Concordo com o colega jornalista Marcelo Lula que agora, no pior da pandemia, não seria o momento para mudanças de governo. Também não quero crer que ele esteja certo, muito embora eu reconheça a sua capacidade e profissionalismo, quando nos conta sobre articulações que antecederam a sessão do Tribunal Especial na última sexta-feira e as que já estão em curso após a decisão pelo afastamento de Carlos Moisés da Silva do cargo de governado. Na verdade, não quero crer.
Assim como o Marcelo, inclusive em várias oportunidades em que debatemos o fato, principalmente durante a CPI dos Respiradores, sempre defendi que toda e qualquer suspeita de irregularidade ou crime deva ser investigada. A compra supostamente fraudulenta dos 200 respiradores, sem licitação, com pagamento antecipado de R$ 33 milhões e sem garantias, mais do que uma trapalhada trouxe prejuízos incontestáveis aos cofres públicos e ao atendimento aos doentes de Covid. Parte dos recursos pagos à empresa de fachada Veigamed foram recuperados. Os catarinenses merecem saber quem são os culpados, onde foi parar este montante, a devida devolução ao Estado e punição aos culpados.
Um ano se passou, a CPI dos Respiradores fez seu trabalho, o plenário aprovou, o Tribunal Especial foi formado e veio a pausa em dezembro. Moisés que escapou do primeiro processo de impeachment pelo aumento aos procuradores, mudou sua postura. De lá para cá a pandemia só piorou e chegou a índices inimagináveis com o registro até ontem de 10.482 mortes.