Na última coluna aqui no SCemPauta relacionei os Planos Governo que tivemos desde 1955 até 2019. Sem eles – sem plano nem planejamento – tenho a mais absoluta convicção de que Santa Catarina não seria a Santa Catarina que é hoje, um Estado que, mesmo atualmente carente de um novo plano de vida, ainda colhe os frutos do passado. Como por exemplo, na recente e histórica recessão do país, de 2015 a 2017, em que foi o último estado brasileiro a mergulhar na crise e o primeiro a sair dela. Mesmo agora, graças a esses pilares que foram erguidos durante décadas, nossa economia dá sinais de vitalidade, com recordes de arrecadação e a previsão de queda do PIB muito menor do que a prevista para o Brasil, de -4,3%.

Ao mencionar os Planos de governadores e vices que se sucederam ao longo de 65 anos, afirmei que eles e a política catarinense merecem um elogio. Prometo que o farei em próximas colunas, mas antes disso quero alinhar algumas observações de momento que se fazem necessárias para que a gente entenda melhor a importância de o gestor público não só planejar, mas também de tomar as decisões corretas, não as mais fáceis.

Governos raramente tomam uma ação que se encerra em si mesma. Quase sempre são movimentos sistêmicos, nos quais uma área pode afetar as outras. Daí a importância do alinhamento, da harmonia e da independência, do mesmo diapasão para que o resultado não seja desafinado. Governos não são binários ou algorítmicos, são multiplataforma, eventualmente heurísticos nas soluções.

Os bons resultados de uma gestão dependem em muito das decisões corretas nos momentos certos. Exemplos, para o bem e, infelizmente em maior número, para o mal, estão todos os dias nos jornais. Como o Turismo é uma atividade para otimistas – responsáveis – vamos a alguns exemplos positivos. Em janeiro de 2020 comemorávamos em São Paulo o sucesso na concessão do corredor rodoviário conhecido pelo acrônimo PiPa – de Piracicaba a Panorama — por R$ 1,1 bilhão, o dobro do mínimo estabelecido, o que demonstrou a confiança do mercado.

Outro bom exemplo, este trazendo resultados benéficos para a população paulistana, é a retomada da linha 6 (Laranja), com 15 estações, entre a Vila Brasilândia e a Estação São Joaquim, na maior parceria público-privada da América Latina, no valor de R$ 15 bilhões. Ainda no segundo semestre de 2020, diante dos impactos negativos da Covid-19, o Governo paulista encaminhou e aprovou uma reforma administrativa que tornou a previsão de déficit de R$ 11 bilhões em 2021 num superávit de R$ 11 bilhões.

São Paulo foi o único a fazer tal reforma. A do Governo Federal, por exemplo, somente agora começará a andar, fora do compasso, infelizmente. Com isso, o Estado de São Paulo terá condições de investir, contribuindo para o crescimento do país. Em 2020 já foi assim: segundo estimativas, o PIB nacional deve fechar com queda de -4,3%, enquanto o paulista terá subido 0,3%. Por fim, mas simbolicamente importantíssimo, a devolução do Rio Pinheiros à cidade. Já houve uma queda significativa dos afluentes poluídos, em trabalho que trata do problema na origem. São Paulo, historicamente de costas para esse importante rio, ganhará um parque linear e outras intervenções de qualidade, como a Usina São Paulo (antiga Usina de Traição), concedida à iniciativa privada por R$ 280 milhões — além da economia de R$ 12 milhões/ano em manutenção. Como se vê, são exemplos, sistêmicos, em áreas como gestão, meio ambiente, transportes e logística, que farão com que São Paulo tenha capacidade de desenvolvimento sócio econômico, contribuindo com Brasil.

O setor de Viagens e Turismo também tem seus bons exemplos. Em 2020 foram repassados R$ 223,3 milhões para 180 municípios turísticos. O maior valor dos últimos seis anos, que manteve sete mil empregos em diversos setores, com ênfase na construção civil. Sete mil famílias tiveram o seu sustento garantido em um ano tão difícil. O investimento em turismo gerou esses empregos e, após a conclusão das obras, com a melhoria do produto turístico, seguirá gerando, principalmente no comércio e serviços.

Os movimentos certos, nos momentos adequados. Decisões tendo como norte o atendimento das necessidades da população, no presente e futuro. Sem negar a gravidade da situação que vivemos por conta da Covid-19, as escolhas do governador João Doria, se amargas, mantiveram o Estado funcionando, as indústrias e a construção civil, de forma ampla, produzindo, mesmo que, infelizmente, alguns setores, de maior interação humana, tenham sofrido mais.

Em paralelo São Paulo providenciou a vacina, a solução buscada em todo o mundo, que o Brasil encontrou no Butantan. Com o início da aplicação da CoronaVac já houve um sopro de otimismo, projetando o crescimento do PIB nacional em 3,5%. No retorno das atividades que agora têm um horizonte, as decisões acertadas de 2020 farão o nosso 2021 e 2022 melhores, para paulistas e brasileiros.

É essa a linha e o rumo que consideramos importante seguir em Santa Catarina: planejar, executar e tomar decisões que nem sempre são as mais fáceis ou populares, mas que são as corretas na gestão pública.