Correndo o risco de ser politicamente incorreto e praticar algum tipo de preconceito contra pequenos partidos, entendo que, neste momento, metade dos dez candidatos ao governo estadual estão mais bem colocados nessa corrida. São eles, em ordem alfabética: Carlos Moisés, Décio Lima, Esperidião Amin, Gean Loureiro e Jorginho Mello. Dentre os demais, não é impossível que alguma zebra dispare e ultrapasse os favoritos. Mas, é difícil. Política, assim como o futebol, muitas vezes não tem lógica, mas, na maioria dos casos, e em ambos os campos, os mais fortes acabam chegando na frente.

Em uma análise anterior ressaltei a importância de dois fatores: a disponibilidade de tempo na TV e no rádio, e o apoio do candidato presidencial Bolsonaro, queridinho dos catarinenses. A primeira dessas circunstâncias ajuda, pela ordem de maior tempo, Gean, Décio e Moisés. A segunda ainda é uma incógnita posto que três candidatos têm razões que podem favorecer de algum modo a simpatia do Capitão. Mas, ele próprio parece mais interessado em juntar para si mesmo a votação dos três. Já no segundo turno, dependendo de quem estiver lá, a conversa tende a ser outra.

No decorrer dos últimos dias aconteceram dois fatos relevantes: as pesquisas da NSC e a do Instituto Tulipa de Pesquisas de Mercado e Opinião Pública Eireli, esta última publicada aqui no SC em Pauta. A primeira indica a seguinte ordem de classificação na preferência popular: Moisés, Jorginho, Amin, Gean e Décio. Essa classificação difere da ordem de disponibilidade de tempo na TV. E o motivo pode exatamente ser o fato de que a propaganda na televisão ainda não havia começado quando a pesquisa foi feita. E, como diz Jorge Bornhausen, certamente o político mais experiente de Santa Catarina, só depois de pelo menos uma semana após o início das veiculações é que se pode perceber o seu efeito, para o bem e para o mal. Tempo grande é bom, mas se for mal utilizado, pode ser um tiro no pé. O segundo levantamento mostra alterações na ordem dos concorrentes. E a principal é que Gean aparece com mais que o dobro do que tinha na outra, pulando da quarta para a segunda posição. 

Em todo o caso, em termos de “bloco favorito”, as duas pesquisas bateram com meu palpite sobre o grupo da frente. É aquele mesmo. E revelaram também que existe um outro elemento muito importante a considerar: a rejeição dos candidatos. Quando os eleitores entrevistados são indagados em quem eles “não votariam de jeito algum”, suas respostas deixam claro que alguns candidatos terão uma dificuldade adicional para conquistar votos: a limitação de crescimento devido à rejeição de quem vai votar. E, do outro lado, quem é menos citado nesta pergunta danada, terá a estrada mais aberta e o eleitor mais receptivo à sua campanha. Nessa linha, o aspecto mais interessante é que justamente Carlos Moisés, primeiro, ainda que apertado, na atual preferência dos votantes, é o campeão desta incômoda malquerença. E isso não surpreende porque um candidato, como ele, que já está no cargo que disputa, carrega consigo todo o bem e todo o mal que porventura possa ter praticado no exercício da administração. Na média das duas pesquisas, Décio é o segundo mais rejeitado e isso ele pode, em grande parte, pôr na conta do seu partido, muito pouco estimado pelos catarinenses.

Essas comparações entre aprovação e rejeição não chegam a ser ciência, mas, somadas ao tamanho do tempo de TV e outros prós e contras, é um bom indício inicial da maior ou menor facilidade ou dificuldade que cada um encontrará no caminho rumo ao Governo.       

Candidatos no JN e no debate

Mudando de saco para mala, mas continuando no setor de bagagens, pergunto: o que você achou do desempenho dos candidatos presidenciais naquelas entrevistas do Jornal Nacional? Sendo bem sincero, não gostei dos dois que estão à frente nas pesquisas, em parte pelas suas próprias e conhecidas insuficiências, em parte devido ao fato de que estando eles, neste momento, numa disputa mano a mano (que possivelmente levará os dois ao segundo turno), preferiram jogar pelo empate, não perder votos, sair vivo do confronto com Bonner e Renata. Lula levou pequena vantagem porque sua arte de engambelar é insuperável. Os outros dois, Ciro e Simone, jogaram melhor. Primeiro porque tanto ele como ela são mais bem preparados. Segundo, porque, como a esta altura têm muito pouco a perder, entraram no inquisitório de sangue doce. O debate da Band, poucos dias depois, confirmou, com pequenas oscilações, esses desempenhos e essa avaliação.