Jair Bolsonaro é uma pessoa de pouca instrução, muito esperto, bastante intuitivo. E foi por aí que ele se elegeu: pela qualidade que tem o seu nariz para farejar um caminho próprio. Em 2018 ele descobriu aquilo que os marqueteiros da iniciativa privada mais procuram: um produto que ainda não existe, mas que é, exatamente, o que o consumidor deseja adquirir. Com sua peculiar intuição, ele vestiu o traje e o discurso apropriados para o papel: contra o PT, contra a “política tradicional”, a favor de uma pauta conservadora no que diz respeito a valores da família e liberal na economia. Mas, já na Presidência, esse encantamento diminuiu e Bolsonaro não soube se reprogramar direito.

Em vez de tornar-se o personagem “Presidente”, preferiu continuar vestindo a pele de guerreiro contra o PT. E contra um monte de outras coisas. Quando percebeu que assim não dava para levar o governo, aliou-se com quem não devia e passou a ter duas caras. Com isso desagradou a uma parte de seus antigos eleitores sem conquistar outros que os substituíssem. Deu no que deu.

A partir de 1º de janeiro a situação é outra. Para manter-se na condição de expoente da oposição ao novo governo, ele e seu pessoal precisam definir com clareza as metas, o público a ser buscado, as propostas, os confrontos que valem a pena, o equilíbrio entre a pancadaria e as atitudes dignas de um eventual futuro presidente. Outra coisa, ainda, é ter claro o momento em que deixará para trás as discussões sobre a lisura ou não do processo eleitoral e passará a encarar os passos futuros, olhar para a frente.

Certamente essa é uma lição de casa complicada para o desatento e indócil aluno Jair Bolsonaro. E da sua capacidade de realizá-la depende o tamanho da sua importância nas batalhas que ainda virão. Na hipótese de que o Capitão, quase ex-presidente, não dê conta da tarefa de liderar a legião de descontentes e amargurados com a volta do PT, o vácuo daí resultante será ocupado por alguma das novas estrelas que surgiram na eleição: Tarcísio Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior, Ronaldo Caiado, Sergio Moro.

Fugindo do assunto incômodo

Há palavras que Lula e o PT não gostam de ouvir e não conseguem falar. Uma delas, acima de tudo, é “corrupção”. A revista Veja se deu ao trabalho de contar o número de vocábulos que o Presidente Eleito utilizou no discurso da sua diplomação. Foram 1.144. E nenhum deles tinha ligação com o tema da honestidade ou da falta dela. Esta é a cruz da qual o quase presidente foge em pânico. A propósito, a escolha da cantora Margareth Menezes para o cargo da Ministra da Cultura parecia bastante adequada ao perfil imaginado pela cúpula petista: mulher, negra, ativista política, ligada ao meio cultural. Só faltou um elemento. E ele não chegou a ser investigado justamente em razão do aludido fato: dessa específica questão, Lula quer distância. A imprensa, porém, não perdoou. O que a futura ministra deve à Receita, à Previdência e, veja só, também ao Ministério que ela vai chefiar, chega a mais de 1 milhão de reais. Surpresa? Não. Tudo exatamente como dantes acontecia. Com a diferença de que, pelo menos por ora, isso aí parece farelo miúdo.   

O exemplo a ser seguido

Nos seus trinta e três anos de vida, Jesus Cristo ocupou-se de tarefas aparentemente simples: ensinou as pessoas a fazer incondicionalmente o bem, respeitar seu semelhante e compreender que o amor é o alicerce de uma vida digna. Parece pouco. Com essas lições, entretanto, ele influenciou inigualavelmente a formação da humanidade. Grande parte dos países do nosso planeta adota hoje, nas suas leis, nas suas constituições, a visão cristã do valor da pessoa humana. E, em consequência, a defesa de seus direitos fundamentais independentemente da origem de cada um, da sua cor, suas posses ou crença religiosa. Ninguém, nunca na história, influenciou tanto a vida dos seres humanos como esse rapaz pobre que viveu numa época em que não existiam meios de comunicação. Este é o exemplo que devemos seguir. Devemos nos reconciliar e nos congraçar, neste Natal, com nossos familiares, amigos, conhecidos, com todas as pessoas, com a vida. Começando com o reatamento conosco mesmo.

