SC: as melhores cidades, PIB nas alturas – por quê? – Coluna do Vinícius Lummertz
Dois fatos vão servir de pilares de argumentação para esta coluna e também para a próxima que vamos escrever aqui no SC em Pauta.
Fato 1: Santa Catarina é um dos principais destaques do ranking As Melhores Cidades do Brasil 2022, publicação anual da revista IstoÉ. Onze dos municípios que formam o top 50 estão no Estado, com direito a pódio 100% catarinense – Joinville, Jaraguá do Sul e Blumenau ocupam, respectivamente, o primeiro, segundo e terceiro lugares. Mas tem muito mais: Entre os municípios de porte grande, Joinville (1ª), Blumenau (2º) e Florianópolis (4ª) integram o top 5. Na relação de médio porte, Jaraguá do Sul (1ª) e Brusque (4ª) se destacam. No caso dos municípios pequenos, o Vale emplacou dois pódios com Timbó (1ª) e Pomerode (3ª).
O levantamento é feito em parceria com a Editoria Três e a Austin Rating, uma agência de risco brasileira. O estudo, que levou em consideração todos os 5,5 mil municípios do país, mapeia cerca de 280 indicadores ligados à qualidade de vida, mercado de trabalho, saúde, educação e presença digital, além de inclusão social. Critérios como padrão de vida, capacidade de arrecadação e habitação também são levados em conta.
Fato 2: resultados positivos de emprego e movimentação econômica devem confirmar Santa Catarina como o terceiro estado mais rico do Brasil ao fim deste ano, considerando o PIB per capita. O Estado deve desbancar o Rio de Janeiro, que hoje ocupa a posição. Essa confirmação virá com a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos estados, que geralmente é feita pelo IBGE em novembro. Os dados são retroativos a dois anos – no caso, 2020 – e, desta vez, incluirão o período de pandemia.
Atualmente, de acordo com o PIB per capita de 2019, que foi divulgado pelo IBGE no fim do ano passado, SC é o quarto estado mais rico do Brasil. O PIB por habitante de R$ 45.118,41, só um pouco atrás do Rio de Janeiro, que é de R$ 45.174,08. O Distrito Federal lidera o ranking, com um PIB per capita de R$ 90.742,75, seguido por São Paulo com R$ 51.140,82.
Para 2020 e 2021, a confirmação da taxa de desemprego catarinense como a menor do país, de acordo com o IBGE, deve ajudar no ranking. Com menos da metade da população do RJ, Santa Catarina gerou 203 mil empregos formais nos dois últimos anos, em meio à pandemia. Foram 29 mil no Rio de Janeiro.
Colocados os dois fatos, a primeira questão que vem à baila parece óbvia: como um Estado que tem apenas 3,4% da população do Brasil e 1,1% do território nacional pode chegar a esses números e resultados?
Para responder a essa questão, recorro também aos meus diálogos e consultas ao emérito professor Neri dos Santos, hoje CEO do Instituto Stela, que cria e implanta plataformas digitais para ecossistemas de inovação no Brasil e no exterior, integrante da seleta lista da Universidade de Stanford (EUA) dos 100 mil maiores pesquisadores do mundo e que comigo fez parte da linha de frente do grupo que elaborou um dos planos de governo da gestão Luiz Henrique da Silveira – a qual, aliás, será motivo de argumento no desenvolvimento deste texto.
Em primeiro lugar, consideramos que o fator mais importante é que a economia SC Catarina é muito diversificada e, em tempos de pandemia, essa diversidade foi importante para garantir uma resiliência econômica e, sobretudo, para garantir a retomada econômica. Há outros fatores que também contribuem para este crescimento econômico sustentável, como, por exemplo, um capital humano mais qualificado que em outros estados e uma economia privada mais relevante do que a economia pública.
Para se ter uma ideia, só a multinacional WEG, de Jaraguá do Sul, teve um faturamento bruto em 2021 de R$ 18 bilhões, enquanto o orçamento do Estado nesse mesmo ano foi de R$ 24 bilhões. Portanto, uma WEG e meia, já ultrapassa em muito o orçamento do governo. Nenhum estado do Brasil tem esta característica. As iniciativas inovadoras do empresariado catarinense também são um fator a ser considerado, o que evidencia uma dinâmica econômica característica de SC numa economia que costumo batizar de autóctone, ou seja, formulada e desenvolvida aqui mesmo sob os auspícios da inteligência, da força de trabalho e persistência dos catarinenses.
Resumindo, temos três fatores-chave de sucesso de SC para este desempenho crescente e sustentável:
1) A economia diversificada, que é mais resiliente aos impactos gerados pelas crises econômicas e pelos eventos adversos, como foi o caso da pandemia;
2) O capital humano catarinense é melhor qualificado do que a média nacional. Santa Catarina é o Estado do Brasil com a menor taxa de analfabetismo;
3) SC é o Estado mais privatizado do Brasil e o que oferece um ambiente mais favorável aos negócios.
Sem esquecer que tudo isso se origina do fato histórico que foi nossa colonização, a partir de 1870 – e que criou o que também batizei de “estado de espírito catarinense”, com princípios de educação e trabalho, persistência e fé – salienta-se que o excepcional desempenho social e econômico de SC não se concentra em uma única região, mas está distribuída, de forma equilibrada, em todas as regiões, o que evidencia a cultura empreendedora e inovadora da população catarinense.
E é este equilíbrio entre nossas regiões que nos levará à próxima coluna, em que vamos abordar um fato, a política que revolucionou e construiu a Santa Catarina deste Século 21: a Descentralização, idealizada e colocada em prática pelo governador Luiz Henrique a partir de 2023. A pergunta que fica é: por que não avançamos mais na Descentralização e abandonamos essa excelente política?