Concordo com o colega jornalista Marcelo Lula que agora, no pior da pandemia,  não seria  o momento para mudanças de governo. Também não quero crer que ele esteja certo, muito embora eu reconheça a sua capacidade e profissionalismo, quando nos conta sobre articulações que antecederam a sessão do Tribunal Especial na última sexta-feira e as que já estão em curso após a decisão pelo afastamento de Carlos Moisés da Silva do cargo de governado. Na verdade, não quero crer.

Assim como o Marcelo, inclusive em várias oportunidades em que debatemos o fato, principalmente durante a CPI dos Respiradores, sempre defendi que toda e qualquer suspeita de irregularidade ou crime deva ser investigada. A compra supostamente fraudulenta dos 200 respiradores, sem licitação, com pagamento antecipado de R$ 33 milhões e sem garantias, mais do que uma trapalhada trouxe prejuízos incontestáveis aos cofres públicos e ao atendimento aos doentes de Covid. Parte dos recursos pagos à empresa de fachada Veigamed foram recuperados. Os catarinenses merecem saber quem são os culpados, onde foi parar este montante, a devida devolução ao Estado e punição aos culpados.

Um ano se passou, a CPI dos Respiradores fez seu trabalho, o plenário aprovou, o Tribunal Especial foi formado e veio a pausa em dezembro. Moisés que escapou do primeiro processo de impeachment pelo aumento aos procuradores, mudou sua postura. De lá para cá a pandemia só piorou e chegou a índices inimagináveis com o registro até ontem de 10.482 mortes.

É inacreditável que as eleições de 2022 foram antecipadas, que as de 2018 não foram esquecidas e processadas, que tem gente querendo voltar ao jogo a qualquer custo e que, pela segunda vez, a primeira mulher a assumir o governo de Santa Catarina vai dar prioridade à sua permanência no poder.

Acompanhei em diversas oportunidades os bastidores de grandes embates políticos o que me permite atualmente opinar sobre os fatos. Mas nenhum diante de um cenário como este no qual a vida das pessoas deveria ser a principal preocupação