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Congresso Nacional Eclésio Silva

Dinheiro do público para campanhas eleitorais? – Coluna do Eclésio Silva

Quando um cidadão brasileiro, atinge o que chamamos de maioridade, aos 18 anos, via de regra, todos procuram um emprego, sempre buscando uma atividade que melhor lhe satisfaça, lhe de alegrias e sinta-se bem no ambiente de trabalho. Muitos vão para a iniciativa privada, outros procuram concursos para ingressarem em órgãos públicos.

Em ambos os direcionamentos, público ou privado, o candidato precisa se preparar, seja para um concurso ou para uma entrevista de emprego. Essa preparação, muitas vezes não é tão simples assim. Precisa estar bem preparado, estudar, e investir em “cursinhos” preparatórios. Tudo isso tem um custo, tanto pessoal quanto pecuniário. Mas todo esse custo, que terá que ser despendido, são oriundos do próprio candidato, ou seja, ele terá que prover a sua própria preparação para a vida profissional. Além dessa preparação, já citada, ingressa numa graduação de faculdade, pós-graduação, mestrado, doutorado, e assim por diante. Ou seja, para ter uma profissão, cada um dos cidadãos brasileiros, normais, investe uma soma elevada de recursos financeiros para alcançar um patamar profissional, que seja razoável, tendo ainda que custear o seu transporte, planos de saúde, etc…

Já para ingressar na política, tudo é muito diferente, basta estar inscrito em um partido político, ter o seu nome indicado para um cargo, do executivo ou do legislativo, que o financiamento para a campanha está garantido. E vejam que não é nem preciso ter formação acadêmica, basta saber ler e escrever. Talvez não seja tão simplório assim como eu esteja relatando, mas o nosso entendimento é esse, é simplório mesmo, e mais adiante vamos explicar.  

Fazendo aqui uma equação, o cidadão comum, não político, mas politizado, investe em sua carreira profissional, dedica-se por longos anos, e por esses longos anos, recolhe aos cofres públicos, a cada ano, não por sua vontade própria, mas como dever de cidadão honesto, que cumpre os seus compromissos com o país, cerca de 5 (cinco) meses de trabalho do ano em impostos, retirado do que ele, honestamente, auferiu, seja como empresário, profissional liberal ou com vínculo empregatício.

As férias, no setor privado, são controladas, 30 (trinta) dias por ano, enquanto que os políticos, tem aproximadamente 90 (noventa) dias de férias por ano, considerando os recessos do meio e do fim do ano.

Não vamos aqui entrar em detalhes de vantagens, pois isso daria muitas páginas, mas somente pequenos privilégios, de passagens aéreas, carro à disposição, planos de saúde, etc… Enquanto que o outro lado, de quem trabalha para produzir, tudo isso sai do seu próprio bolso.   

A aprovação, a toque de caixa, de 5,7 milhões de reais, para fundo partidário, foi um acinte, um desprezo ao cidadão que vota a cada dois anos, nesses políticos, que sequer se dignam a pensar como vivem grande parte de quem os elege(?), pois 486 não foram eleitos, foram guindados pelo coeficiente eleitoral, essa outra aberração do nosso sistema eleitoral. Justamente numa época que muitos estão (sobrevivendo, sim sobrevivendo mesmo, pois sobreviver significa permanecer vivo depois de algo, continuar a viver ou a existir), recebendo um valor de aproximadamente R$ 350,00 para o seu sustento, e a farra é feita pelo legislativo de forma insensível e irresponsável com o dinheiro do público. Numa conta simplória, esse valor daria para conceder auxílio para aproximadamente 16 milhões de cidadãos brasileiros que não tem certos privilégios.

Não podemos prescindir de uma classe política, pois num regime democrático, é exigível pelo sistema, e é saudável, mas podemos e devemos prescindir de políticos irresponsáveis e insensíveis, que nem sequer respeitam quem os outorga o mandato.

Salvo as raras as exceções, mas não será mais possível admitir essas atitudes do Congresso Nacional. Quem tem o poder nas mãos, que somos nós os eleitores, devemos verificar quem votou para a aprovação deste fundão, e pensar muito bem nas próximas eleições. Quem quiser ser político, seja no Legislativo ou Executivo, que banque a sua própria campanha para eleitoral.