Não é de hoje que os meses de agosto e setembro são marcados pela grande incidência de queimadas no Brasil. Uma prática ainda utilizada na agricultura para limpeza do solo e posterior plantio.

Na década de 80 quando cheguei a Santa Catarina, mais precisamente a Lages, na Serra, onde vivi por mais de uma década, conheci mais proximamente esta prática, fiz inúmeras reportagens sobre o assunto, ouvi especialistas, ambientalistas, órgãos ambientais e os próprios agricultores. A cada ano a pauta é recorrente.

Certa vez, não esqueço, ao defender a mudança cultural e a utilização de outras formas de tratamento do solo sob a devida orientação técnica, recebi críticas de agricultores da região com a alegação de que sempre agiram desta forma por ser mais rápido e mais barato.

As queimadas vêm tomando conta dos noticiários do Brasil e do mundo e reascende o debate quanto a legalidade para fins agrícolas.

Mas este não é só um problema no Brasil onde, segundo a Embrapa Territorial, houve um acréscimo nas queimadas de 4%. Na América do Sul a média de aumento foi de 44%. O maior crescimento nos sete primeiros meses do ano foi  registrado na Argentina, com 286% de aumento de focos, seguida por Uruguai, com 177%, e Paraguai, com 129%.

As queimadas são, na grande maioria, causadas pela ação humana, intencionalmente ou por negligência, principalmente em períodos de seca.

Imagens do nosso Pantanal mato-grossense em chamas, com mais de 16 mil focos de incêndio, com registros tristes de devastação e morte de nossa fauna e flora, correm o mundo.

Os prejuízos ao meio ambiente em decorrência das queimadas são enormes: perdas à biodiversidade, aos ecossistemas e a qualidade do ar.  A imagem do Brasil é abalada.

A crise ambiental poderá gerar, inclusive, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado.

Se não mudarmos esta cultura de queimadas nunca teremos recursos suficientes para o combate e mecanismos para a fiscalização. Felizmente a cada geração cresce a consciência. Rezemos para que não seja tarde.