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A coletiva do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) pode ser definida como preocupante. Se por um lado, é preciso reconhecer que ele teve a coragem de convocar uma coletiva e enfrentar o assunto sem se esconder, por outro, o teor do que falou foi lamentável. Frente a uma grave suspeita, vi durante a coletiva que acompanhei na Casa D’Agronômica uma liderança que dá a entender que está alheia à realidade.

Moisés por diversas vezes disse que a população e o Ministério Público o conhecem e, que sabem de sua honestidade. Além disso, chegou a dizer que integrantes do MP disseram a ele, que nunca um governo foi tão transparente, ou seja, os demais segundo a sua fala, não foram e, chegou a cutucar os seus antecessores ao afirmar que no seu governo não ficam notas fiscais em gavetas.

Durante a fala exaltou a sua própria gestão dizendo que é a melhor no combate ao Coronavírus do Brasil e, que 71% da população votou nele e confia na sua seriedade. O fato é que Moisés ao invés de enfrentar de frente as denúncias, cria uma narrativa para desviar o foco, como se uma boa gestão tivesse o poder de apagar qualquer má prática, principalmente uma questão tão séria como a dos respiradores.

Mesmo assim, se for para falar de gestão, é preciso dizer que Moisés se apega a uma ação que de fato foi importante, que é o isolamento social. Feita desde o início, deu uma vantagem a Santa Catarina no combate a pandemia, mas isso não é tudo. Falhas graves de gestão nos levaram a um dos casos mais perversos da história catarinense, que é o relacionado a Veigamed. O próprio governador chegou a falar em desespero, quando cabe ao Executivo a serenidade num momento de crise, além disso, a ideia dos hospitais de campanha que por pouco não provocou um outro escândalo, tudo isso depõe contra a autoexaltação que ele fez.

É preciso que Moisés entenda, que as investigações interceptaram ligações, como a conversa entre duas pessoas ligadas a Veigamed que citaram a palavra “governador”, o qual segundo Cesar Augustos, estava ligando para ele, ou seja, os diálogos encontrados nos celulares dos suspeitos, é um fato e, é preciso apurar o motivo de terem falado em governador.

Vale lembrar que essas conversas aconteceram quando ainda nem se falava em investigação e, está ali, a citação da palavra “governador”, em várias situações as quais segundo as investigações, tem ligação com a compra dos 200 respiradores.

Questionei a Moisés sobre qual governador os investigados falavam, sendo que era uma conversa entre eles. Também consta que não havia ninguém com o apelido “governador” e, que eles não negociavam com outros Estados. A resposta é que foi uma fala criativa, destacando que as compras não passam pelo governador. “É mais uma mensagem que talvez nem devesse estar aí, pela fragilidade que ela tem”, afirmou.

O fato é que o governador passará a ser oficialmente investigado e, não é por motivação política, é investigação que levam a ele a necessidade de se explicar. É mais uma situação que enfraquece ainda mais um governo que se mostra incapaz de encarar a realidade de frente.

 

Envio ao STJ

O juiz Elleston Lissandro Canali, ao justificar o pedido de declinação de competência das investigações do caso Veigamed ao Superior Tribunal de Justiça, apontou que no último dia 17 a Força-Tarefa, ao realizar à análise de algumas evidências digitais identificadas em um Laudo Pericial elaborado pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), referente ao aparelho celular utilizado por Samuel de Brito Rodovalho, e diante de novos interrogatórios realizados, constatou-se que o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) tinha ciência dos fatos. “Possível participação nos fatos delituosos que estão sendo apurados neste procedimento e nos demais dele dependentes”, escreveu Canali.

 

Primeira menção

No dia 26 de maio, Samuel de Brito Rodovalho e Germano de Lins Lincoln, conversaram via WhatsApp a respeito dos respiradores. Em dado momento, Samuel encaminha uma mensagem de texto que recebeu de uma terceira pessoa, quando surge a primeira menção ao governador. Ao ser questionado em interrogatório em 17 de junho, ele informou que a mensagem fora enviada por Cesar Augustus.

15h18 – Samuel encaminha: “O quw eu faço com fovernador menligando??????”

