Dinheiro público ou dinheiro do público? – Coluna do Eclésio Silva
Estamos acostumados a ouvir e/ou ler na imprensa, os nossos políticos dizerem, “que estamos trabalhando e fazendo de tudo para aplicar muito bem o dinheiro público”.
Há um grande conflito na mente da maioria do povo brasileiro, para entender o que se refere e ao que está destinado o dinheiro público. As pessoas, de maneira geral, têm dificuldade em entender, que o dinheiro público, na verdade, não é do “governo”, uma vez que não existe governo sem um povo.
Não existe propriedade sem um dono. No setor privado, cada empresa tem um dono, ou mais de um, que são os sócios ou os acionistas. Estes, quando não estão diretamente ligados na administração dos negócios, contratam profissionais para gerir seus negócios, entregando a sua empresa para um diretor, presidente ou CEO, gerir a empresa, mostrando resultados da sua administração. E é muito simples, se esse profissional não apresentar resultados, que sejam positivos e interessantes para o capital investido, é imediatamente substituído, entrando outro que apresente resultados melhores, porque esse capital tem um dono, e é necessário que dê resultados, e bons resultados.
No setor público o estado é o arrecadador dos impostos, resultante do capital gerido pelo privado, que parte desse resultado vai para o tesouro nacional, para ser gerido por quem foi confiado pelo público, para administrar esses seus recursos, logo esse “dinheiro” não é público, mas é do público.
Como no setor privado, o dono do capital quer ver resultado dos seus investimentos, e não é diferente no setor público, onde o dono do dinheiro também que ver resultado daquilo que foi amealhado em impostos, e gerido pelos seus representantes, que ele admitiu em épocas diversas. Onde são essas contrapartidas? Na saúde, na segurança, na educação, na infraestrutura. Mas o Executivo que é o arrecadador, através das instancias para tanto criada, tem que dividir a destinação do “dinheiro do Público”, com o Legislativo, que nem sempre destina de forma correta.
Logo, se um empresário contrata um administrador para gerir os seus negócios, e este administrador negligencia, ou seja, desvia ou investe mal, sofrerá as suas consequências. Mas se um gestor público, que recebe essa mesma incumbência, ou desvia os recursos e investe mal, o que acontece? Nada. Sabem porquê? Por que ele pensa, e assim age, que todo esse recurso é público e não tem dono, e não se sente responsável se houver desvios ou é mal investido. Quantas obras nesse imenso país foram começadas e abandonadas, e quando retomadas, tiveram o seu custo duplicado, ou até, triplicado. Quem responde por isso?
O “dinheiro público”, tão falado e comentado em nossa atual sociedade como sendo um “recurso do governo”, na verdade é o dinheiro “Do Público”, meu, seu, dele, de todos que trabalham e geram divisas para nossa nação. Cabe a nós, provedores desses recursos, escolher bem quem irá administrar esses recursos. E vários, dos que querem essa vaga para administrar o nosso dinheiro, a partir de 2022, estão se apresentando, mas o histórico deles não é nada recomendável, para darmos essa responsabilidade.
Para contratar o Presidente de uma empresa privada, os acionistas fazem uma boa triagem antes de decidir, o currículo dele é muito bem avaliado, como os resultados por ele deixados em empresas anteriores. Nós, eleitores somos os empresários, e por isso, antes de contratar um servidor público, que irá gerir por quatro anos, “o dinheiro do público”, precisa ser muito bem avaliado.
O governo, repito, do municipal ao federal, nós é que escolhemos, engana uma parcela “Do público” alegando que o dinheiro é dele, e que ele está fazendo algum tipo de “caridade” por alguém, campeões em discursos emocionantes, quando entregam uma obra, porém o dinheiro é de quem recebe a obra e não de quem a faz, este está, ou deveria estar apenas cumprindo a tarefa que lhe foi dada, de bem administrar o município, o estado, a nação.
Na grande maioria das vezes o governo faz caridade com o dinheiro “do público” para uma parcela “desse mesmo público” na tentativa de conquistar “todo o público”. O dinheiro não é “Público”, mas é “Do Público”, pensamos bem nisso na hora de escolher os gestores dos nossos recursos.
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