Depois de um segundo semestre de 2021 com ampliação de receitas em 77% com a retomada concentrada nas viagens domésticas, uma supertemporada de Verão por todo o país e da comemoração da plena retomada turística nos exuberantes desfiles das escolas de samba nos carnavais de Rio e São Paulo, fui desafiado por alguns jornalistas a listar quais são os 12 principais potenciais de futuro do Turismo brasileiro neste novo momento, após dois anos de uma pandemia que ainda não nos deixou. Com o apoio da equipe do CIET, o Centro de Inteligência da Economia do Turismo que criamos na Secretaria de Turismo e Viagens de SP, segue o resultado do desafio aceito:


1) Parques Naturais – O Brasil precisa evoluir no modelo de concessão de seus Parques Naturais, proporcionando melhor estrutura e atrativos para receber visitantes e a possibilidade de ter hotéis em parte de suas áreas, como acontece em parques nacionais em todo o mundo. Considerando-se que o Brasil é hoje o 2º país com maior potencial natural no turismo de acordo com o World Economic Forum (até 2019 era o 1º), nossos parques nacionais possuem um grande potencial para serem melhor conhecidos, com efeito de consciência de preservação e de projeção da nossa natureza nacional e internacionalmente.


2) Museus brasileiros – Os museus brasileiros, especialmente aqueles de maior destaque vinculados à iniciativa privada, os principais em cada Estado e os museus nacionais de grande significado histórico e cultural administrados pelo IBRAM- Instituto Brasileiro de Museus, precisam inserir-se mais no circuito turístico nacional e internacional. O Brasil é, segundo o World Economic Forum, o 9º maior país do mundo em diversidade e atrativos culturais, e isso não é devidamente trabalhado pelo Turismo, seja em termos de promoção, seja em termos de infraestrutura, experiência do visitante e sustentabilidade do museu. O maior exemplo é o Novo Museu do Ipiranga, na Capital paulista, que reabre as portas (fechadas desde 2013) para as comemorações dos 200 Anos da Independência no Sete de Setembro, como também o Museu da Língua Portuguesa, reinaugurado em 2021, e a Pinacoteca – agora a Nova Pina – que será reaberta em novembro para receber mais de um milhão de visitantes por ano.


3) Resorts integrados a cassinos – A aguardada aprovação da legislação para receber resorts integrados a cassinos leva à viabilização de bilhões em investimentos em localidades com grande potencial de ser distritos turísticos e catalisadores de turismo, em substituição à atividade turística de brasileiros no exterior.


4) Nacionalização do conceito de Distritos Turísticos – O conceito de Distritos Turísticos, assim como desenvolvido no Estado de São Paulo, pode ser uma solução institucional eficiente para criar governança e atrair investimentos para áreas geográficas com real potencial internacional de Turismo – onde existam planos de investimentos e massa crítica entre empresariado e poder público para tornar-se Distrito.


5) Promoção internacional e nacional com padrão profissional – A promoção internacional e nacional do Brasil, com apoio e parceria do trade turístico, precisa ser contínua e junto aos pontos de grande confluência de mídia e influência mundial.


6) Infraestrutura e qualidade urbana em municípios turísticos – Sistema para apoio, com módulos, modelos de aplicação e recursos, para ganho de qualidade urbana, organização e infraestrutura junto aos atrativos turísticos, nas principais cidades turísticas.


7) Utilização de prédios históricos para hotelaria ou empreendimentos turísticos – A possibilidade de concessão de prédios históricos ou preservados pertencentes ao poder público e outros proprietários por um tempo longo, em um projeto semelhante ao ‘Revive’ de Portugal, que abre o patrimônio ao investimento privado para desenvolvimento de projetos turísticos, por meio da realização de concursos públicos.


8) Crédito assistido em larga escala – Programa de crédito para empreendimentos turísticos, com fundo garantidor e crédito assistido, operacionalizado pelo Sebrae em parceria com os órgãos de Turismo.


9) Primeiro emprego no Turismo – Programa de primeiro emprego, com legislação específica, buscando estimular o emprego no Turismo.


10) Portfólio de áreas para investimento em nível nacional – Identificação de áreas e terrenos propícios para investimentos em turismo em locais de alta atratividade, com as condições de negócio, licenciamento, organizados, como também fizemos em São Paulo.


11) Marinas e portos turísticos – Parcerias público privadas (PPPs) para implantação de marinas e portos turísticos em toda a Costa Atlântica, assim como rios e represas, incentivando a indústria náutica e ampliando o potencial desses destinos.


12) Plano de saneamento para orlas turísticas urbanas – Plano específico de saneamento e organização das orlas turísticas do Brasil, de forma a aumentar a balneabilidade das praias localizadas em áreas urbanas.


É claro que o planejamento desses 12 “pontos de futuro” precisa estar integrado num Plano Global para o Turismo brasileiro, para que possam ser implementados e executados de forma harmoniosa – e também em sinergia com aquilo tudo que já temos de bom e que está funcionando.


Já passou da hora de o Brasil reconhecer o Turismo como uma das suas duas grandes vantagens competitivas perante o mundo, onde nós nos posicionamos como número um. A outra é o Agronegócio, que há 40 anos existia timidamente num país importador de comida. Mas transformou o Brasil em celeiro do planeta porque foi feito um programa para isso, como apontamos agora para o Turismo: houve internacionalização na cadeia de produção, houve crédito, houve capacitação, houve inteligência pela Embrapa e a integração das cadeias produtivas.


Como autor do livro ‘Brasil: Potência mundial do Turismo’, só tenho que reafirmar esse título – e lembrar que, enquanto o Turismo não for colocado no centro da pauta econômica e social do país, significa um desperdício de milhões de empregos e de gigantescos investimentos públicos e privados para melhorar a qualidade de vida de toda uma Nação.