O psicólogo israelense Daniel Kahneman, prêmio Nobel de Economia, autor do best-seller “Rápido e Devagar – Duas Formas de Pensar”, apresenta, em sua obra clássica, dois sistemas de pensamento. Segundo o autor, o sistema 1 opera automática e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço e nenhuma percepção de controle voluntário. É o modo rápido de pensar. Esse sistema é intuitivo e determina a maioria das decisões humanas, como, por exemplo, dirigir. Para Kahneman, o sistema 1 dá origem sem esforço às impressões e sensações que são as principais fontes de crenças explícitas e escolhas deliberadas do sistema 2.

Segundo aquele premiado psicólogo, pelo sistema de pensamento 2, são alocadas atenção às atividades mentais laboriosas que exigem atenção, esforço, escolha e concentração. Este sistema opera de forma lenta. Por meio dele, são empreendidos pensamentos profundos sobre diferentes dados para a tomada de decisão. Esse sistema é o ideal para a resolução de questões complexas e impactantes. Para Kahneman, geralmente, as pessoas delegam ao sistema que pensa rápido uma tarefa cuja complexidade exigiria uma avaliação mais demorada.

No último domingo (02 de outubro), os brasileiros foram às urnas para eleger os seus representantes nos parlamentos estaduais e federais, bem como os chefes dos poderes executivos estaduais e federais. Pelos resultados das eleições, é possível afirmar que, parcela considerável de eleitores, pautaram as suas escolhas no sistema de pensamento 1. Para esses eleitores, o sistema de pensamento 2 não foi utilizado para a escolha de candidatos. Nesse sentido, o que se percebeu é que as decisões, principalmente, para os cargos proporcionais – deputados estaduais, federais e senadores – foram pautadas em critérios emocionais, e não racionais.

As paixões dominaram muitas das escolhas. Nesse caso, os eleitores não investigaram a vida pregressa de seus candidatos. Não procuraram saber a posição dos escolhidos quanto a temas relevantes para a vida nacional, como, por exemplo, o meio ambiente, saúde, educação, inovação, empreendedorismo, a indústria e a segurança pública etc. O eleitor que procedeu dessa forma, renunciou ao direito fundamental de serem feitas escolhas de representantes pautadas em investigações profundas e responsáveis. Ao optar pelo sistema de pensamento 1, o eleitor pode ter escolhido candidatos que não representam os seus interesses. O pensamento rápido não é adequado para escolhas de representantes políticos. Portanto, espera-se que nas próximas eleições, a maioria dos eleitores não deixem as emoções dominarem o processo decisório.