O ainda Presidente Jair Bolsonaro provavelmente terá um papel relevante na política brasileira dos próximos anos. Se não bobear será o principal líder da oposição. Não talvez o melhor, mas o maior, aquele que hoje tem um patrimônio mais encorpado em termos de voto e de prestígio político. É possível até que tente uma revanche contra o PT em 2026. Mas, um mistério ainda persiste e invadirá essa próxima fase da história do Brasil: qual será, ou quem será, o Bolsonaro que vai estar aí, capitaneando as hostes anti-PT? É difícil saber quem é o verdadeiro Jair Bolsonaro: o que diz coisas estapafúrdias para sua específica e apaixonada torcida, ou o que faz declarações pacificadoras e sensatas? Eu, que fui colega dele, como deputado, por oito anos, acho que percebi o jeito como o cara dança, e apostaria que ele é as duas coisas e coisa nenhuma.

Jair Bolsonaro é uma pessoa de pouca instrução, muito esperto, bastante intuitivo. E foi por aí que ele se elegeu: pela qualidade que tem o seu nariz para farejar um caminho próprio. Em 2018 ele descobriu aquilo que os marqueteiros da iniciativa privada mais procuram: um produto que ainda não existe, mas que é, exatamente, o que o consumidor deseja adquirir. Com sua peculiar intuição, ele vestiu o traje e o discurso apropriados para o papel: contra o PT, contra a “política tradicional”, a favor de uma pauta conservadora no que diz respeito a valores da família e liberal na economia. Mas, já na Presidência, esse encantamento diminuiu e Bolsonaro não soube se reprogramar direito. Em vez de tornar-se o personagem “Presidente”, preferiu continuar vestindo a pele de guerreiro contra o PT. E contra um monte de outras coisas. Quando percebeu que assim não dava para levar o governo, aliou-se com quem não devia e passou a ter duas caras. Com isso desagradou a uma parte de seus antigos eleitores sem conquistar outros que os substituíssem. Deu no que deu.

A partir de 1º de janeiro a situação é outra. Para manter-se na condição de expoente da oposição ao novo governo, ele e seu pessoal precisam definir com clareza as metas, o público a ser buscado, as propostas, os confrontos que valem a pena, o equilíbrio entre a pancadaria e as atitudes dignas de um eventual futuro presidente. Outra coisa, ainda, é ter claro o momento em que deixará para trás as discussões sobre a lisura ou não do processo eleitoral e passará a encarar os passos futuros, olhar para a frente. Certamente essa é uma lição de casa complicada para o desatento e indócil aluno Jair Bolsonaro. E da sua capacidade de realizá-la depende o tamanho da sua importância nas batalhas que ainda virão. Na hipótese de que o Capitão, quase ex-presidente, não dê conta da tarefa de liderar a legião de descontentes e amargurados com a volta do PT, o vácuo daí resultante será ocupado por alguma das novas estrelas que surgiram na eleição: Tarcísio Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior, Ronaldo Caiado, Sergio Moro.

Fugindo do assunto incômodo

Há palavras que Lula e o PT não gostam de ouvir e não conseguem falar. Uma delas, acima de tudo, é “corrupção”. A revista Veja se deu ao trabalho de contar o número de vocábulos que o Presidente Eleito utilizou no discurso da sua diplomação. Foram 1.144. E nenhum deles tinha ligação com o tema da honestidade ou da falta dela. Esta é a cruz da qual o quase presidente foge em pânico. A propósito, a escolha da cantora Margareth Menezes para o cargo da Ministra da Cultura parecia bastante adequada ao perfil imaginado pela cúpula petista: mulher, negra, ativista política, ligada ao meio cultural. Só faltou um elemento. E ele não chegou a ser investigado justamente em razão do aludido fato: dessa específica questão, Lula quer distância. A imprensa, porém, não perdoou. O que a futura ministra deve à Receita, à Previdência e, veja só, também ao Ministério que ela vai chefiar, chega a mais de 1 milhão de reais. Surpresa? Não. Tudo exatamente como dantes acontecia. Com a diferença de que, pelo menos por ora, isso aí parece farelo miúdo.   

O exemplo a ser seguido

Nos seus trinta e três anos de vida, Jesus Cristo ocupou-se de tarefas aparentemente simples: ensinou as pessoas a fazer incondicionalmente o bem, respeitar seu semelhante e compreender que o amor é o alicerce de uma vida digna. Parece pouco. Com essas lições, entretanto, ele influenciou inigualavelmente a formação da humanidade. Grande parte dos países do nosso planeta adota hoje, nas suas leis, nas suas constituições, a visão cristã do valor da pessoa humana. E, em consequência, a defesa de seus direitos fundamentais independentemente da origem de cada um, da sua cor, suas posses ou crença religiosa. Ninguém, nunca na história, influenciou tanto a vida dos seres humanos como esse rapaz pobre que viveu numa época em que não existiam meios de comunicação. Este é o exemplo que devemos seguir. Devemos nos reconciliar e nos congraçar, neste Natal, com nossos familiares, amigos, conhecidos, com todas as pessoas, com a vida. Começando com o reatamento conosco mesmo.