Os últimos meses foram marcados por uma disputa enérgica em Santa Catarina, onde quatro grupos concorreram à presidência da OAB-SC; e o cenário em âmbito nacional não foi diferente.

Partindo da máxima de que “estamos sempre sendo observados”, viu-se – com os olhos da imparcialidade de quem está de fora da advocacia, pelo menos por enquanto –, um manancial de propostas e, sobretudo, desejo em protagonizar (e dar vazão prática) àquilo suscitado no campo das ideias.

Sublinha-se, inclusive, que pela primeira vez em 88 anos, uma mulher eleita capitaneará os interesses da OAB-SC e de seus membros.

Conduzida pelos 47,51% dos votos válidos, a causídica Cláudia Prudêncio teve depositadas em si, 12.797 demonstrações de confiança; fruto da sua trajetória profissional impulsionada, evidentemente, pela gestão (aclamada por muitos) de seu colega, Rafael Horn.

Indubitavelmente, o engajamento da classe impressionou! Foram mais de 28 mil profissionais votantes representando 89,87% daqueles aptos a exercer o sufrágio classista. Brilhantemente, uma expressiva consolidação da participação e interesse pelo democrático e importante debate na Ordem; instituição basilar ao Estado Democrático de Direito, de cujos integrantes são constitucionalmente indispensáveis à administração da justiça.

Entretanto, desde o último pleito a sociedade catarinense vislumbrou alguns posicionamentos e atitudes controversos à retidão exigida ao profissional escorreito, mormente aos(às) Advogados(as).

Coube desde então – e novamente em 2021 –, a indagação: como dimensionar a ética? Ao passo de que essa virtude pudesse ser flexibilizada. Não pode!

Esqueceram-se, alguns, dos ensinamentos de Freud quando disse que “o homem é dono do que cala e escravo do que fala”, principalmente em tempos avassaladores de redes sociais e mensagens instantâneas que ganham os holofotes em fração de segundos.

Pecaram ao cair, sob a batuta da avidez ante o desejo em apoderarem-se da OAB-SC, no abismo da sofreguidão. Erraram ao inverter a ordem e a Ordem! Tanto aquela dos princípios morais, quanto a das prioridades a serem elencadas em um cenário como este, onde todos deveriam ombrear-se.

Afinal, quando pensamos mais no “eu” em detrimento do “nós”, num aflorar do Narciso entranhado nas mazelas dos homens, o resultado é a “Catarse de Aristóteles” (uma espécie de purificação da alma por meio de um trauma).

Por fim, ainda sob o olhar de quem observa distante e trafega, talvez, pelos caminhos da utopia, será que um dia haverá consenso na escolha do(a) Presidente da OAB-SC por meio da articulação que contemple a chapa única?

Deve-se preferir Voltaire a uma resposta pronta, cintando a fala do notável filósofo iluminista: “Os infinitamente pequenos têm um orgulho infinitamente grande”.

Sorte à nova Presidente e uma dose de altruísmo a todos!