15h24 – Samuel: Me coloca na linha

15h24 – Samuel: Com eles

15h24 – Samuel: Por favor

Há erros de digitação mas houve a confirmação que “fovernador” é governador. Em seu depoimento, Samuel informou que encaminhou a Germano a mensagem escrita que havia sido passada por Cesar e, que ele tem os “contatos políticos”. Questionado sobre qual governador ele estava se referindo, Samuel disse não saber, mas informou que não estavam negociando à pronta entrega dos respiradores com qualquer outro governo, ou seja, apenas com Santa Catarina. De acordo com as investigações, Samuel apagou o teor das mensagens. Ainda durante a conversa, ele copiou um diálogo com o contato registrado em seu telefone como CESAR CTB, no caso, Cesar Augustus Martinez Thomaz Braga. Ele fala para Germano que estão sofrendo pressão dos órgãos do Governo do Estado para que fosse montada a proposta.

 

Segunda menção

Às 22h16 do dia 26 de março, Samuel de Brito Rodovalho encaminha mensagem de voz de 36 segundos de duração para Germano de Lins Lincoln dizendo: “Ei César, boa noite, tudo bem? É… aconteceu algum problema no processo dos 200 respiradores cara? Porque até hoje depois do almoço eu recebi uma mensagem que tava tudo certo, o Governador já tinha liberado o processo de aquisição e já tinha mandado pra Secretaria de Fazenda pra solicitar os dados de conta pra fazer depósito. Daí eu tentei já falar com o Fábio duas vezes, ele me mandou que tá ocupado. Daí eu tô querendo saber… deu algum problema? Tá tudo certo?”, questionou. No caso, o Fábio citado é Fábio Guasti, representante da Veigamed na transação e, que se encontra preso no presídio de Florianópolis. Cesar Augustus durante interrogatório informou que o áudio foi gravado por Deivis de Oliveira Guimarães, que apresentou Guasti a Cesar.

 

Palavra “governador”

Também durante depoimento, Cesar Augustus ao ser questionado quem era governador, responder que não havia ninguém com apelido “governador” e, que também não negociava na mesma época com outro Governo, apenas com Santa Catarina. Além disso, em um trecho da conversa interceptada, Germano pergunta de quem é o áudio e a resposta de Samuel: “Secretário de Saúde”. Para os investigadores se trata de Deivis, que foi secretário dos municípios de Presidente Kennedy-ES, Anchieta-ES e de Itabuna na Bahia.

 

Terceira menção

Segundo os investigadores no dia 2 de abril entre 12h e 13h, Samuel de Brito Rodovalho em conversa com Germano de Lins Lincoln, volta a mencionar a palavra “governador”.

12h12 – Germano: E as máquinas irmão?!

12h14 – Samuel: Tamos atras

12h15 – Germano: Vamos perder as máquinas lá com os china velho

12h15 – Germano: Eles tem que pagar lá…

12h15 – Germano: Pressiona o CESAR

12h44 – Samuel: Estamos

12h44 – Samuel: Agora

12h44 – Samuel: na linha com o governador

12h51 – Germano: Tudo ou nada agora filhao

12h51 – Samuel: to aqui

 

Em nome do governador

Também diz a investigação que Douglas Borba se valeu de seu prestígio como secretário de Estado da Casa Civil, para indicar Fábio Guasti para a servidora Márcia Pauli. Ela no dia 17 de junho em novo depoimento à Força Tarefa, afirmou que Borba sempre falava em nome do governador. “Douglas Borba sempre foi a pessoa estratégica do governo, estava muito claro. Ele sempre falou em nome do Governador”, disse. Em outra menção de Borba ao governador, Márcia informou que ele fez contato telefônico e lhe disse que as compras relacionadas à pandemia precisavam ser mais ágeis. “[…] o Governo, o Governador jamais iria nos desamparar […]”, teria dito Borba segundo Márcia.

