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Assim como Miguel Reale Júnior, Janaína Paschoal e Hélio Bicudo sofreram ao tomarem a difícil decisão, de apresentar o pedido de impeachment da ex-presidente da República, Dilma Rousseff (PT), os autores que elaboraram o pedido de impedimento do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) e da vice-governadora, Daniela Reinehr (sem partido), também foram alvo de críticas e até mesmo de descrédito.
Na primeira semana de janeiro, o defensor público Ralf Zimmer Júnior começou a suspeitar de que o aumento concedido de forma administrativa aos procuradores do Estado, teria sido feito mediante uma fraude. Foi aí que ele começou a juntar documentos e estudar o processo.
Enquanto isso ele seguia trabalhando na Defensoria Pública e, numa manhã, quando chegava ao trabalho, encontrou na rua o advogado Leandro Ribeiro Maciel, de quem é amigo de longa data e que acabara de deixar a esposa no trabalho.
Zimmer Júnior então dividiu com o advogado a sua suspeita e o convidou para um café nas proximidades da Defensoria. Sentados, o defensor explicou a Maciel todos os detalhes da sua suspeita e afirmou categoricamente, que após a análise, se chegasse à conclusão de que houve fraude com a participação do governador Carlos Moisés da Silva (PSL), que além de contestar o aumento, entraria com um pedido de impeachment e convidou o amigo para realizar o trabalho junto com ele.
Antes de terminarem o café, ainda coube a Maciel fazer um alerta ao defensor: “O trabalho será árduo. Se prepara, porque as pedras virão de tudo que é lado”, afirmou. Mesmo assim, não houve recuo e, no mesmo dia à tarde e à noite, começaram a trocar informações e aí foi dado início a elaboração do processo a quatro mãos. Zimmer Júnior e Leandro Maciel se debruçaram sobre a questão jurídica, passaram algumas madrugadas estudando minunciosamente o que diz a lei e produziram a peça que foi protocolada na Assembleia Legislativa.
Após várias trocas de e-mails e de mensagens via WhatsApp, na manhã do domingo, dia 12 de janeiro, às 06h02 da manhã, chegou à caixa de e-mail de Maciel enviado por Zimmer Júnior, o documento “minuta impeachment – versão final.doc”. Junto, um pedido para que fosse feita a revisão e a formatação, enfim, era a versão final do pedido de impedimento que, além de Moisés, também inclui a vice-governadora, Daniela Reinehr (sem partido), o secretário de Estado da Administração, Jorge Tasca, e a então procuradora geral do Estado, Clelia Iraci da Cunha, que após ter sido exonerada do cargo, foi retirada do processo.
Como era final de semana, Leandro Maciel enviou uma mensagem dizendo que estava cansado e que tiraria o dia para ficar com a família, mas que até quarta-feira faria a revisão e entregaria o pedido formatado. Acontece que Zimmer Júnior estava irrequieto, de tão ansioso quase não conseguia dormir e resolveu por conta própria fazer uma última revisão e a formatação.
Assim, na segunda-feira, dia 13 de janeiro, o defensor foi até a Alesc e protocolou o pedido de impedimento. Ao amigo Maciel, parceiro de elaboração do documento, enviou uma mensagem via WhatsApp, exatamente às 15h30, contendo o arquivo em PDF, era a cópia do processo. Leandro conta que surpreso indagou: “Mas e a revisão, por que não esperou?”. A resposta foi a seguinte: “Não dá para esperar quando se está diante de uma fraude desse tamanho e com tanto dinheiro envolvido”, disse o defensor.
Quanto ao alerta que fez para Ralf, o advogado Leandro Maciel lembra que não errou, realmente houveram as pedradas de vários lados, inclusive da OAB de Santa Catarina, entidade a qual, segundo ele, não percebeu o tamanho e a proporção da denúncia. “Não conseguiram enxergar o tamanho e a proporção da ilegalidade que havia sido engendrada pelos gabinetes do poder e, que iria sangrar ainda mais o cofre da viúva, que é o próprio Estado, afirmou.
Leandro foi além, destacou que naquele momento em conversas quase que diárias, tanto ele como Zimmer Júnior, acreditavam que outras ilegalidades ainda seriam reveladas contra o governo de Carlos Moisés. “Eles estavam muito seguros de si da impunidade, de que nada de ruim lhes aconteceria. Né que estávamos certos?!”.
Outras ilegalidades
A dupla Ralf Zimmer Júnior e Leandro Ribeiro Maciel lembraram ontem que a desqualificação de Carlos Moisés da Silva (PSL) para o cargo de governador, não fica apenas na questão que motivou o processo de impeachment, no caso, o aumento salarial aos procuradores do Estado. Lembram da questão do Hospital de Campanha, a qual ainda precisa ser investigada, a compra dos 200 respiradores junto a Veigamed, os eventos os quais chamam de “baladas privê”, na Casa D’Agronômica, pagos segundo os denunciantes, com dinheiro público, pois os gastos são protegidos pelo sigilo imposto pelo governador. “Inclusive com direito a festa de aniversário realizada por empresa de propriedade de uma assessora, e por aí vai. Tudo isso só mostra que o nosso governador é uma pessoa desqualificada para o importante cargo que ocupa, que não tem noção do que é comandar um Estado e que jamais deveria ter aceitado a ideia de sair da sua confortável posição de coronel da reserva dos Bombeiros, para assumir uma função para o qual não estava preparado”, afirmou Maciel.
Repercussão
Ontem conversei com alguns prefeitos de cidades de grande e médio porte de Santa Catarina. Nesse primeiro momento preferiram não expor publicamente as suas opiniões, porém, me impressionou o fato de que eles apoiam o impedimento de Carlos Moisés da Silva (PSL) e de Daniela Reinehr (sem partido). Os prefeitos reclamam do tratamento dado por Moisés aos municípios, mas também entendem que falta condição ao governador de seguir a frente do Estado. Também é importante destacar a aprovação das ruas ao processo de impeachment que começa a tramitar na Alesc. Se alguém duvidava que faltava clima a favor do impedimento, é só conversar com a população para entender que as pessoas tem a convicção de que a permanência do governo Moisés, só traria mais malefícios a Santa Catarina.
Convocado testa positivo
Após voltar de uma viagem a Brasília, o vereador de Florianópolis, Ed Pereira (PSDB), anunciou que está com o Coronavírus. A coincidência é que a doença se manifestou rapidamente, um dia após ter vazado uma conversa em que ele fala de membros do governo envolvidos com empresários de São Paulo, a outros vereadores que discutiam o caso Veigamed e a queda de Douglas Borba. Mesmo em casa de quarentena, Pereira participará da sessão da CPI na próxima terça-feira por videoconferência.