Na coluna anterior desta série sobre o futuro de Santa Catarina, intitulada “Eleitos devem olhar o Turismo”, desenhamos o cenário sobre a importância e potencial da dimensão turística do nosso Estado – apontando que, juntamente com o Agro, é a grande alavanca para o nosso desenvolvimento social e econômico, com a geração de centenas de milhares de empregos e empresas, resultando na melhoria da renda das famílias.

Em resumo, propusemos em primeiro lugar um profundo diagnóstico para o desenvolvimento de uma política turística planejada – seguida da elaboração planos regionais de Turismo; em segundo lugar, a definição dos modelos de ação para estruturar o Turismo – com obras e ações de infraestrutura nas cidades – e também a divulgação nacional e internacional, sempre como a visão conceitual da participação da iniciativa privada (concessões, PPPs) e um plano de incentivos para atrair investimentos do Brasil e do exterior.

E também financiamento via bancos de desenvolvimento. Sobre isso, importante lembrar que quando ocupamos a Secretaria Nacional de Políticas do Turismo (2012/2015) realizamos, com parceria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo na Região das Serras Gaúcha e Catarinense, com integração inclusive ao Litoral Sul de SC, um planejamento Serra-Mar. O objetivo era a captação de empréstimo no próprio BID, mas há sete anos essa ação não andou.

Isso é plenamente exequível. Acabamos de fazer isso em São Paulo, percorrendo exatamente o mesmo caminho: em 2020 estabelecemos uma cooperação técnica no valor de US$ 250 mil financiada pelo BID a fundo perdido, com o objetivo principal de estabelecer as bases para a implementação de um plano de recuperação e retomada para o setor de turismo pós-pandemia. Recentemente, anunciamos a estruturação do programa do programa de investimento e do fundo financiamento no valor de US$ 300 milhões (mais de R$ 1,5 bilhão).

Este seria também o caminho ideal para a concretização de um estudo sobre o Litoral Catarinense realizado pelo Instituto Dias Velho, com participação de 40 dos melhores arquitetos catarinenses – e que pode ser muito bem aproveitado, sobretudo numa equação de aprovação de GEI-GERCO, o Plano de Gerenciamento Costeiro que o nosso Estado deve ao seu maior ativo: seu Litoral e sua Economia do Mar.

Também no que se refere a recursos para o Turismo, temos em São Paulo bons exemplos que podem ser adaptados em SC. Um deles é o Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos), que faz o repasse de recursos para as Estâncias Turísticas e Municípios de Interesse Turísticos para obras de infraestrutura turística. Contempla 210 municípios. Nesses quase quatro de nossa gestão frente à Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo repassamos nada menos do que R$ 1,6 bilhão.

No caso da iniciativa privada, criamos – por causa da pandemia – um programa de Crédito Turístico com a parceria de bancos públicos, que emprestou mais de R$ 2 bilhões em condições bastante especiais aos empreendedores do Turismo. Um programa que veio para ficar.
Outro instrumento que criamos, este em parceria com a InvestSP e diversas instituições financeiras, foi a Central do Investidor Paulista, que em apenas um ano viabilizou mais de R$ 840 milhões em investimentos no Turismo de São Paulo. Essa Central é um espaço físico e virtual de orientação para os negócios, com foco em gestores públicos, empreendedores e investidores privados. O objetivo é facilitar o acesso a linhas de financiamento e apoio às oportunidades de negócios.

Ou seja, numa soma total, chegamos a cerca de R$ 4,5 bilhões em recursos diretos e financiamento para o Turismo nesses quase quatro anos. Sem dúvida, dinheiro é algo que o Turismo precisa muito, para ser estruturado e divulgado. Mas também é necessário criar programas e iniciativas para que a aplicação desses recursos alcance os seus melhores resultados.
É sobre esses programas, como Distritos Turísticos, Rotas Cênicas e Gastronômicas, Ecoaventura, Ensino do Turismo nas Escolas e tantos outros que vamos falar na próxima coluna dessa série sobre Propostas e Metas para SC. Com um destaque especial: os Parques Naturais, que com certeza serão uma das alavancas para aumentar a atratividade do nosso Estado, no país e no exterior.