 

Envolvimento do governador

A Força Tarefa destaca que o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) se envolveu diretamente com os trabalhos de enfrentamento à pandemia, estando segundo os investigadores, muito próximo aos acontecimentos relacionados à saúde, em especial das ações para aparelhamento do Estado. Os investigadores lembram que Moisés concedia coletivas diárias à imprensa, onde se mostrava inteirado do assunto.

 

Moisés estava inteirado

As investigações lembram da entrevista coletiva do dia 27 de março, quando também houve a apresentação formal da proposta da Veigamed para a venda dos ventiladores pulmonares, mais conhecidos como respiradores. Após uma pergunta que fiz, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) pede ao então secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, que fale sobre os respiradores. “Temos encontrado bastante dificuldade especialmente no que diz respeito a compras com prazo de entrega a curto prazo, que é o que nós precisamos e isto faz com que o mercado realmente esteja muito aquecido”, respondeu. No dia 30 de março, poucas horas após da concretização da Dispensa de Licitação e emitida a Ordem de Fornecimento por Zeferino, Moisés fala na coletiva sobre o investimento de R$ 76 milhões para o aparelhamento da estrutura de saúde do Estado. Chamou a atenção dos investigadores que ele já inclui no valor, os R$ 33 milhões gastos com os respiradores. Zeferino complementou que para a primeira semana de abril entre os dias 5 e 7, estava prevista a chegada dos aparelhos.

 

Proximidade de Moisés

De acordo com a Força Tarefa, mais um indicativo da proximidade do governador, Carlos Moisés da Silva (PSL), com o processo de compra dos respiradores e de que ele tinha conhecimento sobre a forma que a operação foi realizada, em especial o pagamento antecipado dos R$ 33 milhões à Veigamed, foi a sua participação em um grupo de WhatsApp encontrado no aparelho do ex-secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, denominado “Gestão da Crise Covid 19”. Além de Moisés e Helton, participavam o secretário de Estado da Fazenda, Paulo Eli; secretário de Administração, Jorge Tasca; então secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba; o procurador geral do Estado, Alisson de Bom de Souza e o chefe de gabinete Márcio Ferreira.

 

Troca de mensagens

No dia 28 de abril, quando foi divulgada a notícia sobre a compra dos respiradores junto a Veigamed, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) encaminha no grupo de WhatsApp a cópia da reportagem do The Intercept Brasil e escreve: Agora a SES vai precisar falar sobre o assunto”, e completa:

16h55 – Moisés: Medidas possíveis:

  1. Medida judicial para entrega imediata, bloqueio de bens, reconhecimento de ruptura do contrato, restituição dos valores pagos, responsabilização cível (e/ou criminal);
  2. Responsabilidade administrativa.

 

Discrição sobre o pagamento

No mesmo dia os participantes do grupo discutem sobre a emissão de uma nota oficial para a imprensa. O então chefe da Casa Civil, Douglas Borba, envia a minuta que omite o prejuízo ao Estado de R$ 33 milhões que foram pagos de forma adiantada à Veigamed. Logo após, o secretário de Estado da Administração, Jorge Tasca, questiona se houve o pagamento antecipado e recebe como resposta de Borba, que sim, ao mesmo tempo em que pede discrição em relação a isso. Ninguém no grupo se opôs, nem mesmo o governador Carlos Moisés da Silva (PSL). Para a justiça, os diálogos provam que o governador sabia da compra com pagamento antecipado.

19h47 – Tasca: Houve pagamento antecipado à empresa?

19h48 – Borba: Sim. Manter a discrição em relação a isto.

 

Mal estar

A nota divulgada pela coluna sobre a pré-candidatura do delegado Manoel Galeno a prefeito de São José pelo PL, não caiu bem no grupo ligado ao vereador Clonny Capistrano. Ele não quis falar, somente deixou escapar que esperava uma manifestação do partido a respeito do assunto. Já pessoas próximas a Capistrano, disseram que ele é pré-candidato a prefeito e que boa parte do partido o apoia. “O maior número de candidatos a vereador foi o Clonny que trouxe”, disse uma liderança.

Na coluna exclusiva aos assinantes

– Suposta rachadinha pode virar denúncia contra deputado;

– Reitor da UFFS em Chapecó deve ser incluído no inquérito das fake news

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