Impeachment: Os bastidores do governo de Daniela que será montado por Merisio
A nova política de Daniela Reinehr (sem partido) segue o mesmo enredo da pior das políticas, a do vale tudo pelo poder sem se importar com as consequências nefastas que pode resultar à população. Alguns setores da direita não a consideram do grupo, afirmando que ela nunca foi conservadora, talvez lavajatista, em alusão a sua defesa a operação Lava Jato, ou até mesmo positivista, que é o indivíduo que coloca o Estado a frente dos interesses do povo. Eu já a definiria como ególatra.
Durante esses dias em que Santa Catarina atingia números recordes de mortes por causa do Coronavírus, a ainda vice-governadora articulava nos bastidores para tentar derrubar o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) através do processo de impeachment. Foi um show de vale-tudo.
Para a ala ideológica da extrema-direita que ainda a considera do time, será surpresa descobrir que Daniela buscou apoio até mesmo do Partido dos Trabalhadores. Apresentou uma proposta de abertura em seu eventual governo à deputada estadual Luciane Carminatti e, até mesmo, ao deputado Fabiano da Luz (PT), que integra o Tribunal Misto do Impeachment. Os movimentos foram tão fortes que envolveram até mesmo o presidente estadual do PT, o ex-deputado federal, Décio Lima. Ele tentou convencer de todas as formas o deputado Fabiano, a votar favorável ao prosseguimento do processo de impeachment e, ao consequente afastamento de Moisés, para colocar no poder uma dita bolsonarista em um momento em que o atual e o ex-presidente polarizam as discussões sobre 2022. “Décio disse em uma reunião em São José que o voto do Fabiano foi uma decisão da bancada e, o partido não tinha os elementos apresentados pelos desembargadores e que este voto pode virar”, me revelou uma fonte que esteve em um encontro com Lima.
A explicação para a movimentação do líder petista nos leva a sua boa relação com o ex-deputado estadual, Gelson Merisio (PSDB), o que se inclui nesse pacote a palavra “gratidão”, pelo apoio do tucano no processo em que sua esposa, Ana Paula Lima (PT), tentou na justiça o reconhecimento dos votos de uma candidata petista que foi indeferida, sendo que, se a situação fosse revertida, os votos que ela obteve lhe daria a vaga no lugar de Ricardo Guidi (PSD) na Câmara Federal.
Derrotado pela onda Bolsonarista em 2018, único motivo que levou Carlos Moisés e Daniela a governar o Estado, Merisio é um dos mais hábeis articuladores nos bastidores, tanto, que já trabalha para construir uma forte aliança para 2022. Coube a ele assumir a condição de coaching de uma vice ávida pelo poder a todo custo, direcionando as articulações e até mesmo, assumindo a frente, dada a falta de habilidade e de credibilidade no meio político de Daniela.
Um exemplo das movimentações foi a ida de Merisio e Daniela a Blumenau onde, tomando um café, convenceram o deputado estadual, Laércio Schuster (PSB), a mudar o seu voto e se posicionar favorável ao impedimento do governador. Schuster estava revoltado com o fato de que Moisés havia confiado o comando da Defesa Civil estadual ao seu desafeto, deputado emedebista, Jerry Comper, que não aceitou assumir o cargo, mas foi quem indicou David Christian Busarello para a chefia.
Schuster que já vinha há algumas semanas demonstrando o seu descontentamento com o que chamou de excesso de ajuda ao MDB, voltou a levar ao plenário da Assembleia Legislativa um telefone vermelho, que se tornou um símbolo de crítica à falta de comunicação de Moisés com os deputados. Depois, chegou a ser atendido em alguns pleitos por integrantes do governo. O fato, é que a mesa em Blumenau, havia mais do que café, também foi colocada a Secretaria de Estado da Infraestrutura totalmente à disposição do deputado que não titubeou e deu a sua resposta através do voto no Tribunal Misto do Impeachment.
Após tudo isso, já no day after, ou seja, no sábado, Gelson Merisio começou a montar o governo Daniela. A sua residência em Jurerê está recebendo parlamentares e lideranças. Me foi relatado que está sendo oferecido cargos no governo em troca de apoio, tanto na Assembleia Legislativa, quanto em relação ao impedimento de Moisés, a quem está diretamente envolvido no processo. Nos próximos dias, o Diário Oficial do Estado poderá se tornar o grande delator dos personagens ocultos da montagem de um governo, que será capitaneado por uma vice sem condição de governar.
Segundo uma fonte, caberia a Merisio a indicação de nomes para a Secretaria de Estado da Saúde, inclusive, para o lugar de André Motta Ribeiro estaria sendo sondada uma pessoa de nome Jaqueline. Além disso, ele também pensa em substituir Paulo Eli da Fazenda, colocando um servidor próximo a ele no Oeste, o qual seria, Achilles Cesar Casarin Barroso Silva. Já para a Casa Civil, Gerson Schwerdt, servidor da Procuradoria Geral do Estado poderá ser o indicado, porém, já há uma discussão se a nomeação poderia se tornar reveladora demais, tanto, que Daniela pensa em chamar novamente o general Ricardo Miranda Aversa, o mesmo que assumiu quando ela ocupou o governo no ano passado. Mas isso tudo, apenas com o aval de Merisio. “Daniela Reinehr em troca de desfilar na condição de governadora, aceitará ser uma marionete. Ela faria isso para qualquer pessoa só para chegar ao poder”, afirmou a fonte.
A questão dos respiradores acaba se tornando o pano de fundo para uma briga de poder que visa 2022. Se Moisés é culpado, ou não, isso somente a justiça poderá dizer, muito embora, a Polícia Federal, o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado o tenham isentado de qualquer participação. Essas decisões foram ignoradas durante a votação de sexta-feira, tendo sido levado em conta, apenas o relatório da CPI, produzido pelo deputado Ivan Naatz (PL).
Conforme escrevi no sábado, se Moisés é culpado, que seja levado à justiça comum e sendo comprovado, que pague com todo o rigor da lei. Agora, afastar um governador para deixar o Estado em um período tão difícil ocasionado pela pandemia, nas mãos de quem não tem a mínima condição de fazer uma gestão competente, sobretudo tendo como motivação, uma briga pelo poder visando a próxima eleição estadual, é no mínimo uma grande falta de responsabilidade para com a população catarinense.
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