na eleição e participa de seu governo, bateu forte no Tarcísio – que estava, sabiamente, colocando os interesses do seu Estado acima e de fora das divergências políticas.

O sucesso de uma administração estadual depende muito do bom relacionamento com a administração federal. Estados e União têm que se entender. Não podem ser oponentes. Não são partidos. Vereadores e deputados representam as pessoas que votaram neles e, por isso, só precisam prestar contas de seus atos e de suas posições a eles. Devem expressar as ideias e ideologias que apresentaram durante as campanhas eleitorais. Há muitos outros parlamentares para defenderem a vontade de quem votou em outros candidatos, em outros partidos. Esse é um elemento chave do sistema de voto proporcional. Um prefeito ou um governador quando eleito, é único. Passa a representar toda a população de seu município ou de seu Estado. Não pode se comportar como representante de apenas uma parcela dos cidadãos, por maior que seja. Oposição se faz no Parlamento; entre o Presidente da República, governadores e prefeitos deve haver cooperação. Eles não precisam ser amigos ou aliados, mas precisam ser parceiros. E deixar as desavenças lá no ringue certo.

E o papel de Lula na Guerra?

Já passaram quase dezessete meses desde que a Ucrânia foi invadida e vem tentando se defender dos russos. De repente, no meio do tiroteio – lembra? – surgiu o Presidente do Brasil se oferecendo para pacificar o conflito. Ele apresentou-se como um mediador, mas, mostrou clara simpatia pelos russos. Claro que ninguém levou essa conversa a sério, seja pela parcialidade ostensiva, seja pela irrelevância do pretenso articulador. E para coroar seu desempenho, defendeu propostas simplistas e simplórias, do tipo – “cada um deveria ceder alguma coisa”. A Ucrânia foi invadida e agora, para ter a paz, precisa entregar alguma coisa para os invasores? Não dá para dizer que é uma ideia brilhante. Qual é, então, o papel do Lula? De fato, não é papel. É um papelão.